Capítulo 17 - A maldição

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Aaron franziu as sobrancelhas levemente quando sua presença foi confirmada naquela busca;  ele sabia que não daria a lugar nenhum.
Depois de todas aquelas noites no hospital, não era bem daquela maneira que esperava ser recompensado.

— Vanessa tem razão. Ficar aqui sozinhos no escuro deve ter sido um pouco aterrorizante, deveriam tirar uma folga.— Aaron cruzou os braços, encarando os dois.

— Na verdade, uma folga não seria algo que eu iria reclamar...— Willow disse baixo. Depois de tantos dias concertando os mínimos detalhes do avião, a piloto estava exausta mentalmente.

Vanessa concordou com a cabeça, encarando sua amiga.

— Mas você ainda está se recuperando, não deve fazer esforço, não é?— Ela voltou a falar, agora olhando a parte onde a jaqueta de Vanessa ficava levantada graças ao curativo.

— Vou seguir as orientações médicas. — Um silêncio constrangedor permaneceu na sala depois da resposta da detetive. — Não precisa se preocupar, você me conhece...

Era verdade, Willow a conhecia melhor do que ninguém; e esse era exatamente o motivo que despertava a sua desconfiança.

— Eu vou estar de olho nela até vocês voltarem! Nos tornamos bem próximos durante as minhas visitas no hospital. — Aaron comentou animado recebendo logo em seguida uma encarada feia da detive.

Com um sorriso sugestivo nos lábios, o lenhador interrompeu sua fala, retirando o casaco pesado que usava naquela manhã. Sentiu falta do ambiente familiar que seu chalé trazia.

— Então podemos ir! — Khalan comemorou, ignorando completamente a tensão que havia se formado entre o casal. — Comer fora não seria nada mal...

— Podemos experimentar os vinhos que eles produzem aqui.— Willow ponderou sobre o assunto, e no fim, sua curiosidade pelo local lhe invadiu.— Aaron, tome cuidado, não queremos voltar e ver nossa amiga aos frangalhos.

A piloto pegou seu casaco com touca felpuda, enquanto seguia Khalan pela porta da frente. Serem inconsequentes não era novidade para Vanessa, mas ela se sentia culpada de ver seus amigos sob tanta pressão graças a um trabalho seu.

— Então sinto que teremos uma vida de casados. O que quer para o jantar, querida?— Aaron sorriu— Mas antes, preciso de um banho longo e demorado. Estou com cheiro de hospital.

— É melhor do que o seu cheiro de bicho do mato. — Vanessa retrucou dando as costas. — Quero dar uma volta pela floresta antes que a noite caia. Pode andar logo?

Olhando por cima do ombro, a detetive observou o momento em que o norueguês terminava de desbotar a sua camisa. Por mais que fosse prudente desviar o olhar, essa ação se tornou inviável durante poucos segundos.

— Nada mau. — Ela concluiu depois de um longo silêncio. Logo, voltando a atenção para o notebook apoiado em seu colo. — Mas é melhor encerrar o seu show de exibicionismo.

— Se quer que eu termine meu banho com pressa, então é melhor entrar comigo pra lavar as minhas costas.— Aaron sorriu cínico,  desaparecendo da visão da detetive por alguns segundos, e logo voltando com sua toalha pendurada no ombro.— E eu não estou me exibindo, você é quem escolheu me olhar. Aqui é um país livre.

Empurrando a porta do banheiro com o pé, o lenhador se enfiou no cômodo com pressa, afinal, o frio que fazia ali o impedia de ficar andando sem um casaco pesado.

Depois de longos minutos e de vários xingamentos de Vanessa, Aaron finalmente saiu com a toalha enrolada na cintura e os cabelos molhados quase na altura do peito. A fumaça que saía de seu corpo mostrava o quão quente deveria estar a água.

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