capítulo 50: situação inquietante

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Brandon

Aproveito a tarde de sábado para visitar a lápide do meu avô.

Estaciono o carro e sigo calmamente pelo cemitério enorme até chegar onde desejo.

Observo a lápide com os dizeres — Aqui jaz um homem de caráter admirável. Que descanse em paz! – e solto um suspiro antes de dizer:

— Vovô Donald, eu tenho que pedir perdão por algo. Sabe aquele pedido que o senhor fez antes do... acidente? Bom, eu meio que falhei em cumpri-lo. Eu não fui um cara bom. Eu errei pra caramba na verdade. — encaro sua foto, e nela meu avô parece animado. — Mas agora estou correndo atrás do prejuízo. E tudo graças a ela. Jéssica é o nome dela, vô. — sorrio ao dizer. — Ela é linda e me ensinou a ser bom outra vez. Eu mudei muito. Me tornei uma pessoa melhor.

Uma brisa fria me envolve, então continuo:

— Mesmo que seja um pouco tarde para cumprir minha missão de ser bom, o que vale é a intenção, certo? E estou gostando dessa mudança. — murmuro satisfeito. — Espero que o senhor esteja me olhando aí de cima e fique orgulhoso. — encaro o céu. — Obrigado por ter feito parte da minha vida. E espero que um dia possamos nos reencontrar.

Ao terminar de dizer isso e muitas outras coisas, percebo que surpreendentemente já está anoitecendo. Como vim para cá meio tarde, isso não é estranho.

— Até logo, vovô Donald. Tenho que ir, pois já está meio tarde. — com as mãos nos bolsos, sigo até o carro e deixo o cemitério em uma velocidade razoável.

Não demoro a chegar à minha casa e logo arranco minhas roupas e tomo um banho demorado. Depois visto uma calça jeans e camiseta escura antes de decidir checar meu celular.

No mesmo instante ele começa a tocar em minha mãe com uma chamada de Jéssica.

Sorrio ao atender. — Oi, amor. Já está com saudade de mim?

— Muitas. — murmura animadamente, mas não deixo de notar algo estranho em sua voz.

Jéssica tem estado estranha desde alguns dias e isso tem me incomodado. Sempre noto certo nervosismo em sua voz e me segurei por todo esse tempo sem perguntar nada. Até agora.

— Jéssica, o que está havendo?

— O que... eu... do que você está falando?

Franzo o cenho.

— Se alguma coisa estiver errada, me fale, ok? Eu tenho notado algumas coisas estranhas já faz alguns dias.

— É que... Brandon... — suspira. — Preciso te falar uma coisa.

Mesmo querendo saber o que ela tem a falar, fico apreensivo. Espero que não seja muito grave.

— Pode falar. — eu me aproximo da janela, observando a paisagem lá em baixo. Henry acabou de passar pelos portões com o seu carro.

— Eu... como digo isso? Brandon... recebi uma ligação, digamos, inusitada.

— De quem? — questiono preocupado.

Ela hesita um pouco antes de soltar a bomba:

— De Esteban.

Por muito pouco não solto um xingamento de pura raiva.

Merda, depois de tanto tempo...

— O que... o que ele queria?

— Nem passou pela minha cabeça que ele ia dar notícias outra vez, e eu estava na sala quando o nosso telefone fixo tocou dias atrás. Era ele. Fiquei tão nervosa que passei a ligação para minha mãe.

— E o que ele queria?

— Dinheiro.

Cerro a mandíbula, tomado pela raiva. Eu já devia saber que esse verme não estava ligando por sentir falta de sua família, ele era apenas um pilantra.

— Quanto?

— 10 mil dólares

É uma quantia absurda.

— Esse cara é maluco! Como ele pode exigir tudo isso? A gente tem que dar um jeito de chamar a polícia...

— Não, ele disse que...

— Disse o quê? — fico ainda mais preocupado.

— Que tem amigos que podem machucar a mim e minha mãe se a gente chamar a polícia. — aperto o celular, imaginando que é o pescoço de Esteban. — Ele inclusive disse que tem alguém nos vigiando para o caso de querermos nos esconder em outro lugar. Outro dia eu tive a sensação de que estava sendo seguida. Agora eu realmente acredito em suas palavras. Esteban é perverso.

— Caralho! — exclamo e não hesito antes de dizer: — Eu pago. Me passa a conta desse verme.

— Não, Brandon. Não precisa.

— Claro que precisa. Ou esse desgraçado pode machucar a você e sua mãe. Eu posso pagar. Dinheiro não é problema para mim, lembra?

— Eu sei, mas não quero abusar da sua bondade. Eu me sentiria horrível. A não ser... a não ser que fosse um empréstimo.

Bufo.

— Nada de empréstimo, Jéssica. Eu dou o dinheiro. Pelo menos para segurar seu pai por um tempo até eu dar um jeito de mantê-lo longe de vocês definitivamente.

— Mesmo assim... — meu peito se aperta de preocupação quando ela choraminga. — O prazo já acabou.

— Que prazo? — murmuro nervoso.

— O prazo para depositar o dinheiro na conta... desculpa por não ter te falado desse problema antes. Fiquei com tanto medo. Esteban disse que se não pagássemos dentro do prazo, ele viria buscar a quantia pessoalmente, mas até agora ele não apareceu e...

Um forte barulho de vidro se quebrando a interrompe.

— O que foi isso? — questiono alarmado.

— Não sei. Foi lá embaixo. Eu tenho que ver.

E depois disso ela não diz mais nada.

Meu coração acelera pra caramba.

O que está acontecendo?

— Jéssica? Responde, Jéssica! — grito, mas sei que ela não vai ouvir.

🔥🔥🔥

Até breve!

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