Capítulo 3

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Pov. Ingrid

Sabe aquele meme de quando alguma coisa dá muito errada e começa a tocar a música "oh no, oh no, oh no no no!" ela com certeza resumia a minha atual situação.

Não sei o que havia feito na vida passada ou qual pecado havia cometido para que minha vida agora fosse resumida em crises de asma, situações embaraçosas e uma eterna falta de sorte, às vezes parece que eu tenho dois pés esquerdos.

Passo a mão nos olhos para limpar qualquer resquício de sabão e foco minha visão no homem que resmunga enquanto esfrega a mão na testa. Merda! O acertei na cabeça com o celular.

Meu corpo todo congela, a voz masculina é grossa e potente, o olho dos pés a cabeça e já sinto o ar me faltar de novo, só que dessa vez por outro motivo. Alguém abriu a porta do céu e não me avisou? Por que ele tinha que ser tão gostoso? E sem camisa, com uma barriga toda trincada à mostra ficava ainda mais difícil me concentrar na nossa atual situação, que vontade de lavar minhas calcinhas nesse tanquinho. Por Deus, se controla Ingrid!

Apesar da aparência totalmente satisfatória sua cara não estava a mais simpática de todas, tentando me desviar de qualquer pensamento impuro, me levanto devagar sentindo a roupa pesar com os bolsos cheios de água, se o homem não me matar agora com certeza sem emprego eu fico.

- Me-me desculpe. - forço a garganta para minha voz sair mais confiante. - Não esperava que o senhor e seu... gato chegassem agora, acabei me assustando. - não sei porque, mas seu rosto me parecia familiar, uma pena que não podia olhar muito, já que uma das "regras" do hotel era que não podíamos ficar encarando os hóspedes.

- Acabei fazendo o check-in mais cedo, não achei que a faxineira ainda estaria aqui. - ele me olha por menos de um segundo e mal faz questão de ler o meu nome, mesmo ele estando estampado no crachá dourado que carrego no pescoço, que belo balde de água fria, é mais um "daqueles".

- Não se preocupe senhor, eu já estava de saída. - como num passe de mágica volto ao meu modo funcionária e mesmo encharcada tento terminar meu serviço.

Aperto um botão e a água da banheira começa a descer pelo ralo, por sorte não estava mesmo muito suja e não levo muito tempo para terminar de limpá-la, torço um pouco a minha roupa para tentar me livrar do máximo de água e saio da banheira, sinto o olhar dele sobre mim durante todo o tempo, com certeza pensando na melhor forma que vai arrumar para que eu seja demitida e talvez até presa.

Jogo dois panos no chão para secar a poça que acabei formando a minha volta e mesmo com o olhar do hóspede queimando minhas costas tiro meus sapatos e minhas meias e as jogo dentro de uma sacola, só quando tudo já está bem seco e que minhas roupas já não estão mais pingando é que me viro para ele.

- Meu Deus! - só agora que o desespero passou é que consigo focar meu olhar no seu rosto e posso ver um vermelhão na sua testa e uma linha fina de sangue escorrendo desse machucado. Bem que dizem que o tesão cega a gente mesmo. - Ai meu Deus, eu fiz isso na sua testa?

Ele parece meio confuso e toca o lugar que eu aponto com as pontas dos dedos, seu rosto se contorce um pouco e eu me martirizo por isso, próximo aos seus pés está o meu celular todo aberto, que se não morreu afogado morreu na pancada com o rosto do hóspede, com certeza ele não iria só me fazer ser demitida, iria me colocar é na cadeia.

- Me desculpe, foi tudo tão rápido, não tive tempo de pensar direito, também não imaginava que o senhor estaria bem na frente da porta. - minha fala vai se embolando cada vez mais, enquanto corro até o armário ao lado da porta para pegar o kit de primeiros socorros. - Me deixe fazer um curativo.

- Não é necessário.

- Claro que é, é o mínimo que eu posso fazer já que quase te deixei cego.

Duas Vezes AmorWhere stories live. Discover now