De repente, a atenção de Elise foi tomada por um dos jovens que aproximou o pêssego da boca. Ele o mordeu fechando os olhos, envolvendo-o em seus lábios cheios, fazendo com que o suco escorresse por seu queixo, passando pela barba cerrada, e deslizando pelo pescoço do rapaz. Ele sorriu como se aquilo fosse divertido de se sentir, deixando uma feição de prazer tomar conta de seu rosto bem desenhado.

Neste momento, Elise paralisou, perdeu o ar, sentiu o coração bater mais forte, as mãos começarem a suar, a barriga ficou estranha e as bochechas coraram. Por um instante, ela ficou confusa com a mudança das estações e podia jurar ser verão novamente, já que o calor tomou conta de seu corpo. A jovem se virou de costas, subitamente ficando de frente com Lúcia, que ao ver sua expressão, ela estendeu os braços se aproximando rapidamente.

— Venha, senhorita Elise, vamos entrar! Depressa, venha! — Lado a lado, elas adentraram a casa principal e foram diretamente para o quarto de Elise.

— Nossa! Nossa! Nossa! — Elise passou à andar de um lado para o outro, no assoalho de madeira, quando Lúcia fechou a porta atrás de si.

— É melhor ficarmos aqui dentro até a cor de tuas bochechas voltarem ao normal.

— Está bem, eu ficarei aqui, mas preciso que desças e prestes atenção em tudo que está a se passar entre meu pai, aquele senhor e os garotos. — Elise a olhou determinada, e Lúcia negou com a cabeça.

— De modo algum deixarei a senhorita Elise para ir bisbilhotar a vida alheia. — Ela se distanciou da porta indo em direção a penteadeira.

— Lúcia! — Chamou Elise se aproximando e segurando as mãos dela. — Eu preciso que vá e fique de olho no que estás a se passar no jardim!

— Mas senhorita...-Lúcia a mirou com seus olhos negros e incertos sobre o que Elise a estava pedindo.

— Lúcia! Pelo amor de Deus, é uma ordem! — Suplicou Elise apertando as mãos dela.

— Pare de bobagens, senhorita! — Se desvencilhando bruscamente ela se voltou para os acessórios na penteadeira, enquanto Elise se deu por vencida e foi em direção a cama. Frustrada, ela se jogou de costas no colchão, fazendo com que uma das almofadas azuis caísse no chão.

— Oh! Céus, eu enlouqueci! Não consigo esquecer aquela cena... — Ela puxou um travesseiro para si, abraçando-o contra o peito. — Isto é tolice! Nem o conheço! E, além disso, como uma mordida em um pêssego pode causar paralisia em outra pessoa que não é aquela que o mordeu em primeira instância? Não sei, mas causou! Isso é verdade! Devo ter enlouquecido então! Deveras! Isto explicaria tudo! Contudo, se enlouqueci ficaria como a tia Maria... e isso não quero para mim, não! Claro que não! — Exclamou Elise subitamente ficando em pé e largando o travesseiro sobre a cama. — Acreditas que estou louca, Lúcia?

— Não, senhorita. Mas claro que, devo confessar, o rapaz tem uma beleza que pode causar paralisia às jovens ao seu redor. — A dama de companhia enrolou uma fita de cetim, e a guardou.

— Sei bem disso, Lúcia! Me conheces, eu jamais perco a postura por garoto algum, e mesmo assim, esse fez-me ficar com as bochechas vermelhas só por assistir ele comer aquele maldito pêssego! Como isso pode ser possível? — Perguntou Elise mais para si mesma do que para Lúcia, e voltou a se jogar na cama abraçando uma de suas almofadas. — Não sei! Mas eu queria ser aquele pêssego!

— Acho melhor a senhorita parar com estas bobagens, pois se continuar assim tuas bochechas jamais voltaram normal.

— Mas até que concordo com a minha confissão anterior... o pêssego deve ter se sentido incrível naqueles lábios...E aquele sorriso? Ah! — Suspirou ela se virando de barriga para baixo. — Eu preciso daquele sorriso para mim Lúcia...

Elise e suas formas de amarWhere stories live. Discover now