→ Aquele com o LED

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— Só com você. — respondo.

— Considero isso como tratamento especial, então. — ela dá de ombros. — Você tem ketchup ou algo do tipo? — se vira para mim, depois de engolir o que mastigava.

— Na dispensa. — aponto com o queixo e começo a mexer no meu celular.

Ela se levanta e, após alguns ruídos, volta para a cozinha com um LED de coração, com a palavra "Sex".

— O que esse isso tá fazendo aqui? — ela franze o cenho, dando uma olhada na luz vermelha.

— Estava junto com as algemas? — pergunto e largo o celular sobre a bancada da cozinha.

— Não... — diz, hesitante.

— Então estava com o chicote. — observo ela ficar desconcertada e seguro a risada.

Stephanie fica alguns segundos em silêncio e abaixa os braços, deixando o LED ao lado do corpo.

— Ok. Você tá falando sério? — ela apoia o peso do corpo em uma das pernas.

— Estou brincando. Era de um dos meus inquilinos. Acho que ele esqueceu e... ficou aí. — digo, simplista, e volto a comer a pizza.

— Humm... — ela murmura, analisando o objeto. — Posso ficar com isso?

Solto uma risada, esperando ser mais uma de suas brincadeiras.

— Posso? — ela reforça a pergunta.

— Não é meu. — dou de ombros. — Faça o que quiser.

— Vou fazer bom uso disso. —diz, sorrindo enquanto o deixava em cima da bancada e se sentava em minha frente.

Stephanie prendeu o cabelo em um rabo de cavalo e algumas das mechas ficaram soltas. Fico congelado por algum tempo, a olhando. Por algum motivo, queria continuar daquele jeito, só que ela virou para mim e me senti obrigado a desviar o olhar.

Voltamos a comer a pizza em silêncio. Algumas vezes, ela tentava puxar assunto, mas a conversa morria com a mesma rapidez que começava.

Tentei enrolar um pouco ao comer, para terminarmos ao mesmo tempo. E, quando ela deu a última mordida, me levantei e lavei o prato que usei. Enxuguei as mãos e dei a volta na ilha da cozinha.

— Vai ficar no quarto de novo? — Stephanie bate as mãos, tirando as migalhas da pizza.

— Tenho outra opção? — olho para ela.

— Não sei. Mas pensei que poderíamos fazer alguma coisa...

Não respondo Stephanie, e ela não parece se importar, já que continuou:

— Podemos conversar, jogar algum jogo de tabuleiro, ou algum de seus videogames... Posso te mostrar os talentos de Joe! — ela diz, depressa. — Já sei! Podemos tentar fazer uma receita. Você disse que quer aprender a cozinhar.

— Não vai dar. Tenho terapia agora. — confiro a hora no celular e o guardo no bolso. — E não me perturbe. — aviso, antes de fechar a porta do meu quarto.

Sento na cadeira da escrivaninha e ligo o computador. Espero cinco minutos, antes de solicitar uma chamada de vídeo com Eric. Ele atende e ajeita a câmera de forma desastrosa, tanto que fica um pouco torta.

Minha perna começa a tremer, e minha mão apoiada no joelho acompanha o movimento.

— Está me vendo? — pergunta ele.

— Sim. Mas está torta. — confesso. O homem tenta ajeitar, mas parece piorar.

— E assim?

— Tá... bom. — sorrio, sem mostrar os dentes.

PANDEMICDonde viven las historias. Descúbrelo ahora