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20 anos atrás - Midvale







Para todos, o som das águas batendo na encosta da praia e voltando já era costumeiro, mas para Alura sempre seria como a primeira vez. A primeira ponta dos pés molhadas. A primeira troca de sais minerais. A primeira migração de aves e animais marinhos. O primeiro raiar de sol. O primeiro por do sol. E o primeiro amor.


Foi em uma comum tarde de verão ensolarada em Midvale que Alura conheceu aquele que pensava ser seu amor para toda vida. Cabelos médios grisalhos, barba da mesma cor e seu corpo denunciava que ainda estava em boa forma. Assim como Alura, ele também lia um livro sentado na mesa ao canto bebendo um café, mas de vez em quando olhava em volta como se soubesse que estava sendo observado.

E foi assim durante uma semana.


Naquela sexta-feira a noite, Alura olhou por cima de seu livro e sentiu suas bochechas esquentarem ao perceber que foi pega no flagra pelo homem do outro lado, que lhe sorriu tímido. A mulher rezou internamente esperando que o barulho de passos se aproximando não fosse dele. Entretanto, a vida contrariou seus pedidos e a cadeira a frente se arrastou e uma presença foi imposta.

Alura não soube dizer, porém pela pequena aproximação pôde sentir uma áurea esquisita a rondar, mas resolveu ignorar pensando que poderia ser o vento. E olhando para os olhos daquele a sua frente, ela sentiu seu estômago revirar em borboletas e suas mãos suava sem nenhuma razão, mal o conhecia. Alura pensava que o azul do mar era sua cor favorita, mas os olhos expressivos a sua frente lhe diziam que esse azul seria o seu novo favorito.

- Desculpa se atrapalho sua leitura, mas qual o nome da bela mulher que anda me olhando por uma semana? - Sua voz era grossa, mas gentil.

- Alura Zor-el. - Respondeu tímida e abaixou seu livro. - Seria justo o senhor me dizer o seu?

- Mais do que justo. Eu sou mais que um rosto bonito. - Sorriu galanteador fazendo as bochechas de Alura ficarem mais vermelhas. - Meu nome é Joel.

- É um prazer conhecer você Joel. - Eliza respondeu sem gaguejar e comemorou internamente.

- Tenho certeza de que o prazer será todo seu, Alura.

Ambos sorriram sem notar que suas mãos tocavam uma a outra como uma promessa de que aquilo nunca acabaria.





20 anos atrás - Nova York


Alura sentia em seu coração a sensação ruim de que algo iria mudar sua vida para sempre, como se algo fosse acabar aquela noite. E naquela noite, Joel chegou da viagem de trabalho cansado, exausto, parecia que não dormia há dias. Alura mais uma vez, sentiu seu coração se apertar. Ambos sentaram no sofá de frente a Tv e se olharam sem saber quem iria começar primeiro.

Alguns minutos de silêncio depois, o homem segurou a mão de Alura fortemente e a beijou carinhosamente. Já era hora de voltar, e deixar a mulher que mais amou era tão difícil quanto matar seu pai. Ele preferia mil facas em seu corpo do que quebrar um coração tão bondoso e gentil que lhe aceitou sem questionamentos. Mas era para a segurança de todos, principalmente de Alura e sua progenitora.

- Há dois anos, nos conhecemos em um pequeno quiosque a beira da praia, lembra? - Sorriu nostálgico.

- Foi o melhor dia da minha vida.

A Retaliação dos Esquecidos - SUPERCORP/KARLENATahanan ng mga kuwento. Tumuklas ngayon