Capítulo 13- You really got me

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— É a sua primeira vez aqui? — Vanessa perguntou em um tom mais alto, mas precisou se aproximar para repetir a pergunta  por conta da música alta.

— Ãhn...— Ele comprimiu os lábios numa linha, encarando o céu por uns instantes. Sabendo que não poderia fugir da pergunta, apenas negou com a cabeça.— Eu costumava ser chamado pra festas assim.

Passando o braço por trás da detetive, o lenhador pegou um copo qualquer com uma bebida alaranjada dentro. Logo recebeu um olhar desconfiado da mulher, ao oferecer para ela.

— Não é pra beber, apenas segure. Nessas festas eles normalmente vão te dar um copo e esperar até você acabar com ele se não estiver bebendo. O mais seguro é ficar com um na mão e dizer já estar bebendo.— Vanessa ergueu as sobrancelhas ao ouvir o raciocínio do loiro, mas não o questionou sobre como chegou a aquela conclusão.— Mas e você, é a sua primeira vez numa balada clandestina?

— Não costumo participar das operações de campo, então sim. — Sequer havia passado pela cabeça da detetive que ela poderia frequentar festas como aquela fora de seu trabalho. — É diferente do que eu imaginava.

Os olhos negros da oficial percorriam os quatro cantos do terreno estudando o comportamento dos adolescentes. Aaron testemunhou o exato momento em que ela enxergou algo que não deveria ver e desviou a atenção com pressa.

— Adolescentes me assustam às vezes. — Ela admitiu enquanto observava a bebida em seu copo se mover por conta própria acompanhando o grave do som. — Isso é realmente útil, nunca sei o que fazer com as mãos em festas.

— Você não costuma viver a própria vida, não é?— Aaron perguntou sem perceber, mas ao não receber uma resposta agressiva, continuou.— Sei que a sua vida deve ser perigosa e cheia de empecilhos, mas você é jovem e nunca viveu nada fora do trabalho pelo jeito.

A detetive respirou mais fundo, tentando mudar o foco do assunto, mas era difícil olhar para outro lado sem ficar traumatizada.
Vanessa sentiu seu corpo ser levemente empurrado para frente, seguido de um pedido de desculpas de um garoto que claramente não tinha idade o suficiente para estar ali.

— Vamos sair de perto das mesas, deve ter alguém suspeito por perto do palco ou nas saídas por trás.— O lenhador comentou, enquanto passava o braço pela cintura da mulher.— Não saia de perto de mim.

Antes de contestar algo, Aaron saiu andando por entre as pessoas, praticamente carregando a mulher enquanto servia de escudo contra o mar de pessoas. Vanessa se sentiu uma boneca de pano sendo carregada daquela forma.

Quando finalmente o lenhador parou de andar, Vanessa se afastou dando um curto passo para trás, era o mais longe que conseguia manter seus corpos. Aaron não parecia nem um pouco interessado em facilitar o distanciamento.

Desviando o quanto podia do norueguês, a detetive observou os adolescentes ao seu redor e um em especial lhe chamou a atenção. Um garoto pálido com o rosto coberto de sardas, eles se encararam por poucos segundos antes dele sumir entre a multidão.

— Jhon... — Vanessa pronunciou com um olhar intrigado, chamando a atenção de Aaron. — Pensei que ele não voltaria depois do que aconteceu...

— Muito menos depois dele ter dito que odiava esse tipo de lugar e o pessoal que frequentava.— Aaron ergueu um pouco seu corpo, podendo enxergar por cima do mar de pessoas, sua altura ajudava bastante no momento.— Por aqui.

Ele agarrou a mão da detetive, a puxando novamente para conseguir passar entre as pessoas. Jhon tentava andar cada vez mais rápido, mas não tinha força o suficiente para empurrar as pessoas da sua frente, e percebendo a brecha, Aaron esticou o braço, agarrando o colarinho do garoto.

— Por que está aqui? E por que tentou fugir, garoto?— O lenhador precisou aumentar sua voz, enquanto com uma mão segurava o adolescente, quase o tirando do chão, a outra mão ainda segurava Vanessa com firmeza.

— E-eu não fugi, juro!— aumentando o tom de voz, o ruivo parecia desesperado para se soltar.— Vim aqui apenas pra me distrair! E-eu nem bebi nada!

— Sei, e a cor natural da sua boca é laranja?— O lenhador debochou, apertando ainda mais o colarinho.

O conflito começou a sair do controle, tomando proporções grandes o suficiente para se espalhar o boato de uma briga. Aaron raramente era visto fora do chalé, e logo sua presença atraiu diversos olhares curiosos.

— O que deu em você!? — Vanessa brandou tentando se desvincular do norueguês que havia perdido completamente a noção da força que a estava segurando.

Jhon estava com o rosto congelado em uma expressão de terror, seu medo era real e seus sentido não estavam respondendo da maneira que deveriam. O estado embriagado que se encontrava só poderia piorar sua situação.

— Eu estou estou encrencado? Estou, não estou? — Ele perguntou em meio ao nervosismo ainda tentando se soltar, mas a diferença de estrutura entre os dois era gritante.

Enquanto a discussão continuava, Vanessa olhou por cima do ombro procurando por algo ou alguém. Ela não sabia ao certo o que estava visando, seu instinto era o único sentido que jamais iria lhe trair. Mas naquele momento ela torceu para estar errada.

Soltando o ar pela boca, o lenhador finalmente afrouxou o aperto, colocando Jhon de volta ao chão sem que ele caísse.

— Ainda não, mas pode estar amanhã quando eu for falar com os seus pais.— Aaron sentiu seu braço ser puxado com força, e quando se virou para questionar Vanessa sobre o que era, tomou um susto.

O barulho alto de um tiro seco ecoou por toda a festa, superando até mesmo as batidas fortes da música, que foi parada imediatamente. Todos começaram a gritar, correndo com pressa para saírem do meio do campo. Uns empurravam o que estava em sua frente, enquanto outros estavam petrificados gritando de medo. Mas todos foram arrastados para longe de alguma forma.

Em meio a toda aquela confusão, Aaron percebeu como o aperto da mão de Vanessa havia se esvaído, e assim entendeu o que havia acontecido. 

O sangue escorrendo pela jaqueta transparente fez o lenhador se desesperar por alguns segundos, gritando a detetive e a sacudindo para que ela o respondesse, mas o tiro em seu braço havia feito Vanessa perder seu sentido.
Tudo parecia ter ficado em completo silêncio naquele momento, como se um vácuo tivesse privado aquela parte da Noruega, tirando o ar o som e os sentidos; apenas o desespero permaneceu. Aaron escutava batidas de coração enfraquecendo, mas não sabia explicar se era o seu mesmo, ou se era o da mulher dona dos cachos manchados de sangue.  

A segurando entre os braços, ele apenas teve o pensamento de proteger a oficial do tumulto das pessoas, enquanto procurava ao redor o responsável. Mesmo depois de ver uma figura alta guardando algo na cintura, o lenhador não pôde fazer nada pensando em cuidar do ferimento primeiro— iria resolver aquilo depois.

Ao chegar na caminhonete carregando Vanessa no colo, ele se deparou com Khalan pálido, enquanto Willow olhava atentamente tudo ao seu redor.
Mas ainda que estivesse preocupado com a dupla, Aaron apenas repetia que deveriam correr para o hospital, sem soltar a mão fria da detetive nem por um momento. 

Red Pills [EM ANDAMENTO]Where stories live. Discover now