Somente acordei de meu transe quando Jimin gritou, agarrando meus ombros e me sacudindo. Estava nevando e eu estava lá fora, chorando. Se Jeongguk visse isso, com toda a certeza me repreenderia.

— Está louco? Quer morrer de hipotermia ou algo do tipo? — meu primo gritava enquanto me guiava para dentro e eu mal conseguia raciocinar o que estava acontecendo realmente.

Não o respondi. Meu ômega foi embora e eu sentia que ele havia levado uma parte de mim consigo, levado V.

Não me sentia feliz, nem triste. Estava apático, exatamente como era antes de vê-lo novamente. Havia voltado à estaca zero, completamente azul e cinza.

Meu arco-íris, aquele que dera um sentido a minha vida, foi embora e não tenho certeza se esses três meses seriam suficientes para completar seu treinamento.

Ele poderia mudar de ideia, jogar a aliança fora, trocar de nome e iniciar uma nova vida na capital a qualquer momento. Eu definitivamente não o impediria se esse fosse seu desejo, afinal amava-o incondicionalmente e só queria vê-lo feliz, nem que fosse com outra pessoa.

— Taehyung está me escutando? — Jimin quase berrou em minha frente e percebi então que estava em meu quarto. Quando cheguei aqui?

— Estou…

— Não parece. Vamos, tome um banho e coma alguma coisa. Precisamos ir até a cidade — franzi o cenho confuso ao ouvi-lo.

— Por que?

— O detetive Han, encarregado do caso de Choi Hyungsik e o possível atentado de Seokjin, ligou. Precisaremos voltar a ativa e ajudar. Não quer descobrir por que estavam tentando tirar seu ômega e te matar? — senti meu sangue ferver com aquilo. Os culpados pagariam caro pelo que fizeram.

— Certo, já desço para o desjejum. Pode comer algo se quiser — disse seriamente enquanto me encaminhava para o banheiro.

— Ótimo, já sentia falta da comida de Yonhi — com isso, Jimin deixou o quarto, me largando sozinho com meus pensamentos negativos sobre a ida de Jeongguk para a capital.

Décimo oitavo dia de Fevereiro, domingo
1848 anos depois da B.G.L
Daegu, Coréia do Sul

  Três semanas haviam se passado desde que ele me deixou.

E há duas eu não conseguia mais viver. Mesmo que falasse com ele diariamente, ainda não era suficiente.

Estava bem nos primeiros dias, mas depois que a ficha caiu, eu só declinava novamente. Não dormia a noite, não trabalhava direito, não comia corretamente e virei um viciado em café, sendo que eu simplesmente odiava café.

Naquele momento eu estava parado na frente do espelho. Meus cabelos estavam bagunçados e enrolados, mas não de um jeito bonito como costumavam estar. As olheiras voltaram, meus olhos estavam caídos e vazios, não fazia a barba há uma semana e meu rosto estava pálido e magro.

Eu estava um caco, péssimo. Do mesmo jeito que estava antes de reencontrar meu ômega.

Não era algo que eu pudesse controlar, era biológico e enfatizava o quanto nós, alfas, dependíamos de ômegas. Para sobreviver, todo alfa precisa do seu ômega destinado, ou acabaria na mesma situação em que estou.

Me sentia vazio por dentro e tudo piorava por V não estar presente. Meu lobo não aguentou a dor que sentiu ao abrir mão de nosso amor e, sem ele, creio que não duraria muito também.

Por que o deixei ir?

Ah… foi porque o amo e nunca o impediria de ser feliz.

Por que amar tem que ser tão doloroso?

Vidas Entrelaçadas  ☽︎𝑲𝑻𝑯+𝑱𝑱𝑲☾︎Where stories live. Discover now