Capítulo 20

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A semana de aula foi tranquila. Margot costuma dizer que é propaganda enganosa: todas as matérias parecem maravilhosas e todos os professores parecem legais. Somente com o passar do tempo que percebemos "quem é quem".

Estou tendo uma experiência exatamente assim: adorando tudo e todos. Os professores são divertidos e nesse primeiro momento os encontros são  voltados para apresentar as ementas do curso, metodologia, avaliação etc. As coisas práticas. 

A cadeira de Redação era uma das mais concorridas.  As aulas são em um anfiteatro, o que me faz viajar durante as explanações do professor. O Sr. Carlton deve ter uns 60 anos, mas tem uma vitalidade e um prazer em ensinar, que a turma inteira praticamente nem pisca quando o ouve falar sobre os diversos modelos literários e os gêneros textuais. Eu saí apaixonada da aula.

-Lara Jean.
Kelly me chama animada quando estou arrumando meu material na mochila.

-Que aula foi essa? Nossa. Adorei. Acho que é isso que quero fazer da vida. Dar aula de redação e ser feliz igual a esse professor.

Eu rio, saio com essa mesma sensação, que ele é muito feliz com o que faz.

-Eu também adorei. Mas você não quer estudar literatura.  Apenas ficou empolgada com uma aula bem dada. 

Eu acho que é isso que se espera da vida acadêmica. Professores capazes de despertar o interesse do aluno, em cada matéria. Não só daqueles que já tem uma afinidade pelo assunto.

Quando fui para Educação Financeira Básica,  eu estava muito nervosa, com medo do que iria encontrar. Mais uma vez fui arrebatada por um professor extremamente cativante, capaz de fazer a matemática e planilhas parecerem que foram feitas uma para a outra. Ele afirmou que até o fim do semestre todos nós estaremos amando a matemática e não conseguiremos mais viver sem organizar nossa vida financeira em planilhas. Seu nome é  Frank Adler. E ele é tão jovem, que é estranho chamá-lo de Sr. Adler. 

Encontro Kelly para o almoço. Nossa empolgação é tão grande, que várias vezes nos atropelamos na hora de falar sobre as nossas experiências. Ela está fazendo aula de Diversidade e Cultura, e saiu cheia de ideias, pensando inclusive no seu trabalho de conclusão de curso. 

No fim do dia estávamos cansadas, mas com a sensação de dever cumprido. Amanhã nós vamos tentar encontrar alguma atividade física para aguentar o pique da faculdade, como disse Trina. Não é possível que a gente fique tão cansada assim.

A noite está agradável. Sento-me na área externa, ainda muito movimentada, para ligar  para Peter.

-Oie.

-Oi.
Caramba. Você está no gramado, que legal.

-Sim. Estou. Acabei de jantar e tava dando uma volta para ajudar na digestão.  Como foi seu dia? Continuam maltratando você no Lacrosse?

-Como você é debochada Lara Jean. Era pra você estar do meu lado. 

-Eu queria.

-Queria o quê?

-Estar do seu lado.
Ele sorri com a brincadeira, mas fica sério em seguida.

-Quando eu chego cansado, a única coisa que eu queria mesmo era encontrar você.  Igual na escola, depois do jogo era: banho e Lara Jean.

-Agora você só tem o banho.

Eu acho tão curioso isso.  Eu amo minha família, e sinto muito a falta deles. Nos jantares, conversar com meu pai enquanto ele tenta ler o jornal, a correria de Trina, a prepotência de Kitty. Até de ficar com a roupa cheia de pelos do Henry eu sinto falta. Mas a gente sobrevive bem sem vê-los. As mensagens e ligações,  pelo menos por um tempo,  são suficientes.

Me marca, sou todo seu Parte IWhere stories live. Discover now