Me and Violet

Pilots

Pov Camila Cabello

A manhã está calma, as nuvens estão cinzas deixando o céu sem vida. E eu estou prestes a me enterrar nesta cama e não sair para mais nada neste dia calmo de aparência chuvosa, não que eu não goste de uma dia azul ensolarado, mas convenhamos que um dia como este é perfeito para ficar na cama por algumas horas a mais do que de costume.

Prazer, Camila Cabello, tenho 16 anos e posso dizer que estou conformada com a vida que levo.

Meus pais se divorciaram à mais de 5 anos, desde então meu pai não me procura e eu muito menos procuro por ele. Já minha mãe ficou com minha guarda e a de Sofi, minha irmãzinha de apenas 6 anos de idade. Desde então minha mãe trabalha dobrado para manter nosso apartamento aqui no Brooklyn, não é algo luxuoso, mas é bem espaçoso e bonito. Tenho pena de mamãe, ultimamente ela tem chegado tarde e quase não conversamos, não como antes, ela sempre chega cansada e seu rosto está com as expressões tão sem vida, são tantas olheiras, e ela tem emagrecido constantemente.

Eu me sinto sozinha as vezes, mas logo penso que estou sendo egoísta, por tal pensamento. Imagino todo o esforço que mamãe faz para nos ver bem, não posso simplesmente culpa-la por algo que ela não tem culpa. Mas mesmo assim, eu ainda sinto a maldita solidão.

Minha relação com meu pai nunca foi baseada em amor e carinho, muito pelo contrário, ele nunca possuiu nenhum tipo de afeto por mim. Ele sempre me batia por coisas banais e quando minha mãe interferia ele sempre batia nela também, acho que isso deve-se a minha intersexualidade, ele nunca lidou muito bem com isso.

Lembro-me muito bem até hoje de quando recebiamos alguns amigos dele em casa, ele sempre me falava para não chama-lo de pai em frente às visitas, era apenas " tio " ou algo do tipo, ele tinha vergonha de mim, na verdade ele sempre culpou à mim e a mamãe por ele não ter realizado os sonhos dele, como ser bem sucedido e ter a carreira que ele tanto sonhou, mas isso não foi para frente porque logo ele teve que largar a faculdade por conta da gravidez da mamãe.

Quando eu tinha apenas 7 anos de idade, nos mudamos para um condomínio bonito e o nosso apartamento era um dos últimos, tipo bem lá no alto mesmo. Lembro que mamãe trabalhava feito louca enquanto ele era um completo vagabundo desempregado, apenas usufruia do nosso dinheiro, sempre gastando com coisas desnecessárias como o carro idiota dele, bebidas e mulheres. Sempre que eu saia da escola eu ficava no estacionamento do prédio com as outras crianças nos divertindo . Chegava a hora do jantar e todas iam embora, mas com exceção à mim, eu ficava sentada na bancada que tinha ao lado esperando minha mãe chegar do trabalho, eu nunca ficava sozinha com ele em casa, NUNCA! Pois houve uma vez em que eu estava brincando, mas logo resolvi ir para casa, eu fui em direção ao elevador, mas ele estava ocupado. Fui em direção às escadas e logo me deu uma vontade louca de fazer xixi, quando cheguei em frente à minha porta não aguentei, fiz minha necessidades ali mesmo e nas calças. Quando papai me viu naquele estado ficou furioso, naquele dia ele me bateu tanto que eu não segurava em pé, fiquei chorando até quando mamãe voltou do trabalho, quando ela me viu naquele estado desabou a chorar também. Esse será um dos dias em que eu jamais me esquecerei, pois eu ainda sinto toda a dor.

- Bom dia, querida - mamãe disse com um belo sorriso ao entrar em meu quarto - Você poderia levar Sofia para a escola? Estou atrasada e em poucos minutos tenho que estar no meu local de trabalho.

- Tudo bem, mamãe, vou apenas tomar um banho - levantei da cama e fui em sua direção, dando -lhe um beijo e um abraço caloroso - até mais tarde.

Tomei um banho rápido pois eu também teria que ir para a escola, e digamos que de passagem eu também já estava atrasada. Faço parte do segundo ano e não vejo a hora de terminar o ensino médio, digamos que eu não sou adapta a aquele lugar e muito menos as pessoas.