Capítulo 73 - Uma cama.

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Maika

— O que você quer?

— Tá frio e a lenha acabou. — Falei. A mais pura verdade. E a verdade que eu mais gostei de dizer.

— E você decidiu dormir aqui. — Assenti mesmo que não fosse uma pergunta. E vi sua mão apertar a lateral da porta. — Entra. — Abriu espaço e esperou que eu passasse por ele. Quando o fiz, ele fechou a porta novamente. — Fica à vontade. — Falou simplesmente e voltou pra sua cama. A temperatura ali dentro já era de longe mais agradável. Andei rodeando a cama e subi do outro lado. Pether me olhou de soslaio e puxou sua coberta pra cima dele quando eu fiz a mesma coisa. Ele virou para o outro lado e eu me enrolei na minha coberta, me aproximando de suas costas e colocando a coberta dele sobre a minha. — Você é bem friorenta, não é? — Ele resmungou.

— Odeio frio. E minha resistência é bem menor no inverno. — Decidi encostar a testa nas suas costas e acabei inalando seu cheiro delicioso. Meu coração ainda batia acelerado, mas eu estava fazendo meu melhor.

— Você bebeu? — Ele deve ter sentido o cheiro.

— Um pouco. Junto com Celine. — Lentamente me acomodei mais perto dele. Coragem. O silêncio se estendeu e sua respiração permaneceu calma. Um silêncio que eu não sabia dizer se era agradável ou desconfortável, mas eu não ousei sair dali ou me auto sabotar.

— Maika... Por que você iria tão longe com aquela ideia idiota? — Permaneci em silêncio. Não queria falar sobre isso. Preferia ficar em silêncio do que falar sobre isso agora. Não queria falar sobre solitários ou sobre Kendall, não agora. — Se é porque acha que me deve um favor, esqueça. Você não me deve. E nunca vai.

— Estou fazendo porque eu quero. — Respondi rapidamente. Isso. Continue. — Por você. — Coragem loba. Ele ficou em silêncio por alguns segundos. Notei sua respiração mudando levemente do ritmo anterior. Mais lenta, e concentrada.

— Aquela conversa que tivemos de manhã... Sua pergunta... — Apertei os olhos. Não me responda. Eu não quero saber. — Eu não te achei deprimente quando te vi, muito menos senti pena de você. Não sei da onde tirou essa ideia. — Minha respiração ficou travada por um segundo e apertei meus pés um contra o outro. — Eu só notei que você parecia apavorada o suficiente naquele momento. E eu me senti extremamente incomodado com isso. Mas nunca te achei deprimente, muito pelo contrário. — Ele falou baixo e eu encostei meu nariz nas suas costas. Aliviada.

— Obrigada. — Falei.

Senti ele se virando pra mim e meu coração errou uma batida com a proximidade que eu tinha agora de seu peito. E provavelmente ele ouviria meu coração batendo mais rápido.

— Não me agradeça. — Sua voz soprou minha franja. Um tom muito baixo. Embargado. — É só a verdade.

— Agradeço por dar uma resposta. — Meu nariz estava a um centímetro da sua camisa. Cheiroso e quente como o inferno...

— Era tão importante você ouvir isso de mim? — Assenti com a cabeça, mas depois que fiz, pensei se ele ia realmente entender. Não me importei, no entanto. Puxei minhas mãos para perto da boca e soprei para esquentá-las mais. — Estava tão frio lá fora pra você vir aqui? — Assenti novamente e esfreguei minhas mãos acomodando elas entre nós dois. Ouvi um suspiro dele e senti sua mão pousar sobre elas. Ele segurou e massageou fazendo um casulo quente e aconchegante com elas. E eu fechei os olhos apreciando a temperatura. — Merda, podia ter vindo antes, então. Tá igual uma pedra de gelo. Podíamos ter trocado de lugar desde o início se você tivesse aceitado.

A LUA, O CAOS E A LIBERDADE [+18]Where stories live. Discover now