Seis; Encravados como ferrugem

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Durante uma aula era suposto estar concentrada certo?

Errado. De estudante brilhante, Marinette não tinha nada, absolutamente nada. Um zero a Física, uma desgraça a Química, a Matemática; a única disciplina que parecia não acontecer este padrão era o Francês. Porém sabia bem que era tudo mérito de Caline Bustier, um anjo em pessoa.

 - Em que tanto pensas Marinette? - recebeu uma cotovelada de Alya, acordando do seu devaneio sobressaltada.

Involuntariamente, a sua mão envolvera a caneta e desenhava coraçõeszinhos no caderno de capa cor de rosa. Pintou o seu interior de vermelho: a cor do seu uniforme e ah a cor daqueles morangos.

Maldito. Por que diabos pensara naquilo? Acabou, afinal de contas, por prestar atenção à professora, numa tentativa, felizmente bem sucedida, de afastar aqueles pensamentos da sua mente traiçoeira. Ao erguer a cabeça, deparou-se com a cabeleira loira de Adrien Agreste e também ele parecia distraído, o que era estranho já que era conhecido por ser um aluno demasiado responsável.

 - Mas no dia dos namorados, ele estava assim também... 

 - Falando sozinha outra vez Marinette? - sussurrou Alya, apesar de estar a escrever no caderno algumas anotações.

 - Deixa estar. - chocalhou a cabeça, afastando aquelas possibilidades: Adrien distraído... até a combinação dos nomes não condizia.

Reinava o silêncio na sala, até ao momento em que a porta que dava a entrada para a sala, rugiu e caiu estatelada no chão. Os pedaços de madeira voaram até à secretária da bendita professora de Química que gritou com horror. Marinette já se habituara a essas reações. Durante um ataque existem diferentes tipos de reações: aqueles que gritavam com horror como a professora que subia agora para cima de secretária; reconheceu que não foi lá muito engenhosa; aqueles que se faziam de corajosos quando na verdade eram tanto ou mais vulneráveis que os restantes, os que ficavam à frente do monstro de quatro metros porque era "cool"; esses eram os que davam mais trabalho; os que já foram heróis e pensam que ainda o são; vulgo Chloé Bourgeois; os que se colocam em perigo para tirar selfies com o akuma; como o atrasado do Kim que se levantara, posando para a câmara; teriam mais likes nas redes sociais.

Era desesperante. Ao seu lado, Alya já filmava o vilão, muito, muito de perto, relatando o que a criatura fazia. E era bem feia a moça. Olhou para a mesa onde a professora, toda encolhida se refugiara, a bata branca cobria os seus joelhos fletidos. Entrou numa espécie de pânico quando viu a criatura a esticar o braço, saindo raios amarelados dos seus dedos, adornados com longas garras negras e, progressivamente, a mesa desprendia-se do chão.

 - Professora! - não conteve  um grito, era mais forte o espírito de heroína.

O seu coração batia mais rápido, notou em Adrien que se levantou num salto, ultrapassando o obstáculo da mesa com a mão e correu até à mulher, atirando-se contra ela, impedindo que a mesa que voou pela janela, agora quebrada, levasse consigo a detestável mulher.

Lentamente, ela abriu os olhos e gritou. Atirou Adrien para longe de si, com certa repugnância e, caso Marinette não o agarrasse por trás, com ambas as mãos nos seus ombros, impedindo que este escorregasse para um precipício que se recém formava. O joelho da garota pressionou-se contra as costas do amigo, que soltou um gemido de dor pelo impacto.

A adrenalina corria nas suas veias, respirava descontroladamente, sem se conseguir acalmar. Inclinou-se sobre os ombros de Adrien que soltou novamente um gemido.

 - Marinette... salvaste-me. - disse ele, fraquejando, era evidente que estava em dor - Se não me tivesses salvado... não sei o que aconteceria.

Com horror, visualizou Adrien a cair, a cair pelo precipício, os seus olhos verdes transmitiam um medo incontrolável.

Merci Chaton (EM REVISÃO)Where stories live. Discover now