Capítulo 15 - All day and all of the night

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O primeiro dia presa dentro de um hospital havia sido tortuoso para Vanessa. Mas pior do que ficar parada, era ela não poder fugir do lenhador irritante que a acompanhava o dia todo e passava as noites na cadeira desconfortável no canto da sala. Com o tempo, eles acabaram se acostumando com a presença um do outro.

Já no chalé o clima estava agradável o bastante entre Willow e Khalan. Enquanto a piloto passava o dia consertando o avião derrubado, Khalan passava as manhãs tentando recuperar o resto da droga que acabou conseguindo no dia da festa. Durante toda a confusão, o químico havia pego um copo, vendo no fundo dele um pó avermelhado.

Uma tempestade se aproximava naquele dia, e sabendo que não teria como sair do chalé, Khalan optou por ficar na casa. Desde o incidente da festa nenhum dos dois haviam comentado sobre suas suposições e desconfianças sobre a situação— O susto havia sido forte o suficiente para deixá-los receosos.

— Estamos sozinhos de novo. — Khalan comentou em um tom melodioso, mas sua bela voz passou longe de chamar a atenção da piloto que estava concentrada pensando em uma legenda para postar com a sua nova foto.

Como sempre, os dois estavam dividindo o pouco espaço no sofá. Era uma boa oportunidade para uma aproximação sutil, embora nada do que o tailandês fizesse fosse sutil.

Khalan havia planejado uma estratégia, mas acabou se distraindo enquanto trocava os anéis da mão direita da australiana de lugar. Ela não parecia se importar, mesmo que as joias valessem uma fortuna.

— Já esteve no quarto do Aaron? — Willow tirou os olhos do celular questionando as intenções do químico com aquela pergunta. — Só estou curioso! Ele precisa ter algum defeito, deve ter quadros estranhos de cavalo pendurados na parede...

— Parando para pensar...ninguém entra no quarto dele a não ser ele.— ela mordeu a própria boca, encarando o chão por alguns segundos.— Não acha esse chalé estranho?

Khalan ergueu as sobrancelhas, como se pensasse a respeito, mas negou com a cabeça. Para ele, o chalé era aconchegante.

— Uma vez eu passei perto da porta do quarto dele, e me senti sendo observada. Mesmo que eu fosse a única pessoa aqui na casa.— A mulher cruzou as pernas sobre o sofá, se ajeitando para poder encarar seu amigo.— Ainda não me desceu aquele grito que o Aaron simplesmente não ligou, e não iria atrás se não fosse pela Vanessa.

Não tocar no assunto depois das horas que o casal havia passado sozinhos na floresta não fora nada tranquilo. Depois de todos aqueles dias ainda havia uma parte do grupo que queria respostas.

— Não somos a Vanessa, mas podemos investigar por nossa conta! — Khalan sugeriu como se sua experiência observando a detetive bastasse. — Só precisamos usar o nosso intelecto e um pouco de mau humor.

Para demonstrar sua dominância no assunto, o homem cruzou os braços fechando o cenho, prendendo a respiração até que seu rosto tomasse uma coloração vermelha. Era exatamente a mesma expressão que a brasileira fazia quando estava com raiva.

— Se continuar assim vai acabar desmaiando!— A piloto soltou uma gargalhada, vendo Khalan soltar o ar pela boca de uma vez.— Não acho que seria certo bisbilhotar. Lembrando que se o Aaron ficar bravo e tentar partir pra briga com a gente, provavelmente não vamos sair vivos.

Willow se virou de lado, colocando suas pernas sobre o colo do tailandês.

— Uma coisa que até agora eu achei estranha, foi o fato dele ter aberto a porta com machadadas, sendo que vem escrito no puxador como abrir a porta. Isso atrasou ainda mais a recuperação do avião.

A piloto cruzou os braços, pensando a respeito em silêncio. Khalan encarou o teto, se lembrando do prefeito e sua carranca familiar.

— Eu sabia! — Ele comemorou sua descoberta quase saltando do lugar. — Só precisava tirar as camadas, o prefeito tem uma estranha semelhança com o Aaron!

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