Capítulo 23

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Assim que os meninos saíram, Massimo e Antonella ficaram em um silêncio constrangedor por alguns segundos. Ambos queriam se declarar para o outro, mas estavam tão nervosos, que não sabiam por onde começar.

- É realmente bom que esteja bem... o Alberto precisa da mãe, não é? - Falou um pouco tímido.

- Sim, e eu preciso dele... - Sorriu um pouco sem graça. - Então... vocês iam mesmo me salvar?

- Mas é claro! Gosto muito de você... Gostamos! Eu quis dizer que todos nós gostamos de você! - Disse corado.

- Eu também gosto! De todos, obviamente!

- É... - Sorriu. - Tem certeza que tá bem? Posso cuidar de você caso esteja ferida.

- Você é muito gentil, mas eu tô ótima! Filippo não falou comigo a noite toda, só me trancou lá, e eu nem sei porque.

- Acho que ele queria que o Alberto fosse até lá sozinho, pra matar a família toda junta.

- É maldade demais pra só um ser humano... As vezes eu me pergunto o porquê de tudo isso, o que nós fizemos?

- Sentimos inveja, é a única explicação. Olha só pra vocês, são seres tão incríveis, e conseguem viver na água e na terra, quem não teria inveja?

- Mesmo que sintam realmente inveja, por que nos matar?

- Sabe quando você vê uma cobra perto de um bebê? Você enxerga a cobra como uma ameaça, que deve ser morta para proteger o bebê. Os humanos do passado enxergavam vocês como uma ameaça para nós, e decidiram aniquilar todos os que encontrassem pela frente.

- Mas, nunca demos motivo pra isso! Tentamos ser o mais amigáveis possível com vocês!

- Digamos que a cobra perto do bebê, não fosse realmente uma ameaça pra ele. Mesmo assim, você a matou, pois não sabia. Você matou por instinto, um instinto de proteção, que estava errado. Mesmo assim, existem cobras que realmente são uma ameaça, mas isso não é um passe livre para matar todas por aí. É preciso identificar as verdadeiras ameaças pra não matar criaturas inocentes, mas humanos nunca fazem isso. Matam criaturas inocentes mesmo sabendo disso, apenas por serem diferentes. Pouquíssimos mudam esse pensamento, e por isso, tem que estar sempre atenta com os humanos.

- Uau... A sua maneira de pensar me deixa boquiaberta! Como consegue ser tão inteligente?

- Eu não me considero inteligente, acha mesmo que eu sou?

- Mas é claro que é! E além disso, tem um coração tão bom e puro... Você é realmente único, espero que nunca se esqueça disso! - Sorriu.

- Nossa... E-eu nem sei o que dizer! - O moço estava novamente com as bochechas rosadas.

- Mas eu sei... - Antonella se levantou, ficando na frente de Massimo. - O meu ex-marido não é uma boa pessoa, e eu não quero que alguém assim fique perto do Alberto, por isso, eu e o Bruno vamos tomar rumos diferentes. Eu não quero que pense que eu troco as pessoas por qualquer motivo, eu só fiz o que era melhor pra nós.

- Eu nunca pensaria isso de você! Casamentos foram criados pra acontecer entre pessoas que se amam no sentido romântico, se você não ama mais o Bruno dessa maneira, e sabe que ele não é bom, tem todo o direito de se divorciar!

- E depois do divórcio, existe possibilidade de conhecer alguém novo, não é?

- Aonde quer chegar?...

- Desde o primeiro momento que eu te vi, notei alguma coisa especial em você... Eu achava que era admiração pelo pai incrível que você é, ou pela sua gentileza e bondade, mas não...

- Não?

- Tudo isso chama a atenção, e eu acreditava que era porque eu tava procurando uma nova figura paterna pro Alberto, só que eu percebi que não te vejo apenas como o pai do meu filho. Eu te vejo como alguém que eu adoraria ver todos os dias de manhã, e dizer que amo...

- Isso significa que...

- Significa que eu quero ser sua esposa. Quero me casar com você, morar na mesma casa que você, e ter uma família com você. E eu não sei como dizer isso de uma maneira romântica, e nem foi como eu imaginei, mas essa foi a maneira que eu encontrei pra dizer... Você aceita?

Massimo não tinha palavras para aquilo. Por um lado, era ótimo poder se casar com a mulher por quem estava apaixonado, mas por outro, ele tinha medo de estar indo rápido demais, e acabar estragando tudo.

- Antonella, eu... quero muito ser seu marido, mas... tem certeza de que não estamos indo muito rápido? Nos conhecemos há pouco tempo...

- Eu sei, mas dizem que não é o tempo, e sim, a pessoa. Talvez nem com 10 mil anos ao lado do Bruno, eu iria sentir o que sinto por você! Quando se encontra o seu amor verdadeiro, tem que lutar até o fim por esse amor, e eu encontrei, encontrei em você!

- Bom, acho que o que as crianças mais querem, é ver nós dois juntos como uma família, acho que deveríamos casar apenas pra deixar nossos filhos felizes.

- Claro, tudo pela felicidade deles!

Os dois ficaram alguns segundos calados, apenas se olhando. Ambos tinham um sorriso no rosto, e sentiam que tomaram a decisão certa.

Aquele momento dizia para o casal que havia chegado a hora de um novo passo em suas vidas: seu primeiro beijo juntos.

- Eu... posso? - Antonella se aproximou dele, ficando a poucos centímetros.

- Eu... acho que estou pronto... - Massimo a beijou.

Aquele beijo foi, para ambos, do começo ao fim, algo maravilhoso. Massimo nunca acreditou que fosse possível se apaixonar por alguém depois de tudo o que viveu ao lado de Alessandra. Ele sabia bem o quão maravilhosa sua ex-esposa é, e sabia que ninguém no mundo seria como ela, mas também sabia, que cada pessoa era especial de um jeito.

Antonella era alegre e bondosa. Ela lutava por um mundo melhor, e era isso o que a tornava especial. Desde a primeira conversa que teve com a moça, o pescador percebeu que sua vida não teria sentido enquanto não se cruzasse com a dela, e era isso o que estava acontecendo. Massimo sentia no fundo de seu coração que ela era a pessoa certa para Giulia chamar de "madrasta", e ele de "meu amor".

Luca 2Where stories live. Discover now