Capítulo 9 - Sabotagem

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Quando o dia seguinte chegou, Khalan foi o primeiro a acordar, e sem emitir som algum, ele se dirigiu até a cozinha.
Por viver sozinho a um bom tempo, ele já estava acostumado a sempre cozinhar. O cheiro do chá acabou chamando a atenção da piloto que ajeitava sua jaqueta no corpo.

Sem muita conversa, Willow comentou que iria trabalhar no avião naquele dia, e após uma breve xícara, ela se despediu do amigo enquanto saía pela porta calçando suas botas.
Assim como anteriormente, o céu estava nublado e um vento frio percorria as montanhas, nada ali parecia muito animador.
 Quando avistou o avião, Willow se apressou a procurar as ferramentas que ficavam em seu interior para emergências, e finalmente poder começar seu trabalho.

Algumas horas se passaram, enquanto a mulher ajeitava o grande painel, que agora sem o vidro quebrado, era possível de enxergar. Os dedos ágeis da piloto passaram pelo ponteiro que indicava o nível de combustível, e mesmo batendo com a ponta da unha, ele não se movia de forma alguma.

— Estranho.

Willow torceu a boca, e com pressa saiu do avião para conferir a asa, e assim como ela imaginava, o galão de combustível estava vazio.

"A viagem não foi tão longa para acabar tudo.", ela pensou com seus botões. Pegando as luvas grossas do bolso, a piloto começou a desmontar a parte da asa onde ficava o combustível, e assim como ela suspeitava, havia um grande buraco atrás, dando saída para o outro lado.

— Desgraçados...— Com o punho ela deu um soco na neve, respirando fundo em seguida. Fazer um escândalo apenas iria piorar a situação, e sabendo que poderia prejudicar todo o caso, Willow preferiu fechar novamente a tampa da asa e cuidar daquele problema sozinha.

Estava claro que aquele dia estava longe de terminar.

No chalé, o tom de voz rude de Vanessa e o timbre calmo e despreocupado de Aaron pareciam transpassar as paredes amadeiradas, de modo que a discussão entre os dois preenchesse todos os cômodos.

Embora barulhento, o evento não parecia incomodar o tailandês que se ocupava em amarrar os próprios cadarços. Ter uma família grande lhe rendeu uma tolerância acima da média mesmo sob pressão.

Os poucos dias reservados para adaptação haviam chegado ao fim, e a investigação precisava seguir em frente. Khalan tinha seus próprios interesses com a equipe médica que estava tratando as vítimas das recentes overdoses.

Os passos pesados do lenhador anunciaram a sua presença na sala, ele parecia satisfeito com a discussão acalorada. Sem aviso prévio, Aaron jogou as chaves da caminhonete na direção do tailandês que as pegou apenas por reflexo.

— É melhor me devolver inteira, não vou cair na história de que foi só um arranhão. – Aaron advertiu se desencostando da parede no corredor para esticar seus músculos.

— Tudo bem, "pai".— Khalan respondeu entre uma risada anasalada, enquanto carregava uma pasta nas mãos.— Tentem não se matar enquanto estamos fora.

Depois de uma breve despedida, ele se retirou do recinto, fechando a porta com cuidado para não fazer barulho; uma mania que adquiriu por trabalhar em laboratórios onde o silêncio é necessário.
Aaron se jogou no sofá assim que teve a chance, soltando o ar pela boca como se estivesse bufando.

— Tudo bem, Pinheiro, vamos fazer isso.— O olhar de confusão da detetive nem mesmo foi disfarçado enquanto ela o encarava.— Vamos te treinar para conseguir ir na festa sem parecer que é uma agente do FBI.

— Seu senso de humor não faz sentido algum... – Vanessa respondeu franzindo as sobrancelhas em reprovação. – Isso é coisa de norueguês? Porque eu espero que os outros não sejam como você.

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