Parte 2 | Sasuke Uchiha

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— Você não vai! Sua família inteira vai se queimar pelas merdas que você fez, seu idiota!

— Lidar com a excitação da mídia não é meu trabalho, meu trabalho é bancar seus charutos importados e manter os bilhões que você gosta tanto de exibir.

Ele hesita em me responder, e eu rio alto.

— Você parece tentar de todas as formas perder tudo que temos.

— E que você vai fazer sobre isso, Fugaku? Me tirar da presidência da empresa que eu criei?

O rosto do meu pai se contorce em ódio e sorrio, venenoso. Não importa o quanto ele me deteste, o quanto deteste essa família e como as coisas funcionam, ele não irá embora, não abandonará tudo o que tem aqui, e para manter as coisas que tanto ama, terá que me engolir.

— Não me espere acordado.

Quando coloco um pé para fora da imensa mansão Uchiha, um dos vasos italianos que decoravam a entrada explodiu contra a parede.

— Precisa melhorar a mira, Fugaku, minha cabeça está um pouco mais a direita.

Não me dei o trabalho de o encarar ou me preocupar com a bagunça que ele estava fazendo para aliviar sua raiva, depois Itachi me ligaria contanto detalhadamente o caos que abandonei, pedindo que eu maneirasse nas provocações antes que nosso pai infartasse e nossa mãe fosse em seguida por preocupação.

Por essa e outras coisas, meu celular permanecesse desligado.

— Senhor Uchiha, já está tudo certo para sua viagem, você estará em Nova York as nove da manhã.

Não respondo nada, apenas sinalizo para que a ela entre no carro. Apesar do que eu faço parecer, a viagem para os EUA é e não é sobre negócios, posso dizer que está mais próximo de um acerto de contas.

Nos últimos anos uma empresa surgiu do completo nada, com um homem, uma proposta interessante e uma família exemplo de fundo, tomando o lugar de antigas potências nos Estados Unidos, quase monopolizando o mercado em tempo recorde, e a única que ainda não alcançaram era o Conglomerado Uchiha e não acredito que possam me alcançar.

Mesmo assim, a sensação de que eu poderia levar um bote estava me atormentando tanto que não via escolha melhor do que vir lidar com ele pessoalmente.

Naruto Uzumaki.

Quando lembro do menino que conheci no fundamental, não passou pela minha mente em nenhum momento que ele poderia se tornar meu concorrente. Ele era muito agitado, desatento e tinha péssimas notas, nunca pareceu do tipo focado e persistente.

O garoto que eu conheci em Konoha não seria o homem de ouro americano.

Mesmo assim ele estampava uma revista atrás da outra, sorrindo inocentemente, discursando sobre amor e família, como se só essas duas coisas o tivessem feito ter uma das maiores empresas da América, se não do mundo. Não há uma matéria falando de deslizes que tenha cometido, um frase mal interpretada que tenha dito.

Isso é impossível! Até o mais religioso alguma vez já dormiu sem rezar, não é possível que Naruto Uzumaki seja perfeito, um exemplo da cabeça aos pés. Esse tipo de pessoa sempre esconde os maiores podres, segredos obscuros, passados vergonhosos e erros monumentais, todos acobertados com dinheiro.

É isso que eu estou indo fazer nos Estados Unidos, mostrar que o mundo dos negócios é o inferno, e nele anjos são incapazes de existir.

- * -

Durante 14 horas eu não fui capaz de descansar, por um minuto se quer.

Tentei me enganar sobre o motivo do meu corpo estar tão tenso, mas a verdade, mesmo que tremendamente vergonhosa, é que eu estou genuinamente preocupado. E a minha secretária sabia, desconfio que está ciente disso a mais tempo do que eu mesmo, porém se mantém calada.

Essa preocupação é como um arrepio insistente da base da espinha até a nuca, uma presença pesada as costas esperando o mínimo vacilo para me derrubar. Essa sensação me persegue a mais tempo do que eu considero razoável e conforme nos aproximávamos dos Estados Unidos pior fica.

É quase como se ele exalasse presença por um país inteiro, uma força silenciosa avisando a todos que esse é o seu domínio. Isso pode funcionar com os outros, mas não é o suficiente para me assustar.

Não importa o quão grandiosa seja sua presença, a minha ainda é maior. Perto de mim, o grande predador americano é apenas um gatinho.

Espero que ele esteja preparado.

Em uma tentativa de relaxar, saio da poltrona me servindo de uísque e deito no sofá, de frente para Karin. A mulher de cabelos vermelhos não usou nem um segundo do seu tempo para me encarar, e continua concentrada no que tanto fazia no computador.

Karin é certamente a única mulher e Uzumaki da qual eu suporto. Nos conhecemos na adolescência, e apesar das desavenças e a paixão platônica de Karin da época, acabamos nos entendendo.

Ela é prima de primeiro grau de Naruto e demorou um tempo para eu soubesse, e se ela não tivesse comentado sobre isso comigo um dia, provavelmente passaria a vida toda sem ao menos desconfiar da ligação sanguínea dos dois.

— Uzumaki.

— Não estou com tempo, Uchiha. — Reviro os olhos, virando o líquido âmbar de uma vez só.

— Eu sou seu chefe, te pago para ter tempo para mim.

— Você não me paga o suficiente para encarar seus dramas.

— Te pago mais do que eu deveria.

— Não vejo como isso impede que eu tenha um aumento. — Mesmo estando, aparentemente, negociando seu novo aumento, Karin não tirava o olho da tela, ou o que ela fazia é excessivamente importante ou estava realmente sem paciência. Talvez fosse um pouco dos dois.

Curioso e entediado, pergunto para a ruiva o que tanto faz no computador.

— No que está trabalhando? — O olhar que Karin me deu fez com que eu me arrependesse imediatamente de ter perguntado.

— Estou falando com a secretária de Naruto. — Ela estava mentindo, pelo menos em partes.

Conhecendo a mulher a pelo menos 15 anos, sabia por que está evitando me dizer toda a verdade: não tem a necessidade de contar o que eu já sei.

Karin é prima de Naruto, já foi muito ligada a família, mas depois que o loiro pegou suas coisas e foi com os pais para os Estados Unidos, perdeu contato com todos, até mesmo com Nagato que em teoria ainda mora no Japão, mas passa mais tempo em aviões do que na própria casa. Pelo menos é a história que conheço.

Não precisa ser um gênio para saber que ela aproveitaria essa situação para tentar se reaproximar, mesmo o momento seja péssimo, já que trabalha para o homem que está tentando acabar com sua família.

Faz muito tempo que não sinto esse peso no peito.

— Desculpe, Karin. — Pela primeira vez em horas, ela ergue o rosto e me encara nos olhos. Um sorriso estampa seu rosto.

— Não me confunda com você Sasuke, não sou sentimental a esse ponto, meu trabalho não tem nada a ver com a minha família.

— Depois me chama de insensível.

— Você não é insensível, é mimado.

Entre gargalhadas, o avião pousa. Chegamos a Nova York.

Homens de Negócio [em revisão]Où les histoires vivent. Découvrez maintenant