Tá se achando o rei da porra toda.

— Filho da... — soco a sua cara com mais força ainda, acabo o desnorteando e provocando a sua queda no chão, quem sabe assim deixa de ser babaca.

O treinador apita e vai até o cara, o ajudando a se levantar enquanto pergunta se está tudo bem e pede para que eu fosse descansar um pouco já que pareço alterado.

Ah vai a merda, onde é que eu estou alterado nessa porra?

Eu até ponho minhas mãos cobertas pelas luva sobre a cintura com uma cara incrédula, reviro os olhos e me viro para sair do ringue.

Fico o resto das duas horas batendo em um saco de pancadas enquanto cuidam do manézão que levou só um soquinho e já tá fazendo drama, eu também levei e estou bem aqui, com os lábios cortados porém tudo bem, quem mandou pensar de mais no Jimin.

Me xingo internamente enquanto espanco o saco, saber disso realmente está me afetando e eu não sei se é de uma maneira positiva ou negativa, até porque eu nem tive a confirmação real, é só uma especulação. Vai que meu cérebro está sendo mentiroso, é que realmente não dá pra acreditar que alguém possa gostar de mim, eu sou um monstro.

Ao fim do treino, eu tenho mais um aviso sobre o campeonato do fim de semana e uma conversa sobre autocontrole, nem é a primeira vez que conversamos e com certeza não será a última já que a probabilidade de eu ganhar e depois arrebentar o cara é de 99,99%, mas eu ouço e concordo antes de tomar uma ducha e pegar minhas coisas no armário para ir embora.

Cansado que só um desgraçado e exausto psicologicamente, eu vou caminhando sem muita pressa até a escola do pirralho enquanto seguro meu chaveiro de coala entre os dedos, me lembrando daquela época da minha versão mais pura e verdadeira ao lado de Jimin.

Já gastamos dez moedas nesse brinquedo, Jimin. E não pegamos nadinha de nada. — eu digo frustrado e quase chorando, sentado ao lado da máquina de bichinhos, tendo em mãos a minha última moeda e ele também.

Eu vou pegar algo pra você nem que para isso eu tenha que entrar nessa máquina. — Jimin se levanta determinado e põe a sua moeda, a garrinha começa a se movimentar e ele tenta pegar qualquer bichinho aleatório mas não consegue, a garra pega e o larga no meio do caminho. — Desgraça! — ele grita irritado.

Aproveita que você é todo compacto e entra nessa máquina, talvez assim seja mais fácil de pegar alguma coisa. — eu sempre amei irrita-lo ao lembrar o quanto ele é baixinho pela idade, até porque nessa época nós tinhamos uns dezesseis e dezessete anos e a diferença de tamanho era horrenda, hoje é só alguns centímetros.

Ridículo. — é o que ele sempre dizia, com um falso revirar de impaciência enquanto pega a moeda de minha mão e tenta mais uma vez, no fundo ele se divertia com as provocações. — Se eu conseguir, você me deve um beijo na boca.

Ele sempre foi assim de soltar alguma coisa, na época eu achava que era só o jeito brincalhão dele mas não, ele estava amarradão em mim e o que eu fiz foi só concordar ironicamente. Depois que ele pegou o chaveiro de coala, a gente pulou que nem dois retardados depois de ter gastado vinte e dois mil wons nessa máquina e o beijinho foi cobrado, mas lógico que eu neguei e falei pra ele parar de ser idiota.

Que sonso que eu era, puta que pariu.

Mas, mesmo indignado, eu consigo sorri que nem bobo ao lembrar de todo o esforço que ele teve por mim só para pegar algum bichinho que levo até hoje comigo. Esse chaveiro sempre foi especial mas eu tinha esquecido o porquê, hoje eu lembro e fico com uma tremenda vontade de chorar por causa do sentimento puro que invade, igualzinho aquele Jungkook que já fui.

Cicatrizes - Pjm + JjkOnde as histórias ganham vida. Descobre agora