Capítulo 12- Any

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Escuto as batidas na minha janela, já passaram de dez, com pausa de dez segundos. Tentei abafar o som com o travesseiro, mas não ajudou muito.

É pouco mais das três da manhã, não vejo motivos para alguém me acordar. Além do mais, não tem ninguém que queira me acordar.

Josh:

voxe está acirdasa!
!*
!*
?*
Corrrtir dis infernos?

Me levanto rápido da cama depois de ler as mensagens quando a tela do celular clareou. Abro a porta da sacada, vendo Josh tremendo pelo frio, e a claridade do celular iluminando seu rosto.

- O que você está fazendo aqui, Josh?- pergunto o puxando para dentro do quarto.

- Eu vim te ver.- sua voz está arrastada e lenta, e o cheiro do álcool está por todo seu corpo.

- Você está bêbado.- afirmo, segurando seu rosto, vendo as pupilas dilatadas.

- Seu rosto é ainda mais bonito de perto.- suas palavras saem emboladas, mas seu sorriso ainda é magnífico.

- Você está bêbado, Josh.- digo mais uma vez.

- Só um pouquinho.- ele diz, indicando com os dedos a quantidade de estar bêbado.

Fico um pouco tonta quando o cheiro do álcool passa mais uma vez pelo meu nariz. E engulo a ânsia que veio.

- Você tem que ir embora.- digo tentando mostrar calma.

Seus olhos entristecem, e ele segura as minhas mãos que ainda estão no seu rosto.

- Eu não posso.- sussurra, dificultando ainda mais sua fala- Prometi a minha mãe que pararia de beber e quebrei a promessa. Ela não pode me ver assim.

- E eu posso?- pergunto trêmula. Mas ele nega com a cabeça.

- Também não. Mas eu não tinha outra escolha, Any. Está muito frio lá fora, e não tem outra pessoa que não tenha medo de mim na cidade. Mas se você quiser que eu vá embora, tudo bem, eu desço de novo e acho outra solução.

A tristeza e desespero na sua voz me incomoda, como se as palavras tivessem facas e me acertassem em cheio.

- Pode ficar aqui.- sussurro.

- Você não vai se incomodar?- nego com a cabeça, indo em direção ao guarda-roupas.

Sinto os olhos dele grudados em cada movimento que faço pelo quarto, e quando caminho em direção ao banheiro. Mas quando volto, ele ainda está no mesmo lugar de quando comecei a andar.

- Vai tomar um banho primeiro, a água está no morno e não é para tirar dessa temperatura. Deixei uma roupa do meu pai lá, eu gosto de dormir com elas às vezes então tenho no meu guarda-roupa. E tem uma escova de dente na pia.

- Por que não posso colocar a água no quente?- ele pergunta, mal andando em linha reta quando o empurro para o banheiro.

- Porque banho quente não vai te deixar menos bêbado.

Não sei se ele conseguiu me entender, nunca tive que ajudar uma pessoa bêbada. Dizem que dar café puro é bom, mas se eu der ele não iria ficar ainda mais acordado?

Não demorou para o chuveiro ser desligado, o que fez meu estômago se embrulhar. Não sei o que fazer no momento em que aquela porta abrir, não sei se ele vai conseguir andar em linha reta ou se a fala vai estar mais compreensível do que antes.

Vejo ele caminhar na minha direção, a roupa do meu pai não ficou tão grande como eu achava. Seus olhos estão vermelhos e consigo sentir a angústia neles.

De repente... Você!Where stories live. Discover now