Entrei no carro e fui até a delegacia... Bilhetes ameaçando, presentes inesperados, ligações anônimas. Falei tudo pro delegado que estava de plantão. Prestei um b.o e me senti mais aliviado, eles poderia me ajudar mais do que sozinho.
Disseram que ia investigar e qualquer notícia entrariam em contanto comigo.
Me fizeram milhares de perguntas e tive que contar toda minha história, contar sobre cada pessoa presente na minha família que era próxima, e as que não era. Me senti confiante e fui em frente. Quem quer que seja que estava por trás disso, ia acabar mal.

Voltei pra casa quase duas horas depois. Lucinda estava preparando um lanche pra Ana, e um pra mim também.
- Achei que o senhor ia voltar com fome, estou preparando algo pra vocês dois comer. Ana não se alimentou bem hoje, acho que é bom o senhor saber.
- Ela já acordou? - Perguntei enquanto bebia um copo de água.
- Já faz um tempo, mais não saiu da cama.
- Mais ela almoçou pelo menos?
- Quase nada... Depois daquele presente. Ela ficou abatida, acho melhor conversar com ela.
- Vou fazer isso agora.

Fui em direção ao quarto, e abri a porta. Ana estava deitada de lado mexendo no seu celular, assim que ouviu a porta se abrindo ela se virou pra olhar.
- Oi meu amor. - Falei indo depressa até ela.
Ela se sentou e começou a chorar.
Seus olhos já estava muito inchados e seu rosto vermelho.
- Vai ficar tudo bem, eu tô aqui. - Falei enquanto abraçava ela. Ana não falou nada, apenas derramou suas lágrimas enquanto me abraçava com força.
- Fica aqui... Fica comigo, não me deixa sozinha... - Falou ela entre seu choro.
- Não vou te deixar sozinha, vou ficar do seu lado. E nada vai acontecer.
- Promete que os nossos bebês vão ficar bem? Que nada e nem ninguém vai machucá-los?
- Eles vão ficar bem amor, e você também. Vou cuidar de vocês três. - Falei enquanto afastava o cabelo do seu rosto.

Assim que Ana se acalmou, eu contei pra ela que havia conversado com seu pai e também fui até sua mãe. E depois fui na delegacia... Ana não se importava com nada disso, ela só se preocupava nos bebês, e seu medo era alguém fazer algum mal a eles. Mesmo eles estando na barriga ainda, a nossa preocupação era grande.
Eu estava em tempo de correr doida, mais na frente dela eu tentava passar uma calmaria, tentava ficar tranquilo pra que ela também ficasse tranquila... Mais não, Ana estava muito agoniada e pra piorar ela não estava se alimentando bem.
Antes de ir embora, a senhorita Lucinda preparou uma canja de galinha, ela disse que seria ótimo pra Ana. Disse que ia deixar ela mais forte, e pra minha alegria Ana conseguiu comer bem a canja.

Lavei os pratos da cozinha e arrumei a cama pra gente dormir. Tentei brincar com Ana, distrair mais nada ajudava. Então escolhemos um filme pra assistir.
- Amor. Amanhã é dia das crianças virem pra cá... Vou ligar pra Cintia mais cedo, dizendo que não vou poder ficar com elas nesse fim de semana. Você precisa descansar, eu posso vê eles lá depois.
- Nada disso. - Falou ela me abraçando. - Quero vê-los. Brincar com Lucas, conversar com Amanda vão me fazer se sentir melhor.
- Não acho que seja uma boa ideia. Você não pode fazer esforço lembra?
- Lucinda pode ajudar a gente com o Lucas, ela ama crianças.
- Você tem certeza?
- Tenho amor... Só não me deixa sozinha nessa casa, deixa eles vim.
- Se você faz tanta questão, então tudo certo.
- Eu te amo obrigada.
Abracei ela e enchi de xero.

Como sempre, Ana pegou no sono antes do filme acabar. Desliguei a TV e o abajur ao lado e enrolei ela antes de dormir.
Peguei no sono rapidinho.

Mais acordei na madrugada com Ana me empurrando.
- Amor... Amor...
- Humm
- Tá doendo... Tá doendo muito.
Estiquei o braço e acendi a Liz do abajur. Olhei pro relógio ao lado e ainda era 02:04 da madrugada.
Ana estava chorando baixinho e se virando de um lado pro outro.
- Calma amor, respira devagar tenta controlar a respiração tá bom?
- Não consigo, tá muito forte... Eu quero ir por hospital. Vamos pro hospital agora.
- Nós vamos, só tenta controlar a respiração como a médica disse. - Falei me levantando e indo ligar a luz.
Ao lado dela havia uma jarra com água, enchi o copo e dei pra ela beber.
- Bebe um pouquinho, vou pegar uma roupa pra você vestir e a gente vai.
- Rápido por favor, eu não tô aguentando...
Corri pro closed dela e revirei tudo atrás de um vestido leve. Tinha que ser uma roupa rápido e confortável ao mesmo tempo.
- FERNANDO - Gritou ela me fazendo sair desesperado do seu closed.
- NÃO NÃO NÃO NÃO... - Falou ela chorando enquanto olhava pros lençol manchado de sangue.

Fiquei parado sem reação, a gente não podia perder as crianças. Porque isso tava acontecendo? Porque não conseguíamos ter um minuto de paz?
Nada de vestido, nada de roupa. Vesti Ana com seu roupão e carreguei ela nos braços até o carro.
- Eu não posso perder meus filhos, eu não posso Fernando...
- Você não vai perder, fica tranquila... - Mais não tinha como ficar tranquila, não tinha como relaxar. Eu tentava ser forte, mais eu tava surtando por dentro.
- Vai ficar tudo bem. - Falei enquanto colocava o sinto nela.
-Não vai ficar tudo bem, você sabe que não vai ficar... - Falava ela desesperadamente.
Mais eu torcia pra tudo da certo, e tinha esperança de que acabasse bem.

Assim que chegamos na emergência, colocaram Ana na maca e a levaram sem me deixar entrar.
- Não posso deixá-la sozinha, eu preciso ir com ela. - Falei a um enfermeiro.
- Sinto muito mais o senhor vai ter que aguardar aqui fora, fique tranquilo que vamos cuidar dela.

Eu estava suado, desesperado, agoniado. E agora teria que ficar esperando sabe lá por quantas horas. Mas não tinha o que fazer a não ser esperar...

Fernando ( Livro 2)Where stories live. Discover now