Me aproximo dele ficando a centímetros de seu rosto e sorri.

– Quem disse que você vai sair daqui? – Pergunto sussurrando. – Pode até sair, mas garanto que não sairá vivo e inteiro.

Vejo, pela primeira vez, pânico em seus olhos.

– O que foi? Achou mesmo que eu permitiria que você saísse vivo daqui? – Pergunto incrédulo. – Não mesmo, não depois do que tentou fazer a ela, não depois de tudo o que disse que faria se tivesse outra chance.

Seus olhos estão pesando, ele está lutando para se manter acordado. A dor e o cansaço estão tomando toda sua energia. E não a nada que eu mais goste nesse momento do que o ver assim, se dando conta de que esses são os seus últimos momentos de vida, antes que eu o mate.

Millie.

Abro os olhos e a luz acima de mim me obriga a fechá-los de novo. Rodo minha mente tentando me lembrar de como cheguei em casa, mas a resposta vem imediata. Eu não me lembro, a última coisa de que me lembro é de Miguel sorrindo para mim quando entra no banheiro junto com seu irmão. Abro novamente os olhos e examino o ambiente ao meu redor, vejo uma garota baixa de cabelos louros e cacheados a alguns metros de distância.

Tento chamá-la, mas minha garganta está queimando e minha cabeça doendo bastante. Bato a mão em uma mesinha ao meu lado e alguns objetos caem chamando a atenção dela. A garota se vira e sorri para mim. 

– Emilly, não é? – Pergunta vindo com uma bandeja com água e um remédio até mim. Assinto e ela me entrega o copo.
A encaro desconfiada, estou com sede, mas nunca mais vou beber algo sem sabe o que é exatamente.

– Sou Luana, tia de Bryan – Se apresenta. – Você deve estar confusa, não entendendo absolutamente nada, mas confie em mim. Estou aqui para te ajudar.

Bebo a água desesperadamente e suspiro sentindo o ardor em minha garganta se dissipar.

– O remédio – Ela me entrega e vira mais água em meu copo. – Vai te ajudar com a dor de cabeça que você com certeza deve estar sentindo. 

– Onde ele está? – Pergunto olhando para os lados. – Onde está Bryan?

– Ele... O Bryan está resolvendo um assunto, já deve estar voltando – Diz olhando para trás onde tem um corredor mal iluminado.

– Pode chamá-lo, por favor? – Peço. Luana me encara por alguns instantes antes de concordar.

– Tudo bem, vou ver onde ele está.

Bryan.

– Pulmão! – Peter grita e sorri, perfuro o pulmão de Miguel com a adaga em minhas mãos. Ele grita alto e mexo a lâmina causando ainda mais dor.

– Fígado! – Diz Peter gritando animado. Puxo do pulmão e enfio no fígado, Miguel mantém uma respiração fraca, quase imperceptível.

– M-me mata l-logo – Pede sussurrando.

– Você acha que merece esse presente? – Pergunto. – Depois de todas as ameaças que fez a ela? Depois de dizer todas as formas possíveis que a faria sofrer? Acho que não. Você merece uma morte lenta e dolorosa.

– Qual o próximo lugar? – Questiono olhando para Peter.

– Sabe que eu sempre quis saber o que acontece se alguém for esfaqueado nessa região aqui – Ele aponta para as costelas, perto dos rins. Peter é enfermeiro, então é óbvio que sabe que uma lesão nessa área causa a perda dos movimentos, e aparentemente Miguel também sabe, já que começa a gritar e se mexer freneticamente, o que é inútil já que eu o amarrei em uma mesa.

Faço um corte longo e profundo ao longo das costelas e dos rins, Miguel grita tão alto que qualquer pessoa que passe pela ala 2 poderia facilmente escutá-lo.

– Acho que devíamos cortar a língua também – Peter faz uma careta.

– Bryan – Ouço uma voz me chamar atrás de mim. Me viro e encaro Lua que olha rapidamente para Miguel e volta a olhar para mim. – A garota acordou. Ela está te chamando.

– Já estou indo – Aviso e ela sai.

Pego a adaga limpa que estava ao meu lado e a cravo com força em sua virilha acertando a veia femoral.

– Quando ele morrer, dê um jeito no corpo – Peço a Peter – Não deve levar mais que 15 minutos, deixe-o morrer por si só. Ele não merece ser poupado da dor.

Saio da sala entrando em um dos banheiros, tiro minhas roupas sujas de sangue e tomo um banho rápido. 10min depois entro no quarto onde ela estava. Os cabelos vermelhos presos em um coque frouxo, alguns fios estavam soltos a deixando perfeita. Emilly olha em minha direção e caminho até ela examinando seu rosto sereno.

– Oi – Murmuro sem saber o que dizer a ela.

– Oi, onde nós estamos? – Pergunta confusa. – O que aconteceu, eu n...

– Não se lembra de nada que aconteceu? – Pergunto.

– A última coisa de que me lembro foi do barman entrando no banheiro atrás de mim e o irmão...

– Miguel – Ela assente.

– Sim, eu o conheci quando estava sentada no bar. – Diz. – Bryan ele parecia tão gentil, tão educado. Eu não me lembro o que aconteceu, por favor me fala o que aconteceu comigo? – Pede, lágrimas escorrendo de seus olhos. As duas esferas me encarando, eu quase podia sentir o medo que elas transmitiam.

Minha MillieWhere stories live. Discover now