-O que você tá olhando? 

-Nada. Só pensando como seus pais estavam inspirados quando fizeram você. 

-Eca. Que coisa horrível!

-Porquê? Você acredita na história que foi a cegonha que te trouxe? 

-Não.  Mas também não preciso ficar pensando que minha mãe fazia essas coisas.

-Fazia?

-Sim, ela não tem ninguém agora.

Peter é um cara legal e aparentemente  descolado, mas às vezes demonstra ser um pouco conservador, não muito, mas em alguns casos, como agora. Provavelmente ele acha que Susan só transou 2 vezes na vida.

Sentamos para lanchar, pois Peter precisará de um tempo para digerir tudo o que trouxe antes que o treino comece. Enquanto comemos, pergunto como andam as coisas com a Sra. Kavinsky.

-Melhor um pouco. Foi mesmo como você falou, que ela iria se acostumar com minha ausência. Ainda recebo mil mensagens e ligações todos os dias, mas ela tá menos irritante. 

-Que bom. Eu falei para você. 

-Sim, falou. Mas agora pára de falar e me beija. 

Ele tira o sanduíche que estava pela metade das minhas mãos e me beija, afastando a sacola de lanches e me puxando para seu colo.  É um perigo beijá-lo assim, depois de tudo que vivemos no fim de semana, depois de saber de todas as sensações que Peter é capaz de me fazer sentir.  Contato demais é sempre arriscado. 

Aproveito por um tempo essa intimidade e proximidade com ele, anoiteceu e o campo permanece vazio. Deito minha cabeça em seu ombro e ele fica desenhando círculos na minha barriga com a mão por baixo da camisa.

-Queria que você passasse a noite aqui comigo.

-Uhmmm! 
Respondo com um gemido, porque fico imaginando como seria bom. 

-Eu também queria. Foi difícil ficar em Berkeley sem você depois desse fim de semana. 

- Foi difícil mesmo. Você vem nesse de novo? 

-Num sei. Eu tenho prova sexta e uma apresentação segunda. 

Na sexta farei a primeira avaliação em matemática financeira básica. Estou revisando a matéria toda, fazendo exercícios de um site que o professor indicou, venho me dedicando bastante para ir bem.

-Sexta vamos ter um amistoso aqui.  Nada grande, mais um jogo de uma série que o treinador  marcou para dar ritmo pra gente. Vai ser contra um time juvenil de uma equipe profissional de São José.

-Que horas vai ser?
Quando o ouço falar sobre o jogo fico nervosa. Me recordo de sua estreia, todo o drama do meu esquecimento e a promessa que eu fiz de assistir.  Penso como vou justificar  não fazer a prova e poder realizar a segunda chamada. Tenho que dar um jeito, pois faltar ao jogo não é uma opção. 

-Vai ser às 16h. Mas não precisa se preocupar, será só um amistoso.

-Não, eu venho. Eu prometi que viria.

Peter sorri satisfeito, mas ele nem sabe que vou perder uma prova para estar aqui torcendo por ele. Um sacrifício em nome do amor. 

Por falar em jogo e plateia, lembro-me de tocar em um assunto delicado, o qual nem sei por onde começar.  Respiro fundo e tento manter a calma e a razão. Saio de seu colo e me sento ao seu lado. Como não faz nem ideia do que o aguarda ele deita na minha perna e pede para que eu mexa em seus cabelos. O que atendo, porque a carinha que ele faz é irresistível demais.

Me marca, sou todo seu Parte IWhere stories live. Discover now