Capítulo 11

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Me levanto e começo a me arrumar para mais um dia, diria que até um pouco melhor depois de ontem. Mas eu estava completamente atrasada.

Comprei livros muito bons e escolho um para começar a ler na escola mesmo. É uma das únicas coisas que consigo fazer além de escovar os dentes e trocar de roupa. Vai ter que ser assim, sem maquiagem e no cabelo só desembaraçar tá bom.

Junto minhas coisas e desço as escadas enfiando os livros na mochila, minha gravata pendia em meu pescoço ainda não amarrada.

— Bom dia, Bom dia. — digo dando um beijo na bochecha de meu pai enquanto jogo a mochila no chão e começo a comer. Como o mais rápido que posso sem ser completamente mal educada na mesa, o que não é fácil.

— Por que a pressa? — Susan questiona.

— Acordei atrasada. — digo mesmo com a boca cheia, embora tenha me arrependido um pouco disso.

Meu pai franze o cenho e checa o relógio.

— Mas ainda faltam 15 minutos. — ele fala, confuso.

Homens são muito rápidos, práticos, muitas vezes nada pontuais e muito menos perfeccionistas, o que significa que eles não entendem metade do que se passa na cabeça de uma mulher ao acordar 35 minutos antes de um compromisso.

Acabo de tomar o café e levo minhas louças sujas até a pia, não tinha tempo de botá-las na maquina. Enquanto encho minha garrafa d'água, respondo.

— É, o que significa que eu tinha 5 minutos pra comer e sair de casa, já que demora 10 minutos pra chegar lá, e de forma alguma eu quero chegar depois das aulas terem começado, ou seja, ou eu tinha que comer mais rápido ou você ia ter que levar algumas multas no trânsito hoje. Por isso eu comi em 3 minutos. — pego minha lancheira pronta enquanto meu pai se levanta, pegando a chave do carro.

— Mas... Cadê seu outro sapato? — Susan pergunta.

Abro a mochila, tirando o tênis do meio dos livros.

— Aqui. — o balanço na mão. Ela parece conter o riso. — Vou calçar no carro. Mesma coisa a gravata. Já vou. Vamos!

Rapidamente entramos no carro e, depois de 10 minutos estou na escola. Gravata amarrada e sapato calçado. Dou um beijo de despedida no papai e saio do carro em direção à escola.

Entro e os alunos já estão indo para as salas. Ando rápido em direção a sala que eu não sei qual é. Merda. Entro em corredores que já havia entrado antes na esperança de conseguir adivinhar a sala de aula na qual eu tenho que estar em 1 minuto. Havia passado por 5 corredores até dobrar a esquina para mais um e encontrar Paddy na frente de uma das salas.

— Ó céus, ainda bem que eu te achei. — digo meio ofegante. — Eu definitivamente preciso aprender a circular aqui. A gente precisa cuidar disso depois.

Ele ri. Entramos na sala e parece que o professor se atrasou um pouco. Paddy do meu lado começa a falar.

— Então...tá tudo bem? — ele pergunta olhando em meus olhos. Ele encarava de um para o outro em um ritmo hipnotizante.

Franzo o cenho em confusão. Estou normal como absolutamente todos os dias.

— Claro! Eu só levantei atrasada e não consegui me arrumar direito então deixei as maquiagens de lado e...— o professor chega, interrompendo minha explicação. Sei que pareço diferente sem maquiagem e que pessoas acham que eu passei a noite chorando ou estou passando mal. Olheiras genéticas fazem isso com a gente, mas não é como se eu já não tivesse acostumada.

Pad parece perceber a situação que acabou de formar, por isso fica em silêncio. Estávamos no meio da explicação na aula de Geografia quando ele chega perto do meu ouvido e sussurra.

— Continua linda, aliás. Seus olhos não precisam de maquiagem para me deixar absorto neles. Nunca precisaram.

Estávamos na parte externa da escola, a aula havia acabado 1 hora mais cedo hoje e ninguém pareceu se lembrar de me avisar que isso aconotece uma vez por semana.

Estou lendo meu livro sentada em um dos bancos em baixo de uma árvore enquanto espero o horário das quatro para que alguém venha me buscar. Paddy, sentado ao meu lado, conversa com os meninos sentados no chão. Não me importei em participar da conversa, mas como estou escutando, digo algo de vez enquanto.

— "Os dois morrem no final" qual a graça de ler esse livro sabendo o que vai acontecer? — Archie pergunta após ler o título do meu livro.

Olho para ele por cima das páginas. Seu cabelo loiro balançava contra o vento que soprava ao fim da tarde.

— Porque não é só sobre o final e sim sobre como eles chegaram lá e porque isso foi tão impactante a ponto de estar da capa do livro. — respondo.

— Ainda parece ser chato. — ele diz.

— Não mais que tu. — respondo. Nós quatro aqui viramos muito amigos a ponto de não levarmos a sério nada de ruim que dizemos sobre o outro, o que é incrivelmente bom.

— Vou levar isso como um elogio. — ele responde fazendo uma "reverência" exagerada ainda sentado no chão. Olie e Pad riem.

Fecho o livro deixando meu dedo indicador dentro dele para não perder a página e bato (não tão forte) com ele no ombro do loiro na minha frente enquanto rio.

Do nada, repito, do nada há uma menina vestida de líder de torcida com uma saia supercurta e um rabo de cavalo com um laço chegando por trás de Archie. Ela não parece nada feliz.

— Oi amor! — a menina diz, para minha surpresa, se abaixando e beijando Archie. Fico sem graça ao olhar, por isso fico à procura de outro lugar para prestar atenção e acabo voltando para meu livro.

— Como é ficar dois anos seguidos no 2° ano? — Olie pergunta. Não sei nem o nome dela mas já sei que ela repetiu de ano. Não parece mesmo ser das que liga para notas boas.

Haha. — ela diz irônica. — Ótima aliás. Sou boa demais para sair do time das líderes de torcida. — ela parece esnobe. No mínimo. — Pelo menos eu não preciso dar em cima do namorado dos outros para conseguir beijar alguém, ou pelo menos tentar né. — eu senti essa. Primeiro, eu não tava dando em cima dele. Segundo, eu já beijei tá??? E um deles foi fora de cena!

Pego a indireta. Garotas aqui são mais ciumentas do que eu pensei que fossem. Levanto meu olhar do livro para ela, que segura a risada.

— Me chamo Grace, caso não me conheça. — ela estende a mão em minha direção. — E você passou a noite lendo ou chorando? Porque... — ela começa mas Archie interrompe.

— Ahm, babe, essa é a Clara Downey. Amiga do Paddy, ela é nova. — ele me apresenta.

— Prazer. Eu geralmente penso "quem liga se eu sou bonita se eu não passo nas provas?". Acho que você devia começar a levar essa filosofia também, pelo menos um pouco. — digo com uma voz mais doce do que provocativa. Talvez ela fique confusa já que ninguém deve tratar ela assim.

Mesmo assim ela não parece gostar.

— Quem lê em pleno século 21? — então Grace ri, debochada.

— Ah, sabe, Emma Watson, Benedict Cumberbach, Robert Downey Jr. ... já ouviu falar deles? São bem importantes...— digo. Não cito que o último é meu pai. Não vou ganhar uma discução assim.

Ela ouve uma buzina dos carros chegando e bufa de raiva.

— Emma Watson é sexy. Ler é sexy. — Archie diz. A loira ouve e olha furiosa para ele.

— Eu tenho que ir. — anuncia. Não que isso seja uma notícia ruim. Ela olha para Archie — Conversamos depois.

Parece que alguém disse algo que não devia. Volto a ler meu livro enquanto espero minha carona.



Destiny - Paddy HollandOnde histórias criam vida. Descubra agora