𝕮𝖆𝖕𝖎𝖙𝖚𝖑𝖔 22 - 𝕮𝖆𝖛𝖆𝖑𝖔 𝕻𝖗𝖊𝖙𝖔

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''Como pode uma única coisa ser tão complexa e tão simples. Ser a felicidade de um verão ou o ar de décadas. Ser uma mudinha que irá gerar a vida dos sonhos ou uma grande árvore de raízes desgastadas. A mira de tantos poetas que morreram tentando desvenda-lo. O maior mistérios do mundo. 

O amor.''

Ivan Millborn.

Desperto sentindo gotículas frias de água respingarem sobre meu rosto e quando abro os meus olhos lentamente, para me acostumar com a luz matinal que vem da grande janela no início do corredor, vejo um homem em pé na minha frente. Seus cabelos grisalhos bagunçados sobres os olhos desgastados deixam sua cara carrancuda ainda pior.

   — Acorda moleque. Corredor não é dormitório, não. — Nesse momento me atento a dor na costa que dormir nesse chão frio me causou. Me levanto com dificuldade e logo me ponho de frente para ele. — Toma. — O homem me oferece uma xícara de café. Olho para ele com desconfiança e demoro a tomar o líquido preto. — É café forte, para curar a ressaca.

   — Obrigado. — Tomo um gole desse café que não brinca em ser forte e me recomponho em partes. Estou consciente e meu corpo responde aos meus impulsos cerebrais, mas minha cabeça ainda pulsa de dor, um lembrete da noite anterior.

   — Ivan! — Ao fundo do corredor vejo Maggie vindo até mim a passos largos e firmes, enfatizando a pressa estampada em seu rosto que faz seu peito arfar por baixo do macacão de soldado. — O que está fazendo aqui? Devia estar com os outros soldados no portão do Castelo!

   — Ele é um dos soldados da missão? — Pergunta o velho, me olhando de cima a baixo e mostrando os dentes amarelados em uma risada debochada. — Parece que a guarda realmente perdeu seus critérios. — E sem dizer mais nada ele sai de lá junto ao seu carrinho de limpeza e suas risadas desdenhosas.

   — Por quê está aqui? — Questiona ela.

   — Ao que parece, eu dormi aqui. — Esclareço desanimadamente.

   — Você... — Ela para sua fala por uns instantes, mas logo inspira e se vira com tudo para mim. — Por Deus, você bebeu Ivan?! — Agora seu tom de voz está exaltado e alto, me fazendo levar minhas mãos até um dos ouvidos.

   — Só para afogar alguns problemas. — Digo sem me importar com esse mini alvoroço. Ela suspira suavemente.

   — Problemas são como muralhas, Ivan. Impossíveis de se ignorar, capazes de se ultrapassar. Acabe com eles antes que eles acabem com você.

   — Ok, já captei a lição de moral.

   — O que você bebeu?

   — Não lembro o nome. Calardi... Palordi... — Nesse momento seus olhos esmeralda se arregalam e sua boca se abre em surpresa.

   — VOCÊ BEBEU UM BACARDI 151?! VOCÊ É LOUCO? IVAN ESSA BEBIDA É 75% ÁLCOOL, NEM EU BEBO ISSO!

   — Ok, calma! Eu vacilei, não precisa surtar.

   — VOCÊ ME CANSA, SABIA? — Ela bufa para se acalmar e pega em meu pulso, me levando pelo enorme corredor de pedras até as escadas. Aparentemente arrastar as pessoas para os lados é costume nessa família. — Lucy deve estar preocupada com você.

   — Eu duvido muito. — Digo virando meu rosto para que ela não me encare em busca de explicações.

   — Vocês brigaram? — Parece que minha tentativa de acabar com essa conversa foi em vão.

   — Sim, e feio.

— Bem, isso explica o mau humor dela essa manhã. Recomendo, então, que não olhe para ela, o mínimo gesto vindo de você seria o suficiente para ela te matar, ainda mais com a marca dela agora.

Irmãos da RosaWhere stories live. Discover now