30. Silêncio, o necessário

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Jimin afastou-se. Jungkook continuou sentado em silêncio, incapaz de resolver o conflito que sentia pesar o coração. Depois de respirar fundo algumas vezes, levantou-se para ir aos Pulmões conversar com Jin — como Jimin sugerira. Seu estagiário era especialmente metódico e conhecia muito bem os processos da empresa. Portanto, se tal conversa foi sua recomendação, provavelmente era a melhor alternativa mesmo.

Pelo menos alguma característica no âmbito profissional ele conseguia enxergar.

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A tarde de Jimin com Yongsun foi tranquila; construíram rápido todo o material necessário. Talvez como consequência de já ter exposto de vez sua podridão, perguntou sobre a experiência como mulher da líder dos Pés com uma ânsia apressada por respostas. Temia ser demitido antes de terminar de aprender o que lhe faltava com as pessoas da Up.

Assim como Yoonji e Hani, parte do relato assemelhava-se com o que já ouvira, mas outra carregava as individualidades de Yongsun como pessoa e de sua trajetória até ali. Trabalhar em uma corretora de ações não fora o melhor momento da vida de Yongsun — tão constantemente humilhada e inferiorizada pelas pessoas com as quais trabalhava que começou a acreditar que não sabia nada sobre sua paixão: financeiro e economia.

— Sabe, Minnie, eu não posso dizer que tô 100% realizada de tá trabalhando na Up — ela confessou enquanto terminava de conferir pela última vez os números do balanço das contas na apresentação que construíram para o Cérebro. — Eu sou economista e gostaria de trabalhar diretamente com isso, sou doida por economia. Aqui na Up eu cuido mais de processos contábeis... É tudo dinheiro, mas de um jeito muito diferente. Contabilidade, com todo respeito, é um saco. Mas a paz de espírito de trabalhar em um lugar que me reconhece como pessoa e profissional é impagável...

— Então você vai deixar a economia de lado? — Jimin tentava refletir como seria o sentimento de abandonar o que mais gostava porque outras pessoas fizeram da atividade um inferno. Mas logo percebeu que era impossível; sequer tinha uma paixão pessoal para tentar abstrair como seria perdê-la. Empatia nunca esteve tão distante.

— Tento usar ela sempre que dá. Sou trader por hobby, digamos assim. Não dá pra acompanhar o pregão inteiro porque esse não é o meu trabalho, né... Mas faço umas operações semanalmente só por diversão mesmo. A verdade é que os melhores retornos são em aplicações constantes e ponderadas, que é a maior parte da minha carteira.

— Entendi...

— Hm... — Yongsun permaneceu em silêncio por alguns segundos, terminando de revisar tudo. — Uma coisa que sempre me corrói é pensar que eu deveria fazer algo para o mercado financeiro ser mais acessível a mulheres. Pra outras, um dia, terem o espaço que não tive. Mas, sinceramente... só quero ficar quieta.

— Não dá para lutar o tempo todo. — Jimin deu de ombros. — Tem grandes chances de que, se você tentasse fazer algo com vontade de ficar quieta, ser tão desgastante quanto trabalhar na corretora.

— Verdade... — Ela suspirou, parecendo desanimada. Jimin pestanejou, achando o estado de espírito da mulher estranho. Ela costumava ser animada.

— Mas isso é o seu estado de espírito agora. Seu antigo emprego até que é recente e acho que ainda deve ter rastros do desgaste emocional... Talvez daqui uns anos você não queira mais ficar quieta... Ou talvez você ache alguém com a mesma vontade, mas com mais energia do que você. Aí, você pode trabalhar como um apoio em vez de carregar a ideia no seu colo. Talvez você queira continuar quieta também. O ponto é... não acho que você deveria se atormentar com isso agora porque a gente não sabe como vai ser o futuro.

Empresário • jikookOnde histórias criam vida. Descubra agora