10

68 11 9
                                    

HARRY.

   Aparentemente tenho um encontro com Louis. Bom, não é bem um encontro, mas vamos sair, para nos divertir, nós dois. Para ver arte e conhecer a cidade dele, mas Liam ainda me preocupava, se Zayn soubesse, ou se Liam recuperasse alguma memória... tudo estaria perdido.

   Bom, mas eu não estava preocupado enquanto iria sair com ele. Faria ele começar a gostar de mim, e tudo ficaria encaixado com os meus planos. Torceria para aqueles dias não passarem tão devagar.

    E não passaram, quando percebi já era Quinta Feira, Louis e eu tínhamos combinado de nos encontrar naquele mesmo lugar da praça onde eu havia visto o festival. Louis estava tão perdido com essa decisão, ele queria sair comigo, ele queria estar comigo, mas ao mesmo tempo achava repugnante, ficava com repulsa de si mesmo, e achava que estava sendo um péssimo cristão. Na última parte ele estava certo.

   Eu não entendia porque ele sentis repulsa de estar comigo. Ele não estava fazendo nada demais. Eu não podia ler os pensamentos dele, séria sujo e trapaceiro demais. Invasivo, já que quero conquista-lo. Eu me sentiria um monstro. Eu sou um monstro.

    Bom, isso não importa agora. Tudo que importava é a hora, e já estava quase na hora. Eu me arrumei, coloquei uma calça jeans, azul escura e justa, uma blusa estampada e um cinto para segurar um pouco mais calça. E para não perder um segundo sequer, me teletransportei para o lugar. Atrás de uns carros, pois séria totalmente estranho uma pessoa aparecer no meio de uma praça do nada!

   Lá estava ele, vestido com uma blusa azul marinho, e uma bermuda. Alguém precisa ajudar Louis Tomlinson O Cristão a se vestir. Ele estava distraído, sorrindo ao ver crianças brincando, e eu não pude deixar de achar adorável. Pois qualquer um acharia adorável. Qualquer um.

   Me aproximei dele, querendo pega-lo de surpresa, mas ele simplesmente virou-se para mim antes que eu pudesse assusta-lo.

    — Bons reflexos. — Ele abriu um sorriso convencido, parecia um sorriso verdadeiro e eu acabei sorrindo também. Apenas porque ele me contagiou.

    — Pra ser médico eu preciso de bons reflexos. — Mesmo que fosse um sorriso convencido, era um sorriso verdadeiro, e eu não tinha visto nenhum até o dia em que o vi pela primeira vez. — Sr. Styles! Vamos começar pelo primeiro tópico da nossa feira! A arte, pintura, molduras, aqui temos muito artesãos, pintores, artistas com múltiplos talentos.

    — Uh! Múltiplos talentos... — Repeti o que ele falou, e comecei a caminhar calmamente pois ele tinha feito um sinal com a cabeça, para que eu pudesse segui-lo, e assim o fiz. Andando por meio das pessoas, escutando risadas e conversas, ocultei meus poderes um pouco.

    — Bom, opções. Você ser pintado, você escolher algo para ele pintar na tela, ou você tentar pintar algo. — Ele apontou para três pintores, com tintas, telas, pincéis, estavam cheios de empolgação e alegria.

    — Perdoem-me, mas eu gostaria de escolher a quarta opção. — Falei para eles, ficaram com uma expressão confusa, com cenhos franzidos, estavam engraçados.

    — Não existe uma quarta opção Harry. — Louis balbuciou, sua voz parecia num tom de deboche, como se aquilo fosse a coisa mais óbvia da face da terra. Mas a coisa mais óbvia da face da terra era que Louis Tomlinson estava perdido em si mesmo, e ele não conseguia enxergar isso e mentia para si mesmo.

    — Louis, eu quero que você pinte uma coisa. — Apontei para ele enquanto dava ênfase naquela parte da frase, ele deu um passo para trás e gargalho, negando com a cabeça e com as mãos abertas um pouco a frente do corpo.

   — Eu não sei pintar. — Ele respondeu, sério, sem risada. E então o analisei, seu coração ficou acelerado, o sangue pulsou mais forte e subiu para as suas bochechas, sempre que isso acontecia Tomlinson baixava a cabeça.

   — Não deve ser tão difícil pra quem tem mãos tão firmes. — Apontei para o banco vazio, tinha a opção de pintar algo, e ele faria por mim. — Afinal, tinta e pincéis, não deve ser tão difícil.

   — Ok. Você venceu. Mas terá que me pagar um sorvete. — Ele semicerrou os olhos, eu queria gargalhar, ele fazia coisas que me davam vontade de rir e sair dizendo para o mundo o quanto era uma pessoa maravilhosa. Parabéns, Harry Styles, você vai levá-lo ao inferno.

   — Combinado, um sorvete pra você. — Ele sorriu, mais um sorriso tirado do rosto dele. Ele pediu as tintas e alguns pincéis, sabia exatamente o que estava fazendo, e eu sabia. Tinha minhas dúvidas, mas sabia no fundo, que ele amava alguma parte da arte, e que ele não ia naquele festival por falta de tempo, e por falta de um anjo caído de dois mil anos pra convidar ele. — Você vai ter que pintar... isso aqui.

   Abri os botões da camisa, com a maior calma do mundo, como se eu tivesse mais dois mil anos para vivenciar aquele momento. E então ele olhou, entreabriu os lábios avermelhados e o sorriso se abriu em meus lábios.

    — O... O seu... Abdômen? — Ele perguntou, um pouco confuso, e tentando olhar para todos os lados menos para mim, desviava o olhar para os pincéis, as tintas, e até a tela. Às vezes seu olhar se encontrava no céu.

  — Claro que não! Por que você carregaria a pintura do meu abdômen com você? Que absurdo! — Esperando que ele não entendesse o tom de deboche, debochei dele. Apontei para a borboleta que estava tatuada ali, e ele continuou olhando além dali. — A borboleta, Louis. Quero que você pinte minha borboleta.

   Ele voltou a me olhar, encarando a borboleta, com os olhos focados e quase engolindo a tatuagem, me senti nu naquele momento. Tinha deixado ele sem graça e ele deu o troco, sem nem mesmo perceber. Como te entender Louis? Se nem mesmo você se entende.

    — Tudo bem.  A borboleta... É, vai ser divertido. — Eu realmente acabei de ouvir, o que eu acabei de ouvir? Ele acabou de dizer que estava se divertindo comigo. Não falaria isso se soubesse que estou corrompendo sua alma aos poucos, mas pelo menos eu poderia fazê-lo se encontrar. E então ele começou a pintar.

in the hands of a fallen angel! Tahanan ng mga kuwento. Tumuklas ngayon