PARTE 4

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A noite eu não consegui dormir direito, acordei umas duas vezes com Ana virando de um lado pro outro. Geralmente ela apagava e mal saia do lugar da cama, sempre dormia tranquila no seu lugar. Mais eu percebi que ela não estava dormindo, ela estava acordada e sem conseguir pegar no sono. Eu estava morto de sono, pensei em levantar e vê o que ela tinha, mais se fosse algo grave ela ia me chamar... Então me virei e tentei pegar no sono.

Alguns dias depois as coisas foram ficando mais estranhas. Ana evitava olhar no meu olho quando estavamos conversando, ainda não estava conseguindo dormir direito durante a noite e estava sempre tensa pela casa, como se tivesse algo incomodando ela. Mais ela só guardava pra si mesma, eu não sabia o que era porque ela não chegava pra mim e se abria como antes, e isso tava começando a me assustar.
Estávamos se ajeitando pra dormir, eu estava terminando de lê um livro deitado na cama quando ela deitou do meu lado e me abraçou.
- Amor... Eu podia faltar no trabalho amanhã?
- Faltar? Por qual motivo? - Perguntei olhando pra ela.
Ela encostou a cabeça no meu ombro e demorou um pouco a responder.
-... Uma amiga minha faz aniversário essa semana, queria comprar algo pra ela.
- Não dá pra fazer a tarde? Você só trabalha pela manhã...
- Eu sei... É que o lugar que quero comprar, só abre pela manhã.
- Tudo bem então. - Voltei a ler o livro, mais fiquei pensando que isso tudo era muito estranho. Ana não iria faltar um dia de trabalho pra ir comprar um presente, e ela não tinha muitas amigas. Ela mal falava dos amigos dela pra mim.
- Posso trocar o expediente e ir pela tarde amanhã. Pra não perder o dia.
- Não precisa, tem outra pessoa no seu lugar a tarde.
- Acha que uma falta vai me prejudicar?
- Claro que não... - Fechei o livro e coloquei na cabeceira da cama.
- Quer que eu te acompanhe? - Perguntei me virando pra ela.
- Não precisa, não quero que perca seu dia também.
- Tudo bem então.
Abracei ela e fomos dormir de conchinha.

No dia seguinte quando acordei, Ana já estava no banho. Parecia com muita pressa pra se arrumar. Infelizmente aquilo tudo estava me dando um pressentimento mal, cheguei a pensar se ela podia está se encontrando com outra pessoa... Não, eu não podia colocar isso na cabeça. Ana não era desse tipo... Eu só tentei me segurar pra vê onde isso tudo ia dá, ela tinha que me dizer o que estava acontecendo depois. Porque eu tinha certeza que estava acontecendo algo... Mais eu estava agindo normal, pra vê em que momento ela viria falar comigo.
- Amor... Eu vou pegar um taxi, vou passar no meu antigo AP. Faz tempo que fui lá... Vou tirar algumas fotos pra vê se alugo logo.
- Já havai esquecido do seu AP. Tem mais coisas suas por lá? - Perguntei enquanto escolhia uma roupa no closed.
- Tem sim, na volta passo por lá e trago tudo. Não se preocupa que eu pego um taxi.
- Tá ok.

Eu tive que sair pra ir trabalhar, e Ana ficou terminando de se arrumar. Não perguntei se ela queria carona porque eu já sabia que ela não ia aceitar. Então fui ao trabalho.

No horário de almoço não consegui comer nem, eu havia saído com Roger pra almoçar na frente do prédio. Mais minha cabeça não parava de criar alucinações sobre o que estava acontecendo. Pensei em desabafar com Roger, mais ele não dava muitos concelhos bom.
Descidi tirar a tarde de folga, e fui pra casa.
Achei que Ana ainda estava fora, ou no seu antigo AP. Mais a encontrei no jardim da entrada da nossa casa. Sentada no batente com cara de choro.
Entrei e fechei o portão principal, no mesmo instante que ela me viu, limpou seu rosto com as mãos, pra limpar as lágrimas... Mais era tarde demais, não tinha como ela esconder que estava chorando.
- Eu sabia que tinha alguma coisa errada. Agora você vai ter que me contar... - Falei indo até ela e me sentando ao seu lado no batente.
- Não é nada demais... Eu só... - Ela procurava as palavras como se tivesse tentando encontrar outra coisa pra me dizer, mais eu tinha um dom. Eu sempre sabia quando ela não estava nada bem.
-... Encontrei Minha mãe na loja e me senti mal, é só isso.
- Tem certeza? - Perguntei.
Seus olhos estavam se enchendo mais ainda de lágrimas, e ela lutava pra que não descessem.
- Tenho sim.
- E eu não acredito em você amor. Porque não confia em mim? Me fala o que tá acontecendo.
Ela se levantou e ajeitou sua roupa.
- Não tá acontecendo nada Fernando. De verdade.
- Para Ana... Você sabe que não está nada bem. Há várias noites que vejo você sem conseguir comer, sem olhar pra mim direito. Você mal olha nos meus olhos quando a gente conversa. Porque tudo mudou de repente?
- Você está contorcendo toda a história... Eu só não tô em um momento legal, é só isso.

Ela me deu as costas, e antes de entrar pela sala eu segurei na sua mão. Fazendo ela parar.
- Você conheceu outra pessoa? É isso? - Perguntei.
Ela virou pra mim e as lágrimas haviam descido, seu rosto estava vermelho.
- Acha que tenho outro?
- É o que parece. Você está fugindo de mim...
Ela andou em círculos com a mão na cintura, olhando pro chão. E ainda chorando muito.
- Ana, você está começando a me assustar... Por favor, me diz o que está acontecendo pra eu poder te ajudar.
Ela parou e sentou no batende novamente.
Fui pra sua frente e me abaixei segurando a mão dela.
- Eu amo você meu amor, não me deixa preocupado por favor. Eu só quero seu bem.
Ela estendeu os braços e me abraçou enquanto soluçava de tanto chorar. Alisei suas costas e esperei ela se acalmar mais um pouco, antes de perguntar novamente o que estava acontecendo.
- Eu sinto muito... - Falou ela quando me soltou.
- Pelo que? - Perguntei ainda segurando suas mãos.
- Não foi minha intenção... Eu não queria.
- Não queria o que Ana? Pode ser mais clara?
Ela olhou pra mim, ainda com os olhos em lágrimas pedindo por socorro.
- Eu... Eu...
Olhei pra ela esperando ela terminar, mais ela só chorava mais ainda.
- Eu tô grávida Fernando... Grávida.
Abri a boca enquanto sorria, aquilo foi mais do que uma surpresa pra mim. Eu realmente não estava esperando por aquela notícia...
Ela abaixou seu olhar e ainda chorava muito.
- Ei... - Falei colocando a mão no seu queixo pra ela olhar pra mim.
- Você está triste por isso? - Perguntei.
Ela concordou com a cabeça.
- Não quer que ache que eu quis te da o golpe ou algo desse tipo...
- Porque eu acharia isso?
Ela puxou sua mão da minha e limpou seu rosto com a blusa.
- Eu não sei... Faz tão pouco tempo que estamos morando juntos, eu não sei se um filho é algo bom agora.
- Crianças são algo bom a qualquer momento meu amor... Você acha que eu não queria um filho seu? É uma das coisas que mais quero. Um ser, com um pedacinho meu e seu... Acho que não existe presente melhor do que esse.
Ela estendeu seus braços e se jogou pra cima de mim, me abraçando e me derrubando na grama literalmente.
- Obrigada... Me desculpa por tudo.
Eu estava feliz, rindo e abraçando ela. Eu não sabia que ia sentir a emoção de ser pai novamente.
Ela saiu de cima de mim e se levantou enquanto ria.
- Eu tava com medo... Você já tem dois filhos.
- Bom... Acho que vou querer mais de um seu. Nosso na verdade.
Ela sorriu e me abraçou novamente.
- Então... Aqueles enjoos era do bebê? - Perguntei enquanto entrávamos pra dentro.
- No começo eu não tinha certeza. Achei que era só mal estar mesmo. Mais aí foi ficando repentino... A minha fome foi aumentando também. Fiz três testes de gravidez nesses últimos dias. E todos positivos.
- Você escondeu muito bem em?
- Sinto muito... Eu não sabia como contar isso.
Ela sentou no sofá e eu sentei na sua frente.
- Estamos juntos nessa. Não quero que esconda mais nada sobre isso tá bom?
Ela concordou com a cabeça e sorriu.
- Hoje fui ao médico pela manhã. Não consegui marcar consulta a tarde, por isso inventei aquela história...
- Faz sentido. O que ele disse?
- Ele só confirmou tudo. E vou precisar fazer acompanhamento toda semana...
- E eu quero ir tem todos com você, entendeu?
Ela concordou com a cabeça e me abraçou novamente.

Um filho agora não fazia parte dos planos. Mais eu desejava sim ter um fruto desse amor, e estava mais feliz do que nunca.
Agora eu precisava cuidar mais ainda de Ana, eu sabia o quanto ela era teimosa. Eu também sabia que ia ter um pouco mais de dor de cabeça... Ana não aceitava ficar parada!

Fernando ( Livro 2)Where stories live. Discover now