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Acabava de sair da zona de quartos e salas interiores do Santuário, quando chego no varandim, por cima da área dos trabalhadores, quando vejo a maior gritaria e bagunça no andar de baixo

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Acabava de sair da zona de quartos e salas interiores do Santuário, quando chego no varandim, por cima da área dos trabalhadores, quando vejo a maior gritaria e bagunça no andar de baixo.
Corri em direção ás escadas e desci rapidamente, correndo pelo meio da multidão que já se formava, empurrando as pessoas para chegar nos dois homens que estavam brigando.
- Hey! - Gritei, afastando eles e me colocando no meio, de braços abertos.
Os dois me olharam e tentaram continuar brigando, mas eu me mantive firme e não me afastei.
- Chega! Parem com essa merda, agora!
Um deles me olhou e sorriu. - Ou então o quê, Walsh? Vai encarar?
Olhei ele e tirei a katana da bolsa, erguendo o queixo.
- Quer testar minha paciência?
Ele ficou em silêncio e o outro homem, atrás de mim, se aproximou.
- Ele me roubou! Aquela jaqueta era minha!
- Estava jogada no chão, parceiro, não era de ninguém, não.
Suspirei e olhei o que estava atrás, me mexendo e me posicionando de forma a ver os dois.
- Tem como provar? - Perguntei.
Ele assentiu e esticou o braço, para que o outro entregasse a jaqueta. Olhei, arqueando as sobrancelhas, esperando, e ele revirou os olhos mas devolveu. Logo o homem vira ela e me mostra uma marca, um simples X feito com linha vermelha. Depois virou de costas e me mostrou a camiseta que vestia, que continha um mesmo X.
Assenti e olhei o segundo homem.
- Parece que é mesmo dele, né?
O homem suspirou e esticou a mão na direção do outro.
- Desculpa cara, foi mal. Mas estava mesmo jogada no chão.
Olhei ele e o outro apertou a mão dele.
- Tudo bem, era minha mulher que trazia e ela está grávida. Deve ter deixado cair.
Sorri e assenti. - Muito bem, espero que tenha sido a última vez que vejo brigas desse tipo aqui dentro.
O homem, que era o dono da jaqueta, me sorriu.
- Você que deveria ser nossa líder, Leah. Seria tudo muito melhor, tenho certeza.
Sorri e bati no seu ombro. - Não deixa ninguém escutar isso, muito menos o Negan. Juízo, viu? - E me afastei, guardando a katana.
Chegando mais na frente, depois de passar a multidão, percebi Negan no varandim, com os cotovelos apoiados no ferro, me olhando. Parei de andar e ele me sorriu, erguendo uma mão e fazendo sinal para que eu subisse.
Suspirando, subi as escadas e parei do seu lado.
- Gostei de ver. Separando dois touros bravos assim, sem esforço nenhum e sem precisar matar ninguém. - Negan sorria daquela forma tão dele.
Imitei sua postura e olhei na sua direção.
- Nem sempre precisamos matar, Negan.
Sua língua passou pelos seus lábios e percebi que ele olhava minha boca. Depois seus olhos subiram nos meus.
- A forma como você diz o meu nome... Puta merda, Walsh, é a coisa mais sexy que eu já vi na vida.
Revirei os olhos.
- Porque eu ainda não matei você?
- Porque eu sou um encanto de pessoa, além de ser gostoso pra caralho. Você deveria experimentar.
- Nem morta. - Encarei ele.
Negan deu de ombros. - Você quem sabe. Eu tou aqui, você sabe. Mas vamos aos assuntos importantes. Como estamos de munição?
Suspirei. - Bastante bem, ia agora mesmo chamar um grupo para irmos ver Eugene e ver como está a produção.  Mas tive de... - Indiquei o espaço em baixo, onde estavam os caras que eu separei.
- Muito eficiente, adoro.
Sacudi a cabeça. - Quer parar?! O que deu em você? Está com falta de sexo, é?
Negan riu bastante alto, como eu nunca vira ele rir, deu até vontade de rir junto, mas não o fiz. Depois colocou o braço por cima dos meus ombros e me levou com ele até o exterior.
Enquanto Negan ficou junto da porta, olhando todo mundo, eu escolhi o grupo que iria me acompanhar para irmos ver Eugene.
Meu rádio fez barulho quando eu entrei na pick up e peguei ele, vendo que se tratava de Negan. Coloquei o braço e a cabeça fora da janela e olhei ele, que me sorriu e balançou os dedos.
- Preguiça de descer? - Perguntei no rádio.
- Não, só toma cuidado. Rick ou o seu pessoal podem estar na área, observando e esperando uma oportunidade para atacar novamente.
- Deixa comigo, sei me cuidar.
Saí do Santuário e dirigi até o lugar combinado, atenta a qualquer movimento ao meu redor.
Nesse dia apenas D.J. seguia comigo no carro e estava bastante calado.
- O gato comeu sua língua? - Perguntei.
Ele me olhou e sorriu. Eu gostava dele... Apesar de ser um Salvador... Mas eu também era.
- Estava pensando. - Falou.
- Em quê? Alguma coisa útil?
- Não, tipo... - Ele se mexeu, nervosamente. - E se a gente tivesse outra oportunidade? Não com o Negan, é claro, mas... Desde que houve o ataque que eu fico pensando nisso.
Franzi o cenho, sem tirar os olhos da estrada. - Como assim?
- E se o Rick matasse o Negan e poupasse a vida dos que poupasse os que não estivessem do lado do filho da puta?
Mordi o lábio, pensando. Era uma boa idéia, mas eu duvidava que o Grimes fosse aceitar isso.
- Hum, não sei. - Respondi. - O Grimes é difícil, já deu para perceber.
- É, mas ele tem seus ideais e suas regras e sua forma de ver as coisas. Ele próprio disse naquele dia, e disse também que não mataria quem não quisesse ficar do lado do Negan.
- D.J. vamos nos concentrar no agora, tá? Se houvesse a mínima chance de isso acontecer, Rick ficaria, no máximo, com os trabalhadores, que são os que, na cabeça dele e de todo mundo, mais odeiam o Negan. A gente não teria a menor chance.
- E se fosse o prisioneiro? O Dixon? - Ele me olhou.
- Quê? - Aquilo me pegou de surpresa.
- E se fosse o Dixon a pedir para você trocar de lado, você trocaria?
Fiquei em silêncio por alguns minutos. O que eu iria responder?
- Deixa de besteira! - Resolvi que ser grossa era mais fácil.
Ele riu. - Eu vi a forma como você olhava ele. Fala sério, ele mexeu com você, certo?
- Ok, é hora de você calar a boca, D.J.
Ele riu de novo, enquanto eu focava  na estrada.

Assim que chegámos, Eugene veio até mim, me puxando pelo braço para longe dos meus homens e falando num tom de voz baixo.
- Está pronto.
Franzi o cenho. - O que está pronto? As balas?
Ele assentiu. - É, todas elas.
Fiquei olhando ele, sentindo meu peito apertar e sem saber como deveria reagir. Depois assenti e olhei para os lados antes de olhar ele de novo.
- Certo, coloca no lugar, irei falar para o Negan. Ele vai gostar de saber.
Eugene continuava me olhando e eu suspirei.
- Tá bom, eu cumpro minha parte. - Ergui a mão e fingi trancar minha boca e jogar a chave fora. - Feliz?
Ele sorriu. - Bastante.

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