Cresci acreditando que sorrisos eram reflexos da felicidade. Sorrisos faziam sentir-se bem. Sorrisos carregavam calidez, amor, compaixão.
O sorriso de Eleanor não tinha nada disso. Apenas o triunfo. - Que seja então a verdade. - sua voz era calma.

- Eleanor - Harry irrompeu em dua direção e segurou sua mão, e ergueu-a. Para longe de mim. Conduziu-a a um cantou - o mesmo onde eu vira um celular atirado.

Havia um tom ofensivo em sua voz, afiado, enraivecido, mas as palavras não chegaram até mim. Ele permanecia duro, imóvel, como se quisesse arrastá-la para fora dali. Mas sua namorada manteve a cabeça erguida, permitindo que seu cabelo perfeito caísse sobre os ombros. Sua regata levantou-se, deixando à mostrá um entrelaçado de cruzes celtas, tatuados em suas costas. Sinal de oferecimento, diria minha tia Sara, mas, apesar do quanto Eleanor me chateava, achei que ficava bem bacana.

- Acredite em mim - ouvi-a sussurrar, enquanto ela se aproximava dele para dar um beijo rápido. Em seguida, aproximou-se tanto de mim que teve que baixar a cabeça

- Com quem nesse quarto - começou com uma voz cantada calculada, e de repente eu sabia onde ela queria chegar - você ficaria? - Vi Harry franzir o cenho quando ela completou : - E o que exatamente você gostaria de fazer com ele? Porque mulher pra você e nojento.

Senti-me paralisado enquanto suas palavras ecoavam. Eu pedira aquilo. Sabia disso. Tinha sido eu a lançar o primeiro desafio. Eu pedira a verdade.

Mas essa seria venenosa demais pata entregar.

Com a boca seca, Ergui o olhar em direção a Eleanor. Todos os outros desapareceram do meu campo de visão... até mesmo Harry. Harry...

- Não estou aqui para ficar alguém - eu disse, erguendo-me sobre os pés. Melhor ficar de pé. Ao menos assim ela não baixaria os olhos para falar comigo. Frente a frente.

- E acimadetudo- repetiu - Com quemvocêmais gostaria de ficar?

Ninguém ganharia com aquela pergunta. Por isso, respondi a seu desafio, e entreguei minha lanterna. - Um desafio por um desafio - falei, assim que meu celular tocou.

O cabelo de Eleanor caiu sobre o rosto. Estava pegajoso agora, não mais tão brilhante. - Desculpe, Lou - disse, tomando minha lanterna e a deixando cair no chão. - Você já fez sua escolha.

O que significava que me restava a verdade que nunca poderia revelar. A cabeça a mil, olhei entre as sombras para Harry, e vi o olhar terrivelmente com que olhava pra mim. A preocupação ainda pairava em seus olhos, mas algo ali também brilhava. Algo se transformou emnum rugido dentro de mim, como um sinal.

- É melhor verificar isso - disse ele, sem demonstrar nenhum sentimento em sua voz. - A não ser que queira que sua tia fique louca e chame a polícia.

Ele tinha razão.

No andar inferior, o vento soprava pelas janelas quebradas, mas ali em cima era tudo imóvel, como um cemitério em uma noite sem nuvens, e dessa informação z mais quente. Eu podia ver que todos me observavam enquanto eu tirava o celular do bolso e o desbloqueava. Dito e feito, tia Sara me enviara um torpedo. Três vezes.

Não sei o bem como não escutara as outras duas vezes.

Estarei em casa por volta da meia-noite.

A primeira mensagem chegara pouco depois das 11. Ainda estávamos no bairro.

Cheguei... Ficarei acordada para o caso de ter esquecido as chaves.

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