Maika
— O que você quer?
— Tá frio e a lenha acabou. — Falei. A mais pura verdade. E a verdade que eu mais gostei de dizer.
— E você decidiu dormir aqui. — Assenti mesmo que não fosse uma pergunta. E vi sua mão apertar a lateral da porta. — Entra. — Abriu espaço e esperou que eu passasse por ele. Quando o fiz, ele fechou a porta novamente. — Fica à vontade. — Falou simplesmente e voltou pra sua cama. A temperatura ali dentro já era de longe mais agradável. Andei rodeando a cama e subi do outro lado. Pether me olhou de soslaio e puxou sua coberta pra cima dele quando eu fiz a mesma coisa. Ele virou para o outro lado e eu me enrolei na minha coberta, me aproximando de suas costas e colocando a coberta dele sobre a minha. — Você é bem friorenta, não é? — Ele resmungou.
— Odeio frio. E minha resistência é bem menor no inverno. — Decidi encostar a testa nas suas costas e acabei inalando seu cheiro delicioso. Meu coração ainda batia acelerado, mas eu estava fazendo meu melhor.
— Você bebeu? — Ele deve ter sentido o cheiro.
— Um pouco. Junto com Celine. — Lentamente me acomodei mais perto dele. Coragem. O silêncio se estendeu e sua respiração permaneceu calma. Um silêncio que eu não sabia dizer se era agradável ou desconfortável, mas eu não ousei sair dali ou me auto sabotar.
— Maika... Por que você iria tão longe com aquela ideia idiota? — Permaneci em silêncio. Não queria falar sobre isso. Preferia ficar em silêncio do que falar sobre isso agora. Não queria falar sobre solitários ou sobre Kendall, não agora. — Se é porque acha que me deve um favor, esqueça. Você não me deve. E nunca vai.
— Estou fazendo porque eu quero. — Respondi rapidamente. Isso. Continue. — Por você. — Coragem loba. Ele ficou em silêncio por alguns segundos. Notei sua respiração mudando levemente do ritmo anterior. Mais lenta, e concentrada.
— Aquela conversa que tivemos de manhã... Sua pergunta... — Apertei os olhos. Não me responda. Eu não quero saber. — Eu não te achei deprimente quando te vi, muito menos senti pena de você. Não sei da onde tirou essa ideia. — Minha respiração ficou travada por um segundo e apertei meus pés um contra o outro. — Eu só notei que você parecia apavorada o suficiente naquele momento. E eu me senti extremamente incomodado com isso. Mas nunca te achei deprimente, muito pelo contrário. — Ele falou baixo e eu encostei meu nariz nas suas costas. Aliviada.
— Obrigada. — Falei.
Senti ele se virando pra mim e meu coração errou uma batida com a proximidade que eu tinha agora de seu peito. E provavelmente ele ouviria meu coração batendo mais rápido.
— Não me agradeça. — Sua voz soprou minha franja. Um tom muito baixo. Embargado. — É só a verdade.
— Agradeço por dar uma resposta. — Meu nariz estava a um centímetro da sua camisa. Cheiroso e quente como o inferno...
— Era tão importante você ouvir isso de mim? — Assenti com a cabeça, mas depois que fiz, pensei se ele ia realmente entender. Não me importei, no entanto. Puxei minhas mãos para perto da boca e soprei para esquentá-las mais. — Estava tão frio lá fora pra você vir aqui? — Assenti novamente e esfreguei minhas mãos acomodando elas entre nós dois. Ouvi um suspiro dele e senti sua mão pousar sobre elas. Ele segurou e massageou fazendo um casulo quente e aconchegante com elas. E eu fechei os olhos apreciando a temperatura. — Merda, podia ter vindo antes, então. Tá igual uma pedra de gelo. Podíamos ter trocado de lugar desde o início se você tivesse aceitado.
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A LUA, O CAOS E A LIBERDADE [+18]
WerewolfCONCLUÍDA ✓ ✨Eu não ia continuar naquele lugar. Vivendo como se estivesse morta. Sem sentir, sem me mostrar de verdade. Viver como submissa para um Alpha que pra mim já estava morto. Isso não era do meu feitio. Eu era dominante, tão dominante quanto...