PARTE 11

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Quando acordei, Ana ainda dormia tranquilamente. Saí do quarto e fui aí banheiro, aproveitei pra ligar pro pai de Ana e contar o que havia acontecido, contei tudo pra ele. Não saberia como ele reagiria mais ele era praticamente a única família de Ana, então eu precisava contar.
Sai do banheiro, lavei o rosto e voltei pro quarto. Assim que abri a porta, Ana abriu ia olhos e sorriu pra mim.
- Bom dia meu amor. - Falei indo até ela.
- Bom dia...
Ela levantou os dois braços pra me abraçar, e eu dei muitos beijos nela.
- Como tá se sentindo? - Perguntei.
- Fraca... Mais bem. Acho que não preciso ficar o dia todo deitada não é?
- Claro que sim. Você está em observação... Se não sentir mais nada, a gente volta pra casa amanhã mesmo. Então é bom você ficar quietinha.
- Você é tão mandão.
- E você tão teimosa.

Ficamos conversando um pouco, foi o tempo do médico chegar e vê-la como está. Em seguida minha mãe chegou com algumas coisas pra gente, inclusive roupas de Ana. Eu havia dado uma chave da nossa casa pra ela passar por lá.
Eu não queria sair do quarto e deixar Ana ali. Mais eu precisava comer, e com o médico e minha mãe ali, me senti confortável e saí.

Fui até a cantina do hospital, pedi um café e um sanduíche. Ana amava lanches e foi difícil não poder levar nada pra ela, pois teria que comer a comida que iam servi-la.

Me senti em uma mesa próxima e comi, assim que terminei recebi uma mensagem. Tirei o celular no bolso da calça e vi que era de Cintia.

( Oi, bom dia. Sua mãe me contou o que aconteceu com Ana, eu sinto muito de verdade, espero que ela esteja bem... Como vc sabe, depois de amanhã é o aniversário de Amanda. Quero fazer uma festinha pra ela e preciso que você fique com os dois amanhã a tarde. É só por algumas horas... A babá vai ter que resolver alguma coisa pessoal e não vai poder vim, eu tirei o dia de folga pra resolver os preparativos da festa e tbm pra ficar com eles. Sei que vc está em um momento tenso, mais preciso muito q fique com eles. Prometo que vai ser rápido.)

Merda, eu tinha completamente esquecido do aniversário da minha filha. Com tudo acontecendo ao redor, era difícil lembrar de data de comemoração de tudo. Eu não tava com cabeça pra festa, e Cintia me pedir isso parecia ser proposital. Mais eu espero que não... Eu não ia deixar Ana sozinha no hospital, o médico tinha dado dois dias de observação. Resolvi conversar com minha mãe, pra ela quebrar esse galho e ficar com as crianças.

Assim que voltei pro quarto, o pai de Ana havia chegado. Ela estava conversando com ele, então chamei minha mãe pra conversar fora do quarto.

- Claro meu filho. Fico com eles sim.
- Obrigado mãe, de verdade. Eu não conseguirei deixar Ana aqui sozinha. Iria ficar muito preocupado depois de tudo.
- Fique tranquilo. Quando sair daqui eu mesma falo com Cintia.
- Obrigado.

O horário da visita da manhã havia acabado. O pai de Ana teve que ir, ele havia chorado muito quando viu a filha e Ana também não aguentou. Minha mãe acompanhou ele na saído e os dois se foram, deixando a gente sozinhos novamente.
- A enfermeira disse que vai aplicar o soro daqui a pouco. Eu não tô conseguindo comer... A comida daqui é horrível amor. - Falou ela fazendo careta.
- Mais você vai ter que empurrar. Tem que se alimentar por três lembra?
- Sim. - Respondeu ela sorrindo.
Puxei a cadeira e me sentei do seu lado.
- Amor? - Chamou ela segurando minha mão que estava sobre a cama.
- Oi.
- Acha que minha mãe vai querer conhecer os bebês?
Dei um sorriso leve. Eu não sabia realmente o que a mãe de Ana faria depois do nascimento dos bebês. Ela ainda tinha vergonha da filha pela decisão que Ana havia tomado de morar comigo. Eu não entendia muito bem sua mãe, era a filha dela que estava ali no hospital, fraca... Com risco de perder os bebês e a própria vida. E mesmo assim não receber nenhuma ligação da mãe.
- Eu não sei amor...
-Com licença, eu vim aplicar o soro. - Falou uma enfermeira ao entrar. Respirei de alívio, porque eu realmente não queria prosseguir com aquela conversa sobre a mãe de Ana.

Dois dias se passaram e Ana ainda não havia tomado alta. Na noite anterior ela se sentiu muito mal e o médico disse que ficaria mais uns dias em observação. Eu achei melhor também, pelo fato de me sentir mais seguro no hospital do que em casa. Se Ana passasse mal eu não saberia muito o que fazer, e aqui ela estava cercada de especialistas.

No dia seguinte seria o aniversário de Amanda. Ana tinha comentado que queira escolher o presente, mais ela não podia sair pra comprar e eu não queria sair de perto dela.
Minha mãe chegou no horário da visita, eu pedi a ela pra que comprasse alguma coisa pra Amanda. Mais ela não quis, havia me dito que Cintia tinha ficado furiosa por eu não ter ido ficar com as crianças. E não queria passar por lá agora.
- Não é pra passar lá mãe... É só pra comprar o presente de Amanda, que eu mesmo vou entregar a ela.
- Mesmo assim filho. Você que tem que escolher algo que queira da a ela. Alguma coisa que ela goste, que te faz lembrar dela. E não eu que escolha.
- Ela tem razão Fernando. - Falou Ana enquanto comia uma maçã sentada na cama. - Você tem que escolher algo, e não sua mãe.
Dois votos contra.

Ainda era cedo, eu ia comprar algo pra Amanda e passar pra entregar a ela... A tarde seria sua festinha, e infelizmente eu não ficaria. Primeiro pelo fato de não está mais com a mãe dela, e a forma que nós separamos não tinha lógica eu está em uma festa onde toda a família de Cintia me odiaria. E depois, Ana estava precisando de mim... Eu não ia está com cabeça pra ficar em uma festa sabendo que ela estava no hospital com a vida em perigo.

Fui ao shopping, e entrei em uma livraria. Amanda amava livros, tanto pra lê quanto pra colorir. Então comprei os dois. Um de leitura e outro de atividades. Pedi pra moça do caixa embrulhar pra presente, e ela fez uma embalagem linda.

Mandei uma mensagem pra Cintia avisando que passaria por lá.
Tentei fazer tudo rápido pra não demorar tanto. Assim que cheguei em frente a casa de Cintia, liguei pra minha mãe perguntando se Ana estava bem e avisando que chegaria logo.

Desci do carro e apertei a companhia.
- Você vai entrar? - Perguntou Cintia ao abrir.
- Claro, é o aniversário da minha filha. Só vim pra vê-la e deixar seu presente, tenho que voltar logo. - Falei ao entrar.
- Minha irmã levou Amanda pra escolher o presente, já faz um tempinho. Acho que já estão voltando.
- Mais eu te disse que ia passar com pressa. Era pra ter pedido que ela me esperasse.
- Desculpa. É tanta coisa na minha cabeça... O dia está sendo estressante. Você espera, elas não vão demorar.

A garagem estava cheia de bolas, a mesa já estava decorada faltando apenas o bolo.
Entrei e me sentei no sofá.
- Vou terminar de ajeitar algumas coisas aqui na cozinha. Você quer comer algo? Parece com fome, está com uma cara péssima.

Eu realmente estava cansado e exausto. Desde que Ana ficou internada que eu não consegui dormir bem lá.
- Aceito um copo de água. - Minha cabeça estava doendo um pouco e eu tinha certeza que era a falta de uma boa noite de sono.
- Eu acabei de fazer suco de graviola, quer um pouco?
- Eu aceito. - Suco de graviola era meu preferido, e deu água na boca de saber que tinha.
Minutos depois Cintia apareceu com uma pequena bandeja com o suco e alguns biscoitos.
- Só vou querer o suco mesmo. - Falei ao pegar.
- Tudo bem.
Ela sentou no sofá a frente e começou a puxar conversa.
- Como ela está?
-... Se recuperando.
- E os bebês?
- Estão ótimos.
- Que bom...
Bebi o suco quase todo de uma vez. Eu não queria ir embora sem vê minha filha, mais Cintia estava começando a me deixar desconfortável.
- Eu sempre quis ter gêmeos. Você lembra? - Perguntou ela olhando pra mim. Pra quê aquele assunto agora? Pensei...
- Lembro... - Minha cabeça parecia latejar, como se minha dor de cabeça estivesse aumentando.
- E você acha que será meninas ou meninos?
- Eu não sei... - Senti minha vista escurecer e meu corpo um pouco fraco de repente.
- Você está bem? - Perguntou ela olhando pra mim.
- Acho que já vou... - Me levantei do sofá de vez, e senti que ia cair.
- Fernando... - Falou Cintia me ajudando a sentar novamente.
Não podia ser do sono, não podia ser das preocupações. Eu nunca fiquei assim antes.
Ela se sentou do meu lado e colocou uma mão na minha cabeça.
- Você está suando.
Olhei pro copo do suco que ainda estava na minha mão e por algum instante pensei em algo.
- O que tinha nesse suco?
- Como assim?
Não consegui responder, só deitei minha cabeça pra trás no sofá e minha vista escureceu.

Fernando ( Livro 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora