Anciã

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-Você é Edward Anthony Masen Cullen, pai de Renesmee Carlie Cullen e marido de Isabe...

-Não é isso. Sabe que não é. Sabe inclusive que eu vi você me observando no hospital quando ainda era humano. Que eu tive acesso a seus pensamentos por poucos instantes antes de você me bloquear.

Não parei de caminhar. Eu deveria terminar tudo ali. Faze-lo esquecer daquelas memórias e do início daquela última conversa. Mas por um segundo pensei que falar tudo o que havia acontecido não influenciaria na minha afeição pelo Cullen ao meu lado. Pensei que meus longos períodos vazios pudessem ter me dado a escolha de me apegar as outras pessoas ou não. Aquele não era o mesmo Edward que tinha minha afeição. Mesmo se eu contasse o que havia acontecido entre mim e ele, não mudaria nada além do fato das dúvidas dele serem sanadas. Então me prendi a esse pensamento.

-Se quer mesmo ver, então veja. -dito isso, liberei meu bloqueio e concentrei meus pensamentos em toda a história que lhe condizia, assim me poupando de pronunciar palavras.

Eu te conheci em 1.913. Você tinha apenas doze anos de idade. Era um jovem educado, mas não conseguia ficar quieto por muito tempo. Te encontrei em uma noite chuvosa. Fazia alguns dias que eu não caçava e estava no período que chamo de "vazio", quando nada me importava, nem ninguém que eu matava. Eu estava começando a sentir sede quando senti o cheiro de sangue. Segui este último que me levou até uma rua deserta na noite. Até você. Você tinha se machucado e sua respiração indicava que havia corrido. Eu me aproximei silenciosamente para que ninguém ouvisse seus gritos. Agora sei que foi pelo seu dom, mas antes eu fiquei surpreso por você ter sentido a minha chegada, se virando subitamente para mim, me encarando com seus olhos verdes arregalados. Fiquei te observando por alguns segundos, curiosa, pensando no modo mais rápido de te matar, até que você falou "Me perdi. Você poderia me levar até minha casa, moça?". Naquele momento o vazio foi embora. Percebi que estava prestes a matar uma criança. Era uma completa insanidade, até para minha natureza. Então estendi minha mão para você se levantar e assim fez. Conversamos durante todo o caminho. Você realmente era o jovem mais tagarela que eu havia conhecido. Mas era divertido. Quando eu perguntei como havia se machucado, você respondeu que estava tentando ver o quanto de velocidade poderia ter para fugir de meninos briguentos. Eu não pude evitar rir. Foi uma risada verdadeira que há décadas não fazia. Depois de chegarmos na sua casa eu não passei do portão. Falei para você guardar segredo sobre mim e assim você fez, por anos. Fiquei espantada com sua formalidade na hora da despedida. Estava enormemente agradecida por não ter bebido seu sangue. Não nos encontramos novamente até 1.916. Desta vez não fora agradável, pois você passou por uma viela, a que eu estava, justamente quando eu terminara de me alimentar. Fiquei olhando espantada para você, me lembrando perfeitamente de quem era, com o cadáver ao meu lado. Mais uma vez você me surpreendeu. Dentre tantas outras reações, a única que lhe surgiu foi apenas indicar que o canto da minha boca estava sujo de sangue, aliás, pronunciando isso. "Você vai me sugar?" perguntou e eu apenas acenei com minha cabeça de forma negativa, ainda perplexa. Você deu de ombros e disse "Você não acharia meu sangue satisfatório". "Certamente que não", foi minha resposta. Depois perguntou se eu gostaria de te acompanhar até sua casa novamente e eu aceitei o convite. No caminho me fez milhões de perguntas sobre o que eu era e minha natureza. Assim que falei das habilidades vampíricas, seus olhos brilharam por querer aquilo, mas falar sobre a forma que nos alimentamos e o controle que não tínhamos sobre o mesmo o fez mudar bruscamente de ideia. Considerava aquilo como era, "Algo muito, muito, muito ruim e desrespeitoso". Por consequência daquele reencontro totalmente inesperado e da conversa que tivemos, acabamos adquirindo a afeição da amizade, algo muito forte, como o que Bella sente por Jacob. E a mesma evoluiu pra irmandade. Você era meu irmão mais novo e eu te protegia de tudo que estivesse ao meu alcance. Ninguém tinha conhecimento da minha existência, mas aquilo não seria uma barreira para os nossos passeios. Por muitas vezes você tentou correr mais rápido que eu. Obviamente não conseguia, mas eu não deixava de pensar que como vampiro, você seria um ótimo velocista. Você também adorava as minhas histórias e por vezes havia me apelidado de "anciã".

Where I Go?Where stories live. Discover now