Capítulo 11 - O fim

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Creedence Clearwater Revival - Bad Moon Rising.

A essa altura da noite só restava uma presença a ser entregue na cena, todavia ela não demorou muito a aparecer, o lado bom de sua chegada foi a limpeza que proporcionou à rua e abaixando ou amenizando a temperatura ambiente e de troca de olhares incompreendidos. Efetivando sua companhia com a protagonista da noite, que assistia a aterrorizante cena sem perder algum mínimo detalhe, nem mesmo quando as nuvens passavam em frente a sua órbita. Ao chão pequenas poças de sangue agora tinham sua forte cor avermelhada se descolorindo, toda drenagem da rua funcionava perfeitamente, mesmo com alguns membros e ossos expostos, arrastados, mas não obtiveram sucesso em cair nas canaletas.

Alguns dias atrás eram apenas alguns jovens em mais uma noite sem graça assistindo a filmes de terror, nessa noite eles estão num próprio, não tão protagonistas quanto as pessoas que estão lá fora, contudo não há mais ninguém nessa história que mais esteve próximo do medo e das garras ferozes que apareceram até aqui. O fatídico fato narrado pela perspectiva de lados. Deixo a pensar que alguns anos depois não consigo ainda se quer dormir sem ao menos ter um embrulho em meu estômago.

Quarto dia do plenilúnio.

20:02.

O mau cheiro cobria os dedos de Caio e exalava em toda a sala que não foi observada por nenhum olhar penetra. O vômito de Lílian pingava na cerâmica esverdeada em pequenos intervalos de segundos, entretanto isso não foi mais nojento que observar os fatos por detrás da porta de entrada. O senhor Derick possuía em seus olhos o medo da morte, com seus companheiros que miravam suas ineficazes armas em direção ao lobisomem. A fera não perdia tempo observando, nem mesmo deixando escapar demais sua respiração ofegante, apenas se colocava em posição de ataque e partia para cima. O ataque mais uma vez foi certeiro, derrubando o delegado no lamacento chão e mordendo com firmeza a sua jugular, todos próximos ganharam distâncias e vários policiais no impulso do medo e da desordem atiraram para frente sem ao menos observar a mira, derrubando cinco ou seis companheiros com tiros em suas cabeças e costas, os demais que sobraram tiveram o mesmo destino, no mais, em uma morte mais dolorosa e escandalosa com urros de dor e agonia com membros e órgãos dilacerados, como se as garras da criatura estivesse apenas cortando uma fina camada de papel.

Nesse momento da noite não havia mais pessoas a observar por tão perto a cena, todos os curiosos sobreviventes que antes se faziam presentes, agora fugiram em direção à última casa da rua. Assim que se foi o primeiro a tomar coragem, um homem qualquer de meia altura, cujas meias com bolinhas pretas chamaram atenção dos espectadores da casa e que levou embora os poucos que se safaram do genocídio.

— Willians! — Pensou Caio.

A premissa da ansiedade é tentar adivinhar o que vai acontecer logo depois, em seguida imaginar o pior tipo de cenário e logo em seguida acontecer o desastre, mediante a aceleração de batimentos cardíacos, dor de cabeça e talvez uma distonia em diversas partes do corpo. Foi exatamente assim que Rael se sentiu ao vê a fera se virar em direção ao seu irmão, com suas presas cintilando a luz luar enquanto deixava pingar o sangue sobre o tronco de um policial dividido em dois.

— EI! — Gritou Rael ao bater a porta com violência e aparecendo de surpresa próximo à grade.

— O que você está fazendo? — Sussurrou quase que inaudível Lílian, com medo de chamar mais atenção que seu amigo.

— Que droga está fazendo Rael? Entra!

— Eu já vou morrer mesmo, então que seja de uma vez, somente não erre!

A besta não era inocente, Rael não era uma ameaça de modo algum para a criatura, sua morte passou a ser em segundo plano, pois o olhar de ódio apenas mirava o seu irmão que agora espalhava a nojenta água em sua pele ao se levantar e ir ao meio da pista.

— Está tudo bem, irmão, esse é o fim para ela. — De fato, o disparo do Delegado Derick fez agora o animal sentir a dor em suas costas, deixando-o lento para sua última ou penúltima presa. Luke sentiu o coração apertar quando o lobo se disfarçou na noite, a densa pele se camuflou na escuridão e logo voltou a ser vista quando pousou amassando o teto de seu carro, abrindo o mais velho sorriso maldoso e medroso, entretanto o rapaz era esperto, mais até que a própria criatura, sua arma já estava em punho e pronta para ser usada, as balas de prata ainda não cintilavam seu algoz, Luke esperava por algum momento? Esperava a criatura o atacar primeiro? Por que diabos ele não está descarregando a arma?

— Por que ele não atira logo? — Fez a mesma pergunta, Lílian.

— Eu não sei, eu não sei mesmo. — Respondeu quase de imediato Margarida.

— Mostra-me a verdadeira face, eu sei que você pode controlar isso, eu quero ver o verdadeiro olhar da assombração que matou dezenas de pessoas e de quebra, que amaldiçoou o Zayn. Lembra-se dele? Nove anos atrás? Estava tentando se controlar? Agressiva como és, teria o matado, mas você tentou evitar. VAMOS! Eu quero poder conversar com você. Em breve as autoridades máximas irão chegar, será tanta arma e bala que não vai precisar nem ser de prata para lhe matar. — A todo instantes o bicho entendia as palavras ditas, embora sua feição não mudasse e não deixasse transparecer o entendimento do desespero e das palavras jogadas a si, aquele animal diferia dos demais aparecidos até aqui, talvez a lenda não tenha sido totalmente contada da maneira certa, afinal, qual é?

Luke não voltou à cidade somente para defender o irmão atacado por sua culpa, sua mãe não permitia sua vinda com o medo não ser pego assim como seu amigo há nove anos? Isso não tem sentido, não tem lógica alguma, e parece que para Rael esses pensamentos fizeram sentido somente agora quando observava o animal se tremer de dor e parecer controlar sua transformação, com pequenos momentos e detalhes de um corpo natural e despido voltando a sua normalidade sobre gritos abafados de uma anosa de aparência triste e pele crispada, as curtas pernas tremiam de fraqueza e no que lhe concerne, caiu se recolhendo sobre o mesmo lugar.

O homem ainda empunhando a sua arma chegou mais perto da senhora que agora estava admirando a escuridão sobre suas pernas, não mirava e nem desejava olhar para o seu futuro assassino, que embora pudesse ter uma oportunidade contra ele, preferiu cair em suas palavras ao se dar conta da cena que fizera àquela rua.

— Qual é seu nome? — Perguntou curioso o rapaz.

— Má!

— Má?

— Sim! Apenas, Má. — Respondeu mais uma vez demostrando seu rosto e deixando claro o seu olhar pigmentando cetrino.

— Você conhece todos os outros?

— Eram minha família! — Exclamou com a voz arrastada.

— Existem mais de vocês?

— Com o nosso sangue não, porém só mais um e ele está bem ali.

— Ele não conta.

— Por que não?

O Próximo Plenilúnio Onde as histórias ganham vida. Descobre agora