Capítulo um: sobreviver

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Escrito por: RedWidowB


Notais iniciais: Olá! Esta fic foi patrocinada pelos meus últimos neurônios, betada por minie_swag e YinLua, e a capa e banners lindos foram feitos por  ThalieMessi, então agradeço demais pelo esforço de todo mundo para esta bendita a nascer, incluindo toda a equipe do projeto que me auxiliou, avaliou e teve paciência comigo. Enfim, espero que gostem! Boa leitura <3

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Ainda que o mundo não se resumisse a uma só sociedade, cultura e crença, certos erros humanos repetiam-se, apenas provando que os instintos não controlavam somente aqueles que não têm consciência. Decerto, isto não tornava a vida mais fácil ou justa para qualquer indivíduo, mas, sob as vontades daqueles que regiam a ela, a antropologia assemelhava-se ao teatro celestial.

Dentre as peças regidas pelos fios conectados às pontas dos dedos do destino, as tragédias eram as mais benquistas, desenvolvidas em palcos de dimensões exorbitantes aos humanos e minúsculas aos telespectadores. Naquele ano, mais um show deífico se iniciaria sem que os mortais, protagonistas de tudo, soubessem.

Entre o deserto ao sul e a riqueza ao nordeste de Pulchra, existia a pequena cidade de Cultum, lugar de terra fértil e água abundante. Ali, onde a pobreza era apenas uma palavra repetida por estrangeiros para descrevê-los, viviam aqueles que tudo produziam e nada entesouravam, sujos de terra, suor e alegria ignorante. Dali não se esperava o surgimento de um grande líder, soldado ou qualquer que fosse a definição de poder empregada ao cargo, uma vez que a bonança era a maior ambição de seus cidadãos. Entretanto, ainda que os pulchros que povoavam a cidade fossem de tal forma, o país em nada condizia a eles. Aquela era terra de riquezas e ricos — diziam os governantes.

Eram povo de felicidade simplória e orgulho distinto.

Talvez por isso, pela crença de seus próprios líderes, no ano de 1652, a guerra que destruía a região norte prometia consumir tudo o que alcançasse, independente de quem ajoelhasse covardemente. O terror, antes inimaginável, se espalhava desde as estradas para o estrangeiro até o litoral salso. Não havia soldados impiedosos em seu exército, enquanto o Império Min, atacante, tinha sede de tudo aquilo e muito mais, pisando nos opositores e engolindo suas entranhas feito banquete.

Famílias eram devastadas, mortas ou escravizadas, enquanto boatos se espalhavam por toda parte, sobre como os sobreviventes preferiram não o ter feito, sobre como o norte envergonhava a pátria. O orgulho era destroçado simultaneamente à felicidade. E era sobre isso que, todos os dias, Park Jimin era aconselhado por seu pai, enquanto colhiam, plantavam e teciam.

Em um monólogo alheio, o menino ouvia-o divagar sobre não serem guerreiros, mas, acima de tudo, terem de lutar. Sobre como Pulchra não merecia perecer.

— Não existe maior desonra que a desistência, meu filho! — ele gritava contra o vento forte que balançava a plantação de trigo e seus cabelos grisalhos, mexendo as mãos magras em direção aos céus carregados de futuras tempestades. — Nunca se permita...

— Cale a boca, Park Jiwoo! — gritava a esposa de volta, discordando do homem por quem se apaixonara há tanto tempo.

Ali, em meio à calmaria do campo, Jimin se perguntava se a guerra era real, se deveria realmente temê-la, ou buscar por honra dentro dela.

Tal diálogo, entre o pai de fidelidade intacta e a mãe temerosa, havia acontecido todos os dias após o primeiro sinal de guerra surgir no país, mas, ainda assim, ele continuava confuso. De um lado, o menino de apenas 11 anos escutava sobre como um homem nunca abaixava a cabeça em frente ao inimigo, enquanto, do outro, ouvia que sobreviver era o único motivo pelo qual havia nascido.

Anthill | YoonminWhere stories live. Discover now