Capítulo 64- Josh

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"Eu sei que errei quando se trata de nós, mas quero que saiba que você é uma parte minha ainda, e independente de tudo, eu te amo e sinto sua falta. Te vejo em breve."

Guardo o celular no bolso de novo e volto a caminhar, olho as casas e os estabelecimentos da rua. Procuro em cada canto, cada lugar que possa ter pegado a rua.

Entro em uma loja e pergunto se eles tem as gravações das câmeras de um ano atrás. Não, fitas apagadas no mesmo ano.

Volto a andar, não posso ir muito longe, as câmeras não pegariam a parte da esquina. Aperto uma campainha, espero um pouco, nada. Aperto mais uma vez, espero, ouço a maçaneta ser virada.

- Boa tarde, posso ajudar?- o senhor pergunta.

Deve estar na faixa etária dos sessenta anos, os cabelos são grisalhos, a pele enrugada. As costas parece um pouco dolorida.

- Estou procurando uma filmagem de um ano atrás, vi que o senhor tem câmeras direcionadas até o semáforo. Gostaria de saber se guarda as gravações.

- Por preguiça eu ainda não as apaguei, me dê um minuto, vou pegar a chave.

- Hey, o senhor me entendeu bem? Eu preciso das filmagens de abril do ano passado.

- Sim jovem, eu tenho as filmagens guardadas ainda. Só um minuto.

Começo a suar frio. Ninguém tem essas imagens, nunca acharam uma gravação que mostrasse algo.

Quando o senhor me deixa entrar não sei o que sentir, a cada passo que dou sinto meu corpo tremer.

- Eu nem me apresentei, me chamo Josh.

- Eu sei garoto. Me chamo Jacob.

- Me conhece e não teve medo de me chamar para entrar na sua casa?

- Você não tem cara de quem machucaria um idoso. Bem, esse é o Josh, ele está atrás de uma filmagem das câmeras.

Olho para onde ele está olhando, vejo a senhora na poltrona segurando um bebê risonho.

- Olá Josh, pode me chamar de Susan.

- Muito prazer Susan. Desculpa estar atrapalhando a tarde de vocês.

- Incomodar, a única coisa que faço é ficar babando no meu neto quando minha filha deixa ele aqui.- Jacob resmunga me fazendo rir- Venha, a sala que pega as câmeras fica por aqui.

O sigo em seus passos lentos, o ajudo quando vai se sentar na cadeira. Abre páginas e páginas em seu computador reclamando quando não as consegue fechar.

- Você se lembra do dia certo?- pergunta abrindo em uma pasta.

- Quero as gravações da madrugada de quatro de abril.

- Certo, Abril, posso perguntar o motivo de querer essas gravações?

- É o dia do acidente do meu irmão, só quero ter certeza de qual semáforo estava fechado.

- Espere, o acidente que aconteceu as cinco e meia da manhã? Que um garoto voou do carro e os dois motoristas morreram.

- É, um deles não morreu, conseguiram tirar ela do carro com vida.

- Deuses, nunca bateram no meu portão atrás das filmagens. Eu iria levar até a polícia a imagem da minha rua, mas nunca consegui. Deixei até em uma pasta separada para se um dia alguém quisesse ficasse fácil.

- Espere, está dizendo que o senhor tem um lugar separado só com o vídeo?

- É estranho?

- Não, é fantástico! Eu não acredito que não acharam essas filmagens, sempre me disseram que não tinham encontrado.

- Acho que não as procuraram também. Aqui, quatro de abril.

- Você marcou a pasta como 'cenas do acidente'?

- Eu sou velho, jovem, se eu não fizesse isso teria que ficar anos procurando. Você quer tentar passar para o seu celular?

- Posso ver primeiro?

- Sim, como faz mesmo? Espere minha filha me ensinou, eu tenho que clicar aqui. Foi?

- Não, é só o senhor clicar no vídeo que ele já abre.

- Tecnologia é a minha pior inimiga.

Ele clica no vídeo, a imagem da rua vazia aparece na tela. Posso sentir meu coração diminuir e aumentar os batimentos conforme os segundo passam.

- Consegue ver aqui?- ele pergunta apontando para tela- O motorista que está vindo da descida está alertando que está vindo, está acendendo e apagando o farol.

É uma verdade, Any estava acendendo e desligando o farol. Mesmo por cima da chuva dava para ver.

- Pause aí.- digo quando o carro do Jaden aparece na tela- Posso pegar o mouse?

- Claro.

Amplio a tela, até alcançar o semáforo, segundos antes da batida acontecer. Vermelho, Jaden passou no vermelho. Era ele quem deveria ter parado.

- Estava vermelho para o meu irmão, era ele quem deveria ter parado.

- Sinto muito, ele deveria estar distraído.

- O que mais me dói, é saber que nunca mostraram isso para ela. Por mais de um ano ela acredita que seu semáforo era o fechado.

- Ela seria?

- A garota por quem estou apaixonado.

- Faz muito tempo que não escuto alguém dizer isso.- Susan diz na porta.

- O amor ainda está no ar, bem.

- Aqui, eu trouxe um copo de suco para vocês.

- Não precisava se incomodar Susan.

- Não é incomodo, meu neto acabou de dormir.

- Você quer tentar passar a gravação para o seu celular?

- Teria como?- pergunto.

- Sim, eu só preciso achar o cabo.

- Deixa que eu pego, sabe como sua coluna está machucada.- Susan diz e logo sai, sem lhe dar tempo de responder.

Foi rápido para passar a gravação para o meu celular. Eu tentei cortar a parte que os carros batem, mas não obtive sucesso, tive que passar ele inteiro.

- Muito obrigado por ter me deixado entrar. O senhor não sabe como isso vai mudar a vida dela.- digo já no portão.

- Espero que isso mude sua vida também Josh, ao menos um pouco. Saiba que você não é o que a cidade diz. Você ficou menos de meia hora dentro de minha casa e senti como se meu filho estivesse aqui. Não deixe as pessoas te levarem para baixo.

- Obrigado. Foi um prazer conhecer o senhor.

- O prazer foi meu, se um dia precisar de mais alguma gravação, sabe onde me encontrar.

Mudo a minha rota quando estou indo embora. É hora de mostrar para Any que ela nunca foi a errada.

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Finjam surpresa sobre o acidente e digam: Meu Deus, nunca foi a Amy a errada a mãe dela é uma vaca.

Escutem as traduções das músicas pessoal, é onde mais tem spoiler kkkk

Votem e comentem

Até a próxima, Kyara!

De repente... Você!Donde viven las historias. Descúbrelo ahora