Capítulo 19

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Helena

Eu me sentia viva, segura, protegida, amada...

Eram sentimentos que eu não tinha há um bom tempo.

Estar deitada na cama de Nikolas, sentindo-me aquecida, fez com que um sorriso surgisse no meu rosto enquanto despertava.

Abri os olhos lentamente, enquanto os sons do quarto faziam com que eu despertasse cada vez mais. Ouvi a porta rangendo e senti que alguém havia sentado na cama.

— Bom dia, minha Bela — a voz grossa e gostosa de Nikolas invadiu meus ouvidos, fazendo com que um sorriso se ampliasse no meu rosto.

Eu não havia sonhado com aquela noite, ela realmente tinha acontecido.

— Bom dia — minha voz saiu mais fraca do que eu queria, mas foi suficiente para aquele momento.

Virei-me na direção de Nikolas, deparando-me com ele apenas de calça de moletom, sem camisa e segurando uma bandeja de café da manhã sobre a cama. Coloquei-me sentada, enquanto meu sorriso se ampliava ainda mais.

— Espero que tenha dormido bem, e que esteja disposta. — Ele se inclinou para mim, dando-me um beijo leve e se afastou rapidamente. — Trouxe um café da manhã para repor suas energias.

A bandeja estava linda, com frutas, pão, café, suco, e um pequeno vaso com uma flor rosa, delicada. Peguei-a e levei-a ao nariz, sentindo seu aroma.

— É muito linda. E cheirosa.

— É um cravo. Sabe o que ele significa? — Neguei com a cabeça, encarando Nikolas e esperando sua resposta. Ele tirou a bandeja da cama, colocando-a sobre o chão e voltou para a cama, ficando de frente para mim, olhando-me nos olhos. — Significa boa sorte, bênçãos e vitórias.

Nikolas colocou uma mecha do meu cabelo que caía no rosto por trás da orelha. Seu movimento era tão delicado enquanto me encarava, que eu perdi o fôlego enquanto o olhava.

— Você é a minha boa sorte, Helena. E a cor rosa, simboliza a gratidão.

Sem dizer nada, puxei-o para mim. Eu não saberia como agradecer, como dizer que Nikolas era a minha bênção. Então estar ali, em seus braços, seria a forma de agradecer, dizer que ele também era a minha sorte.

Entendendo isso, Nikolas foi se colocando sobre mim, enquanto eu ficava deitada sobre a cama. Seus dedos passeando por todo meu corpo, chegando à minha intimidade, massageando-me, vendo o quanto eu estava me entregando.

Ficamos enrolados na cama por um bom tempo, tomando café da manhã e alternando com mais alguns beijos e outras coisas.

Saímos da cama perto do horário do almoço, e Nikolas fez questão de me levar à estufa. Caminhamos de mãos dadas até chegar lá.

Eu não havia ido mais para aquele lugar, mas era como me sentir em casa no meio de tantas flores e aromas. Nikolas parecia saber exatamente onde me levar, passando por algumas mudas recém-plantadas. Subimos uma escada para o segundo andar da estufa e depois até uma parede do lado direito.

Ele pegou uma bandeija com algumas mudas, e uma com a mesma, mas já em fase maior.

Nikolas voltou a pegar outro vaso, desta vez com algumas flores maiores. Elas eram lindas, com as pétalas rosadas, como o cravo que ele havia me dado. Tinha uma aparência de rosa, mas era mais fechada, e o perfume que exalava era uma delícia.

— São Peônias. — Ele tirou uma das flores, e delicadamente colocou atrás da minha orelha, dando um sorriso de lado assim que conferiu o resultado. — Eu pensei em ser a base do seu perfume, já que o cheiro delas me lembram o seu.

— São... Lindas — minha voz saiu em um fio, por conta da emoção. — Eu amei.

A flor era linda, o cheiro era demais, tudo era perfeito.

Nikolas pegou minhas duas mãos, levando cada uma à boca enquanto eu respirava fundo. Aquele homem não podia existir, ele era perfeito.

Mas eu tinha que voltar à minha realidade também, infelizmente.

— Eu vou ter que ir embora.

Ele fez um bico, como se ficasse muito chateado com o que eu estava dizendo.

— Não dá para ficar mais um dia? Só mais uma noite.

— Eu preciso das minhas coisas, não posso ficar aqui apenas deitada na sua cama o dia todo.

— Isso não seria uma má ideia. — Ele me puxou para si, abraçando-me.

— Eu adoraria, mas realmente preciso ir, tomar um banho, descansar. Alías, volto a trabalhar na segunda-feira.

— Eu sei. Mas já estou ansioso que ela chegue.

Nikolas pediu para que um homem, que ele disse ser seu motorista quando precisava, a quem confiava me levar, já que eu havia ido com Flávia e não com meu carro. Esperamos que o moço chegasse, e logo simpatizei com ele. Era uma pessoa simples, que morava em uma comunidade vizinha e cumprimentou Nikolas como se fossem velhos amigos.

No caminho fui conversando com ele, descobrindo que morava muito perto, mas que já fazia parte de outro município. Ele passou metade do caminho elogiando Nikolas e a outra metade querendo saber o que eu era dele.

Eu não poderia responder suas perguntas, mas deixei nas entrelinhas que era namorada, já que ele mesmo havia dito para sermos um casal.

Fui deixada na porta de casa, e seu Roberto, o motorista, saiu assim que saltei.

Eu tinha consciência de que estava com um sorriso no rosto, pensando na noite maravilhosa que havia passado com Nikolas e não me dei conta de que uma pessoa entrara na minha frente, fazendo com que eu trombasse com ela.

Era um corpo magro, tanto que os ossos chegaram a doer quando bateram em meu corpo. Antes que eu pudesse me afastar, mãos grandes me seguraram pelas costas e eu olhei para cima, deparando-me com Everton com um sorriso no rosto enquanto me encarava de volta.

— Cuidado por onde anda, linda.

A Herdeira e a FeraOnde as histórias ganham vida. Descobre agora