Apesar de não querer sair do mar até se transformar por completo, Ercole devia desculpas à Giulia, por todas as coisas horríveis que fez e disse à ruivinha.
- Ser um monstro marinho é tão bom... Eu nunca vou esquecer essa sensação! - Ercole falou, admirando as escamas vermelhas de seus braços.
- É, é bem legal! - Luca sorriu. - Eu nunca imaginei que você fosse um de nós.
- Nem eu, piccoletto. Mas olha só, as aparências enganam. Cresci achando que meu pai era a vítima, e me enganei.
- Sim, e você mudou. Parou de agir como o Filippo, e agora é bonzinho, né?
- Luca, existe maldade no mais bondoso ser humano. Nós somos assim, então eu não sou 100% bom, mas eu tento. Tento todos os dias, e acho que tô conseguindo.
- Você mudou muito, acho que sim.
- Só falta uma coisa: pedir desculpas pra Giulia, porque eu transformei a vida dela num inferno... Vem comigo até Portorosso?
- Sim, porque a gente se inscreveu na Copa, e temos que treinar, já que só faltam dois dias pra ela.
- Verdade... Esse ano eu não vou participar, tô velho pra isso! - Riu.
- Ercole, quantos anos você tem? Eu sempre tive curiosidade em saber.
- A única pessoa que sabe minha verdadeira idade, era meu pai. Eu mentia só pra poder competir, mas na verdade, tenho 26 anos.
- 26?! - Arregalou os olhos. - Eu pensava que você tinha 19... Mas, espera... Se a sua mãe tem a mesma idade da mãe do Alberto, e vocês tem 11 anos de diferença, significa que você nasceu quando...
- Quando meus pais eram adolescentes, isso mesmo. Eles tinham 14, pra ser mais exato.
- 14 ANOS?! Eu tenho 14! Imagina ser pai aos 14?! Parece um pesadelo...
- Não acho. Tem gente que realmente nasce pra criar uma criança, tem gente que não. Por mais que pareça ruim pra você, foi uma escolha deles. E do que adianta falar mal, se você não compra um mísero pacote de fraldas pra eles? Julgar é fácil, ajudar é difícil.
- Você tem razão, Ercole... Aprendeu muito com essa ideia de não julgar os outros pelo que são, né? Tô orgulhoso de você! - Sorriu.
- Grazie, piccoletto! - Fez carinho na cabeça de Luca. - Enfim, vamos?
- Vamos!
A manhã na casa dos Scorfano tinha amanhecido de um jeito diferente. Giulia não fazia outra coisa a não ser sonhar acordada. Seu pai achava que ela ainda estava com sono, mas na verdade, Bianca tinha invadido seus pensamentos outra vez.
- Ela me beijou, papà! Tem noção disso?! O meu primeiro beijo foi com a garota que eu gosto!
- Que exagero! A Bianca é só uma garota, como qualquer outra. - Alberto riu da animação de Giulia.
- Oi?! Ela não é só uma garota, ela é A garota! A MINHA garota, tá?! E outra, eu tava falando com o papà, não com você!
- Pois eu tô falando com você!
- Então, fala sozinho! Eu não tô nem aí pro que você tem a dizer!
- Se não tá nem aí, arranca as orelhas fora!
- É sério que vocês estão brigando só porque a Giulia tá namorando? - Disse o pescador.
- Sim, porque o Alberto tá com inveja!
- Inveja do quê? Da namorada meia boca que você arrumou?! Muito obrigado, mas pode ficar pra você! - Fez cara de nojo.
- Meia boca?! Você que vai ficar com meia boca, depois do socão que eu vou te dar!
- Giulietta! - Gritou Massimo. - O dia mal começou, e já estão brigando?!
- Desculpa, papà... - Disseram os irmãos.
- Tudo bem, eu perdoou vocês, desde que não continuem com essas brigas sem sentido.
- A gente vai se comportar, papà, pode deixar. - Falou Giulia.
- Acho melhor a gente procurar o Luca. Temos que treinar pra Copa Portorosso, e só temos 2 dias pra isso.
- Eu tinha esquecido, Alberto! Temos que treinar muito pra ganhar...
- Não se preocupa, Giulia! Nós vamos ganhar, igual ano passado! Vamos logo atrás do Luca pra começar o treino.
- Tchau, papà! Nós já voltamos!
- Tchau, crianças! Divirtam-se!
- Pode deixar! - Alberto sorriu.
Os 4 se encontraram enfrente a fonte da cidade, mas os irmãos não reconheceram Ercole de primeira, pois seu rosto já estava praticamente inteiro coberto por escamas.
- Ciao, ragazzi! - Ercole os cumprimentou.
- Oi! Eu me chamo Alberto, e você?
- Esse é o Ercole, gente! - Disse Luca.
- O Ercole?! - Giulia se assustou. - É sério?!
- Sim, essa é a minha forma marinha. A transformação ainda não tá completa, porque eu sou meio humano, então demora um tempo.
- Interessante... Você fica bem mais bonito coberto de escamas, elas disfarçam sua cara feia. - Alberto riu.
- É com esse tipo de gente que você namora, Luca?! Deixa só a tia Daniela saber disso!
- É brincadeira! - O menino de cabelos cacheados se desesperou. - Não vai contar pra ela, vai?! E se ela não me deixar mais namorar o Luca?! Eu vou morrer!
- Bom... Eu não conto nada, se o casalzinho me deixar sozinho com a Giulia.
- Sozinho comigo?!
- Não se preocupe, eu vou te pedir desculpas, só isso.
- Espero mesmo, Ercole, porque ela agora é minha irmã, tá?!
- Eu sei me virar sozinha, Alberto! Para de me tratar como criancinha!
- Ingrata! Eu só tentei mostrar que me importo!
- Já vão brigar de novo? Qual é, gente? Vocês tão brigando por tudo ultimamente. - Disse Luca.
- Isso é coisa de irmãos, você não entenderia. Enfim, podem nós deixar sozinhos agora? - Perguntou Giulia.
- Eu e o Alberto vamos te esperar lá no descidão, com a bicicleta. Até depois!
- Até! - Falou a ruivinha.
Luca e Alberto então, se dirigiram até o grande morro do vilarejo, deixando Ercole a sós com Giulia.
- Enfim, eu tinha problemas com o meu pai, porque ele tinha nojo de mim... Vendo minha aparência agora, eu entendo o porquê. Eu descontada todos os meus problemas em você, porque seus pais são incríveis, e eu sinto muita inveja disso... Eu sei que não é justificativa pra tudo o que eu fiz, mas eu peço perdão, e eu tô arrependido de verdade.
- Tudo bem, Ercole! Eu acho que tá na hora de seguir em frente, e esquecer tudo isso, né? Então, eu te perdoo.
- Obrigado, Giulia! Eu juro que mudei pra melhor, e juro que amadureci. Eu vou parar de me achar superior a todo mundo, e vou parar de te encher, e te chamar de "Potrulia".
- E eu vou parar de te chamar de "velho seboso"! - Sorriu.
- Então, amigos...? - Estendeu a mão.
- Giulia hesitou por alguns segundos, mas apertou a mão do moço. - Amigos! - Se abraçaram. - Tenho que ir. Preciso treinar pra Copa, até depois!
- Tchau!
Ercole finalmente se libertou do seu passado ruim. O perdão de Giulia o fez ter certeza disso, e o fez acreditar que não se parecia mais com o pai. Ercole foi criado para agir como Filippo, mas percebeu que aquele não era ele de verdade, e sim, uma cópia feita para se encaixar nos padrões do pai. Agora, ele finalmente tinha entendido e poderia ser quem era de verdade.
YOU ARE READING
Luca 2
FanfictionA Disney e empresas que ela compra amam criar personagens órfãos, e quase nunca explicam onde estão, ou o que aconteceu com seus pais, por isso eu me vejo na obrigação de criar uma história para eles. "Luca" é um dos meus filmes favoritos no momento...