Uma Neblina Sentencial

325 29 1
                                    



-Com certeza essa é uma péssima ideia. –falei para que os Volturi próximos me ouvissem.

Eu estava na fila de embarque, em um aeroporto, ao lado de Ethan e os três outros vampiros que foram “gentilmente” me buscar na ilha. Minha fome por todos aqueles humanos ao meu redor, era constante. Havíamos percorrido doze horas de carro até Hamburgo, na Alemanha, e o que faltava do caminho até o Aeroporto de Florença, Itália, que levaria mais três horas e meia de viajem, seria de avião. Depois ficaríamos mais uma hora dentro de um carro, a caminho de Volterra.

-Tome o seu suquinho, amor. –ouvi Demetri falar, mas não ousei olhar para o mesmo, por raiva.

Alec havia coletado um litro de sangue animal e dividido em duas garrafas térmicas. Uma para mim e outra para Ethan. Ele tinha feito o mesmo para si e os outros dois Volturi, mas com sangue humano.

-“Amor” só quando eu ver as suas cinzas. –retruquei secamente e ouvi Demetri rir.

-Todos nós temos nossas garrafas de “sucos de morango”, senhorita Wheeler. Não precisa se preocupar. É só manter a calma. São apenas três horas. –a calma de Jane me incomodava.

Olhei para Ethan e o mesmo estava olhando para mim. Seus olhos queriam me dizer algo, então tentei ler sua mente e vi que ela estava sem o bloqueio.

“-Fique tranquila” era o que ele dizia em pensamento. Então projetei minha voz em sua mente, como fazia com Beethoven, falando “-Eu queria poder fazer Jane e Demetri engolirem o sorrisinho deles... Depois eu arrancaria a cabeça dos três”. Meu comentário fez Ethan abrir um largo sorriso. Ele logo bloqueou seus pensamentos e tornou a olhar para frente. Vislumbrei rapidamente o olhar confuso de Demetri e sorri vitoriosa por aquilo.

Assim que embarcamos, Jane “pediu” para eu sentar na poltrona da janela e ela sentaria ao meu lado. Porém quando a vampira fez menção disso, eu imediatamente segurei a mão de Ethan, percebendo que ele iria fazer o mesmo. Corria o risco de eu avançar no sorriso cínico de Jane durante a viagem e Ethan sabia deste fato. A garota pálida de cabelos louros fez um olhar de desaprovação e depois cedeu quando viu que o passageiro humano, que se sentava a duas fileiras atrás das nossas, estava observando nossos movimentos. Logo expus mais um sorriso de vitória.

Quando já estávamos ajeitados e o avião estava decolando, ainda não havia soltado a mão de Ethan e, quando aludi soltá-la, o avião sofreu uma leve turbulência, o que me fez quase quebrar a mão do vampiro ao meu lado, enquanto eu encostava todas a parte das minhas costas e parte de trás de minha cabeça, na poltrona em que estava sentada. Como seu eu pudesse prender meu nervosismo entre mim e o assento.

-Isso com certeza doeria se eu fosse não fosse um vampiro. –Ethan falou próximo ao meu ouvido, para nenhum humano escutá-lo.

Eu sorri de maneira retraída pelo meu ato e soltei a mão dele, logo cruzando os braços o mais forte que eu podia assim que presenciei outra turbulência.

-Novatos. –ouvi Alec pronunciar na poltrona atrás de Ethan e revirei os olhos.

-Inexperientes, Alec. Seja mais formal, como a rainha da Inglaterra ali. –Demetri, que se sentava atrás de mim, deu um leve soco em minha poltrona e com aquilo senti minha fúria crescer. Porém me controlei, porquê era necessário.

-Por hora deixemos os humanos de lado... Estou incerta se conseguirei aguentar mais três horas com esse vampiro repulsivo atrás de mim, sem desmembrá-lo. –falei a Ethan.

-Eu também. –o imortal ao meu lado afirmou, seriamente.

-O tigrezinho já tá com ciúmes sem nem marcar território. –Alec zombou.

Perdendo o controle, Ethan iria se levantar, mas o intervim, segurando a sua mão direita com a minha esquerda e pressionando a minha mão direita em seu ombro direito.

-Não se dê ao trabalho de por suas mãos no mentecapto rei, Ethan. Não vale a pena gastar seu tempo com isso.

Ele tomou conhecimento do que iria causar se atacasse aquele descerebrado no avião em pleno voo e com isso, foi se acalmando, enquanto olhava para mim.

O rosto de Ethan estava há poucos centímetros de distância do meu e o azul acinzentado dos seus olhos estava apagando as pessoas a nossa volta. Convidativos. Senti que logo eles se tornariam irresistíveis, o que rendeu em um rápido calafrio percorrendo meu corpo e no medo insistente. Então, para cortar a nossa suave troca de olhares, deitei minha cabeça no ombro do vampiro, como já havia feito na viagem de carro e no chalé de Edward e Bella. Mas desta vez, Ethan relaxou sua cabeça no topo da minha. Minha mente queria trabalhar para pensar em possíveis consequências que aquele caminho traria, mas eu as ignorei, pensando apenas no momento presente: Ethan já era meu amigo que estava me ajudando a superar a minha maior perda.

“Mais um grande amigo para minha extremamente curta lista de amizades. Quem diria, Anne Wheeler?!” pensei.

Passada às três horas e meia de voo, e mais trinta minutos até conseguirmos alugar um carro para irmos a Volterra, já dentro deste último veículo por quinze minutos, eu adquirira a certeza mais que absoluta de que preferia mil vezes estar queimando a ter a companhia de Demetri. Além das piadas enfadonhas dele, ainda existia a desconfiança em todos os três Volturi presentes e uma neblina sentencial pairando sob nossas cabeças. Onde estaria o nosso futuro? O que as mãos dos três grandes líderes da ordem entre os vampiros, entregariam a dois da sua lista de procurados? As possíveis respostas não eram muito boas.

-Às vezes gostaria de não poder dormir. -falei a Ethan, enquanto meu sono insistia em tomar-me para si e eu apoiava minha cabeça no ombro do vampiro de olhos azuis acinzentados.

-Pode dormir. Eu vou ser seus olhos enquanto isso. Eles não conseguirão fazer nada. -assim, Ethan lançou seu olhar confiante e intimidador para os três outros vampiros.

Demetri dirigia, Alec se encontrava no banco ao lado do amigo e Jane sentava-se a minha direita.

-Estamos quase chegando. Acredito que Aro irá querer te ver assim que pormos os pés em Volterra. Recomendo que não durma. -alertou-me Jane.

-Não costumo seguir recomendações, Jane. -retruquei.

-Senhorita Jane. -corrigiu-me a própria.

-Tanto faz. -assim que respondi tal afirmação, ouvi um curto riso de Demetri e um bufar de Alec, que parecia controlar seus sentimentos odiosos ao meu respeito ou, melhor dizendo, ao meu desrespeito.

-Eu adoraria beber um pouco de sangue, neste exato momento. -Alec falou e Ethan colocou seu braço direito sobre os meus ombros, me puxando levemente para mais perto de si.

-Tenha calma, meu irmão. Logo chegaremos em casa e tenho certeza que terão vários turistas para nos deliciarmos. Os mestres tem conhecimento das circunstâncias que tivemos que passar. -eu certamente teria tido um embrulho no estômago com a fala de Jane, se isso fosse possível para mim. Ao invés disso, senti minha raiva se aprofundar a respeito da alimentação vampírica dos Volturi.

Where I Go?Where stories live. Discover now