Capítulo 103

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Dulce Maria

Uma hora.

Há uma hora estamos na sala de espera aflitos por notícias, tanto Brayan quanto Christopher e eu não paramos de andar de um lado para o outro nervosos e com medo. Ela sangrava demais e as dores...eu não tinha dúvidas de que era um aborto.

Meu coração doía.

Julie era tão jovem para passar por isso, a gravidez a deixou com medo mais muito feliz, todos estávamos felizes com o bebê, o esperávamos com muita ansiedade e alegria.

Deus queira que seja apenas um susto.

Os minutos pareciam uma eternidade, quando o médico apareceu chamando pelos familiares de Hilary, ficamos ao redor dele o enchendo de perguntas.

Xxx: Calma. - pediu - Sou Eduardo o médico que atendeu a senhorita Uckermann, ela está bem, está sedada e acordará apenas de manhã. Mas..sinto muito, ela sofreu um aborto.

Brayan começou a chorar, Christopher ficou sem reação e eu só queria chorar.

Dulce: Qual foi o tipo de aborto?

Eduardo: O inevitável. O feto parou de se desenvolver já tem um tempo, então não podíamos fazer nada, o útero já estava fazendo a expulsão dele.

Por isso tanto sangue.

Fechei os olhos tentando segurar as lágrimas. 

Christopher: Ela poderá engravidar novamente?

Eduardo: Sim. Ela é muito jovem e saudável, nada impedirá que tente uma nova gravidez. É muito comum esses tipos de aborto, agora..- hesitou - Quando ela acordar preferem dar a notícia ou quer que eu..

Brayan: Eu dou. - falou baixo.

Eduardo: Certo! Como já falei, ela irá acordar apenas de manhã. Se precisarem de qualquer coisa é só chamar, agora tenho que atender outros pacientes. Licença! - entrou novamente pela porta dupla.

Brayan: Preciso de ar..- murmurou de cabeça baixa se afastando.

Abracei Christopher me segurando para não chorar. Meu coração estava aos pedaços, ela ficaria arrasada, o bebê era tudo pra ela.

Para todos nós na verdade. 

Christopher: Tudo estava bem, ele estava perfeito e agora..- a voz dele travou - Minha irmã irá ficar..muito mal.

Dulce: Agora temos que ficar ainda mais do lado dela. Não vai ser nada fácil pra ela ou para o Brayan, não consigo nem imaginar a dor que ele está sentindo também.

Christopher: Isso é um pesadelo.

Dulce: É melhor ir atrás dele. Não acho que deva ficar sozinho agora.

Ele assentiu.

Christopher: Já volto! - falou antes de se afastar.

Me sentei na cadeira olhando fixamente para a parede. Ignorando a movimentação ao meu redor. A primeira lágrima desceu, depois outra e outra e outra, fechei os olhos tentando controla-lás, não poderia ser fraca nesse momento, tinha que ser forte por Julie e Brayan e Christopher também.

Xxx: Dulce..? O que aconteceu? Por que está chorando, querida?

Abri os olhos vendo Elizabeth, minha professora, de jaleco branco e com os olhos preocupados me analisando na minha frente. Respirei fundo e limpei meu rosto. Tinha esquecido que ela estaria aqui, além de trabalhar era dona do hospital.

Dulce: Minha cunhada..perdeu o bebê.

Elizabeth: Sinto muito. - sentou ao meu lado e segurou na minha mão. - Eu sei como é perder um filho. De quantas meses ela estava?

Dulce: Quatro completos. - encarei nossas mãos entrelaçadas.

Elizabeth: Algumas pessoas acham que até os três meses pode acontecer alguma coisa e que depois disso nada poderá acontecer. Mas a verdade é que até mesmo o parto pode acontecer alguma coisa. 

Dulce: É. - murmurei.

Elizabeth: Ohh..querida - me abraçou de lado e eu coloquei minha cabeça em seu ombro voltando a chorar. - Chorar faz bem, sabia? - falou baixinho.

 A voz dela era tão calma e delicada.

Era bom ficar no colo dela.

Minutos depois, me afastei um pouco.

Dulce: Desculpe! - pedi sem graça.

Estava parecendo uma criança chorando no colo da própria mãe.

Elizabeth: Não precisa se desculpar. - deu um meio sorriso - Quer uma água ou comer alguma coisa?

Dulce: Não. Obrigada!

Elizabeth: Irá se casar? - perguntou olhando para o anel.

Dulce: Sim. Final do ano.

Elizabeth: Não é o momento para isso, mas meus parabéns! O seu noivo é muito bonito. - sorriu.

Dulce: Obrigada!

Elizabeth: Está melhor..?

Dulce: Sim.

Ela assentiu.

Ficamos nos olhando.

Ela era tão bonita.

Os olhos verdes sempre brilhantes.

Elizabeth: Preciso ir. Vai ficar bem sozinha, querida?

Dulce: Não estou sozinha. Meu noivo e o cunhado dele estão lá fora.

Elizabeth: Em outra hora vou gostar de conhece-lo. - levantou - Se precisar ou quiser qualquer coisa é só me chamar.

Assenti.

Dulce: Obrigada!

Ela tocou no meu ombro antes de se afastar, fiquei observando-a até sumir pelo enorme corredor. Assim que ela sumiu Christopher e Brayan retornaram chamando minha atenção. Christopher ficou ao meu lado e segurou na minha mão, observamos Brayan sentado em nossa frente com o olhar perdido.

Almas Opostas (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora