Vivacidade Eterna

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Depois de quase uma hora de começar e recomeçar a melodia, meus pensamentos sobre meu grande amigo foram interrompidos quando ouvi alguém pular a janela, que não era bem janela, do meu novo cantinho do mundo clássico. Logo me sentei, ainda no divã.

-Não acredito que é você! –disse Alice, com sua vivacidade eterna.

Fiquei perplexa com aquela fala. Eu não havia dado permissão para verem o meu futuro e, tecnicamente, não era famosa.

- Anne Wheeler, prazer. –falei estendendo a minha mão para um formal cumprimento, mas era a Alice e logo a mesma me abraçou. Depois se sentou ao meu lado.

-Vi você através do futuro do Felix, faz um bom tempo. E você estar aqui acaba de confirmar que conseguiu fugir dele, do Demetri com sua excelente habilidade de rastreamento, também de Alec e Jane, juntos!

Alice agora estava com seus olhos dourados arregalados, olhando para mim e cheia de curiosidade.

“Certo. Com essa hipótese eu não contava. Minto ou falo a verdade?” Tentei demonstrar apreensão em contar, na intenção de ela desistir da pergunta, percebendo assim que eu não gostaria de tocar no assunto.

-Então? –questiona a garota ainda curiosa.

De fato, minha tática não funcionou. Então tentei outra: a verdade encoberta.

-Estudei bastante os Volturi e minha habilidade vampírica me permite desenvolver táticas para, no caso, ultrapassar as que são usadas contra mim e assim sair vitoriosa.

-Logo seu estudo serviu para ter conhecimento das táticas deles. –Alice completou minha fala.

-Certamente. –afirmei.

Percebi que ela estava curiosa em relação a minha forma de falar. Então me apresentei devidamente.

-Nasci em 1.752 e fui transformada em 1.770. Por questão de sobrevivência incalculada, só me alimentei de sangue humano por todos esses anos. Eu matava contra a minha vontade, porque não conhecia outro método até descobrir sobre os “vegetarianos” como sua família. Assim que conheci o método, tentei começar a praticá-lo sozinha, mas não obtive sucesso. Então aqui estou eu, buscando me reabilitar.

Consequentemente Alice me perguntou sobre como os Volturi me descobriram e recontei toda a história que já havia falado a Carlisle, mencionando isto também.

A conversa continuou, seguindo um caminho que eu distorcia com cuidado para não revelar o que não devia ser revelado, sem chamar a atenção para o mesmo assunto. Alice evidentemente havia gostado de mim e eu dela. Era difícil não se afeiçoar a seu gênio extrovertido. Sua vivacidade e espontaneidade eram admiráveis, parecidas com a que eu possuía em um passado distante.

Mas não importa o quanto você saiba que pode confiar em um indivíduo exclusivo, pois, de fato, confiar é algo extremamente diferente. Portanto mantive meus segredos apenas comigo. E no que se baseiam meus segredos? No passado a mercê da dor em minha alma. Uma dor tão ávida que nunca fui capaz de deixa-la ir. Contudo, ela não envolve parte de minhas habilidades. As táticas são consequência de meu estudo, do lado racional de todo o ser humano, mesmo que fossem meramente aprimoradas depois de minha transformação vampírica. Há mais. Há bem mais habilidades aprimoradas ao longo dos anos. Há também aquelas que tornaram parte do ser humano presente, em algo ainda em mim existente, pois necessitavam dele. Vieram dele. Mas estas últimas habilidades não são de total segredo, apenas se referem à parte do motivo dos Volturi estarem me perseguindo. Esta seria a outra parte que não contei a Carlisle. Mesmo que eu soubesse da mínima chance de que se contasse a eles, os mesmos ainda sim me abrigariam, eu queria privá-los do saber. Se a “soberania vampírica” descobrisse onde eu me localizava e culpassem os Cullen de acobertamento, eu falaria a verdade sobre a inocência dos mesmos e Aro certamente a confirmaria assim que tocasse em algum deles, lendo seus pensamentos.

Parte da minha história era um segredo e a outra parte eu apenas tentava não comentar.

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