Episódio 09 | Cahaya

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[Quarta-feira, 15 de agosto de 2019]

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[Quarta-feira, 15 de agosto de 2019]

Saí de fininho do meu quarto, como se estivesse escapando do meu próprio marido, que dormia na cama, e entrei na minha sala particular, com o celular em mãos. Era começo de tarde - o motivo pelo qual Wallace dormiu foi a preguiça do pós-almoço -, então era seguro fazer uma ligação sem ser notada. Liguei meu computador, esperando cinco longos minutos para que ele estivesse totalmente disponível, e abri minha gravação da conversa que tive com Dimitri. Ela estava inclusa na minha pasta de arquivos secretos, o que significava que eu precisava digitar uma senha para acessá-la.

Mesmo tendo feito isso no dia anterior, tornei a escutar a gravação, atenta a possíveis detalhes que eu poderia ter perdido. Mas quando terminei de ouvir tudo, percebi que nada era novo aos meus ouvidos. A voz de Dimitri, no entanto, continuava dando giros no meu cérebro. Aparentemente, a elegância extrapolava seu modo de se vestir e se comportar: até a voz era charmosa, um adjetivo estranhamente ineficaz para mim.

A questão é que, no áudio - e pessoalmente também -, ele falava com uma calma absurda, coberto por um domínio inquebrável. Eu havia reparado nisso ontem, mas, em casa, sozinha, fiquei ainda mais surpresa por detectar tanta suavidade nas palavras de Dimitri. Eu parecia uma ignorante perto dele, uma mal-educada. Isso me deixava frustrada. Eu ainda não sabia quem exatamente ele era.

Pausei o áudio, colocando-o do início, e destravei o celular. Apenas uma pessoa poderia me dar a resposta que eu procurava. Disquei o número de Amélia e deixei a chamada no viva-voz. Meus olhos se perdiam no computador, nas dezenas de imagens que as câmeras do estacionamento do Trésor tiraram de Dimitri. O que diabos você foi fazer lá, caramba?!

Amélia atendeu no quinto toque.

- Oi.

Sua voz gentil era muito reconhecível. Era o tipo de tom maternal que faria qualquer parente sentir saudade.

- Boa tarde, Amélia. Sou eu. Sinclair.

Uma pausa de um segundo.

- Quem?

- Detetive Sinclair. Trésor. Morte do gerente James.

Meus códigos diretos rapidamente a fizeram se lembrar de mim.

- E-Eu... não entendo por que ainda está me ligando. - Seu nervosismo apareceu. - Eu já disse tudo o que tinha para falar. Não tenho mais nada a oferecer...

- Só preciso que você me confirme um detalhe. Prometo que te deixarei em paz depois disso.

- Eu vim para cá para ver meu filho! - ela exclamou, quase que desesperada. Havia emoção em seu tom. - É pedir demais ter um segundo de paz?

- Levarei apenas um minuto do seu tempo, eu prometo. E aí te deixarei livre para sempre.

Escutei-a suspirar do outro lado. Eu compreendia sua impaciência porque até mesmo eu estava me sentindo esgotada com esse assunto do hotel. A gravação que obtive na mansão de Dimitri era o meu único pingo de esperança que me fazia continuar seguindo em frente.

INTENSÉMENT (temporada dois)Onde histórias criam vida. Descubra agora