Capítulo 47

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Celeste

Eu acordei, piscando, uma puta dor de cabeça vindo no ato.

Dez garrafas de vinho na goela, o que eu queria?

Então parei, ouvindo a voz de Rhysand na cama, ele estava conversando comigo.

Esse Satanás é doido pra conversar com alguém dormindo?

Esse homem tem cá fetiche estranho... Que se houvesse terapia aqui eu botava ele e ia em seguida.

Eu fiquei quieta, não demonstrando que acordei, minha respiração calma e serena, tentando escutar como a boa fofoqueira que sou o que ele estava me dizendo.

— Queria tanto que me perdoasse. —sussurrou— eu reconheço, reconheci desde que partiu o desgraçado, infeliz e indigno de tudo que eu sou pelo o que eu te fiz. Mas... Mas eu estava cego...

Uma pausa e ele fungou, ele estava chorando.

— Não sei o que me deu para me afeiçoar a aquela humana pelos livros, achei até mesmo que aquele miserável estava enfeitiçado, pensei nisso por muitos anos... Algo em mim entrou em uma defensiva que eu não reconhecia, algo em mim dizia que você estava desarrumando tudo o que aquela história iria me dar, mas meu outro lado lutava para este morrer e eu poder continuar contigo.... A mãe é uma puta com os seus jogos, e eu me neguei tanto a ouvir aquele lado defensivo, que então decidi que te amaria a cada dia para que eu esquecesse o lado que queria a humana sem motivos, e o meu lado que te queria, que ainda quer, que é muito maior, permanecesse vivo. Mas... Mas eu não percebi que estava te machucando, a cada noite eu tenho pesadelos com isso, com o que te fiz, com quantas vezes você se deitou comigo apenas pelo o que o suriel te falou.

Uma pausa, um soluço baixo.

— Eu sou pior do que o meu pai. —choramingou— eu que ao primeiro tapa que o vi dar em minha mãe jurei nunca tocar uma mulher daquela forma, nunca maltratar a minha companheira, a minha parceria, a minha igual, que jurei ser fiel e aquele que sempre perguntaria o que ela sentia o que queria.

Um suspiro.

— Mas que merda. —soluçou baixo— sob a montanha, muitas coisas que aconteceram em nosso casamento veio átona, e eu te juro, a cada golpe dentro daquela vadia, no fim, eu estava soluçando em um quarto.

Um inspirar fundo.

— Ser a vadia de Amarantha foi pouco para eu ser castigado pelo o que te fiz. —ele sussurrou— por isso tantas vezes eu fazia por merecer os castigos dela, para que eu sentisse mais dor do que já sentia, queria me destrur lá dentro.

Eu fechei os olhos lentamente, uma lágrima escorrendo.

— Tentei tirar minha vida mais de uma vez, para me juntar a você. —sussurrou— mas nunca conseguia, quando o iria terminar, eu pensava em nossos filhos, Celeste , se eu mudei, foi por mim, eles e você.

Senti uma carícia em meus cabelos.

— Se algum dia me perdoar, se algum dia me der a chance de ser teu novamente e fazer tudo diferente, meu amor, eu garanto, que a primeira lágrima que você derramar por minha causa eu irei passar uma lâmina em minha garganta, é o mínimo castigo que terei de fazer para isso. -falou de baixinho.

Eu me movi e Rhysand xingou, ouvi um baque surdo e o grão-senhor havia caído da cama, pelo o susto.

— Merda, você estava acordada. -ele levou as mãos ao rosto.

Eu o encarei, por minutos, até ele tirar as mãos do rosto e me encarar de volta.

— Ouviu tudo, não foi?

Corte De Mundos OpostosOnde as histórias ganham vida. Descobre agora