Capítulo 19

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Depois da altercação de segunda-feira, Zack e eu entramos em uma espécie de trégua silenciosa

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Depois da altercação de segunda-feira, Zack e eu entramos em uma espécie de trégua silenciosa. Não discutimos mais, mas também não nos falamos mais do que o necessário. Faço meu papel de namoradinha do cara popular, e ele até que tem se comportado decentemente. Está estranho, mas não faz mais piadas sujas na minha frente.

Aprendi a não questionar mais quando ele está irritadiço, mas tenho minhas preocupações. Zack está metido com coisa da pesada, isso é quase certeza. Mas se ele não quer me contar, não vou pressionar. Afinal, não sou sua namorada de verdade.

Enfim, Zack me chamou para mais uma de suas festas, mesmo após o bolo que dei nele no jogo. Óbvio que reclamei, disse que não gosto de festas, mas ele clamou pela regra número 2 novamente, e não tive mais como negar.

O outro porém? Vamos nos encontrar na casa do pai dele. O deputado Wade. Tem tudo para dar errado.

É com isso em mente que desço do Uber em frente à enorme mansão Wade. E quando eu digo enorme, é enorme mesmo. Sabe aquelas casas que vemos nos filmes? Do tipo que você precisa de um mapa para saber onde ficam todos os cômodos.

Com a mão trêmula, toco a campainha e sou imediatamente recebida por um mordomo - UM MORDOMO - que me olha de cima a baixo e diz que Zack está esperando por mim e que eu devo acompanhá-lo.

Não tenho coragem de olhar para cima enquanto o cara me encaminha pelos corredores bem iluminados. Ao invés disso, fico encarando meu All Star preto e a calça jeans, me sentindo totalmente desconfortável.

O mordomo - não, eu não vou  me acostumar com isso - finalmente para e bate em uma das portas antes de abri-la e conferir o interior. Somos recebidos pelo som de água caindo em um dos cômodos adjacentes.

- Senhor Wade? - O cara chama. - Sua convidada chegou.

- ELA PODE ENTRAR, FRANCIS! - Zack grita de dentro do banheiro. - VOCÊ ESTÁ DISPENSADO, POR ENQUANTO.

O cara faz um gesto para que eu entre no quarto e, quando dou alguns passos hesitantes, ele fecha a porta atrás de mim, me selando em um quarto com... Zack tomando banho.

- É... Sua casa é muito bonita... - Digo, sem jeito, sem saber o que fazer.

- Não é minha casa. - Ele fala alto, fechando o chuveiro, e se inclina na porta, ficando apenas com o tronco aparente. - Ah, pode me passar uma das toalhas? Se eu for lá vou acabar por molhar o quarto inteiro.

Arregalo os olhos diante se seu peitoral e do abdômen trincado.

- Você tá... Você tá pelado? - Pergunto, com a voz aguda.

Zack solta um riso nasalado, escondendo seu rosto com a mão, enquanto coça o nariz, então me encara novamente.

- Eu sempre tomo banho pelado, uai. - Dá de ombros, sorrindo abertamente. - Você não?

Fico vermelha como um pimentão. É claro que se toma banho pelado, sua idiota. Eu só não esperava... Bom, não sei o que esperava, mas certamente não era ficar no quarto de Zack com ele pelado a alguns metros de mim.

Não respondo, apenas me viro e procuro pelas toalhas que ele apontou, puxando uma e entregando a ele, sem olhar em sua direção em nenhum momento. 

Zack ri baixinho e se enrola na toalha.

- Normalmente me visto com a porta aberta. Então, se quer fazer tanto esforço e não olhar meu corpo lindo, acho que é melhor você ir até ali. - Aponta para a escrivaninha. - E esperar que eu me vista rapidamente.

- Idiota. - Reviro os olhos, mas vou até onde ele indicou.

Ouço sua risada novamente e então o barulho de Zack se vestindo. Algo dentro de mim se incendeia ao pensar em seu corpo molhado, as gotas escorrendo por aquele abdômen, pelo V que aponta para...

Merda, Ellen, pare com isso!

Tento me concentrar em qualquer coisa que não seus sons, e observo os diversos objetos ali. Um par de fones de ouvido, alguns papéis espalhados, mas o que mais me chama atenção é a foto de uma mulher, linda de morrer, os traços do rosto muito parecidos com os de Zack.

- É sua mãe? - Pergunto, pegando a foto em minhas mãos.

Pelo canto do olho vejo Zack sair do banheiro, com uma toalha em volta do pescoço, enquanto seca os cabelos.

Ele se aproxima, ficando atrás de mim, colando nossos corpos. Prendo a respiração com contato.

- Sim... - Sussurra, perto do meu ouvido. - Ela era linda, não era?

- Muito... - Engulo em seco.

Sinto minhas pernas virando geleia, e um calor toma conta do meu pescoço, descendo por minha barriga e alcançando meu ventre, me deixando trêmula. Aperto as coxas uma contra a outra, torcendo para que Zack não note o movimento.

- Ela era como você... - Ele estica o braço, passando por mim e tocando a fotografia. - Teimosa, chata, muito linda e uma mulher incrível. Você me lembra ela, por vezes.

"Não dê ouvidos à ele", Tyler ecoa em meu pensamento. "Ele vai fazer o mesmo que eu. Você sabe disso".

- Não sou chata. - Me pego dizendo, apesar dos pensamentos. - Como... Como ela morreu? - Assustada, olho para ele, me virando um pouco. Seu rosto está à poucos centímetros acima do meu. - Desculpe, não precisa responder se não quiser.

- Tudo bem. - Ele sorri triste e meu coração se aperta. - Foi em um acidente de carro. Meu pai estava dirigindo... estavam sendo perseguidos por papparazzis. - Zack passa a língua pelos lábios, encarando meus olhos. - O carro perdeu o controle e, bom, o resto você consegue imaginar.

- Sinto muito. - Digo baixinho, e o sentimento é verdadeiro. - Meu... Meu pai morreu durante um assalto... - Confidencio.

Não sei porquê estou contando isso à ele, apenas senti a necessidade.

- Eu sinto muito, Ellie. - Ele acaricia minha bochecha e suspira. Luto contra a vontade de fechar os olhos para sentir melhor o toque, até que Zack fala. - Quer saber... acho que não quero ir mais nessa festa. Você quer?

- Eu nunca quis. - Dou uma risadinha, pousando a foto de volta, usando isso como uma desculpa para desviar de seu toque.

Zack sorri baixinho e dá de ombros.

- Que tal um filme?

"Péssima ideia, Ellen. Você já passou por essa coisa de filme antes. Sabe que é só uma desculpa".

Imito seu gesto, também dando de ombros, ignorando as lembranças.

-  Só se eu escolher o filme.

Zack sorri de lado e indica a cama com um gesto. Fico tensa imediatamente, mas vou até lá e me sento na ponta, torcendo para que ele não perceba meu desconforto.

Acho que teria sido melhor ir para a festa, no fim das contas.

Bad boy | Livro 5 - Rule number 3Where stories live. Discover now