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ISAAC GILINSKY • CALIFORNIA

Entro em casa mas não encontro ninguém, graças a Deus. Com o sol que está devem estar todos na piscina. Eu que não vou dar as caras lá. Subo direto para o meu quarto e coloco a mochila no chão. Pego o papel com o número da Danielle e salvo no Whatsapp.

Para não correr riscos, rasgo o papel em milhões de pedacinhos e jogo fora. Me sento na cama e tiro a blusa. Passo a mão no cabelo e penso em qual decisão tomar. Fico um tempo assim, pensando na mesma coisa e não chegando em nenhuma conclusão.

Pego minhas coisas para tomar banho e vou para o banheiro. Talvez no banho eu consiga pensar melhor. Tiro minhas roupas e entro no box, ligo o chuveiro na água fria e vou para debaixo dela. A sensação da água fria no meu corpo quente é muito boa. A dor de cabeça estava aliviando, meu corpo relaxando e o peso indo embora.

Fecho o chuveiro e pego a toalha, passo no cabelo, depois um pouco no meu corpo e a enrolo na cintura. Volto para o quarto e olho da janela. Estavam todos na piscina. A Luna, meu pai e a Beatrice. Não sei o que fazer e eu sinto que não tenho todo o tempo do mundo para decidir.

Visto um samba-canção qualquer e deixo a toalha na cadeira. Depois eu levo ela pra área de serviço, eu não estou com vontade alguma de aparecer lá fora e conversar. Encaro o ventilador rodando e me perco em meus pensamentos.

O que eu faço? Será que eu vou e começo uma vida com ela em outro lugar ou eu fico e finjo que tudo aquilo que eu vi e ouvi é mentira? Não consigo parar de pensar no que pode acontecer se eu deixar a Luna e a Beatrice nas mãos do meu pai, e tem o Alex também... mesmo ele já morando sozinho e sendo maior de idade, eu fico preocupado.

Mas também não consigo parar de pensar no que pode acontecer se eu ficar. No futuro, pode haver algo e eu não conseguir defendê-los, porque sou fraco. O tamanho do meu pai comparado ao meu, ele pode me matar se quiser.

Uma série de possibilidades e apenas uma decisão, pra mim, um garoto de apenas 16 anos, que reencontrou a mãe biológica e a mesma me fez uma proposta em que tudo depende de mim. O futuro depende de mim e eu simplesmente não sei o que fazer.

Me pego chorando no meio desses pensamentos, pois a lágrima escorreu do meu olho até o meu ouvido e agora eu estou triste, puto e surdo.

- Isaac? - A Luna aparece na porta do meu quarto.

- Oi. - Seco as lágrimas rápido.

- Está tudo bem? Você chegou e nem falou com a gente. - Fala.

- Eu estou um pouco cansado, só isso. - Falo. - Vem cá dar um abraço no irmão. - Abro os braços e ela vem correndo.

- A água da piscina está muito boa, você devia entrar. - Fala.

- Mais tarde eu entro, tá bom? Aí a gente brinca e depois, podemos fazer um brownie com a mãe, o que acha?

- Eu acho ótimo! A mamãe e o papai vão amar o nosso brownie!

- Sim, a mamãe e o... papai, eles vão amar mesmo. - Falo. - Agora eu preciso fazer uns deveres, depois a gente conversa, brinca e cozinhamos. - Beijo sua bochecha.

- Tudo bem, até mais tarde. - Fala e sai do quarto, fechando a porta.

Permaneci dentro do quarto, não fui na piscina com a Luna e nem fizemos o tal brownie que eu disse que faríamos. Estou sendo babaca? Um pouco.

Saio do quarto e vou para a cozinha, coloco minha comida e me sento junto deles na mesa.

- Isaac? - Meu pai diz.

- Oi. - Falo sem olhar.

- O que aconteceu? Ficou dentro do quarto o dia inteiro.

- Eu só estava um pouco cansado. - Falo.

- Foi tudo bem na escola? - A Beatrice pergunta.

- Sim, foi tudo bem. Eu só... esqueci de comer e acabei passando mal enquanto voltava. O sol na minha cabeça não me fez muito bem.

- Você voltou andando? - Meu pai pergunta.

- Sim.

- Quantas vezes eu já lhe disse para não fazer isso? - Pergunta.

- Não sei, perdi a conta. Mas me deu vontade de voltar com a Sarah e eu voltei andando com ela. Estou aqui, não estou? Vivo, em carne e osso.

- Você sabe o motivo dessa proteção.

- Sim, eu sei, e isso me irrita. Eu só queria ser um garoto normal, queria poder andar na rua que nem todo mundo. Vem cá, com o Alex tem isso tudo também? - Pergunto já irritado.

- Não se compare ao Alex, ele já é maior de idade e sabe muito bem o que faz. - Fala e eu o encaro.

- Não importa, é seu filho também. - Falo e sinto a mão da Beatrice no meu braço assim que eu termino a frase.

- Se acalma. Come e vai pro quarto, eu lavo a louça hoje. - Ela diz enquanto deixava um carinho ali.

- Toda vez é a mesma coisa, a mesma discussão. Parece que você não entende.

- Não entendo o que? Que perigo todo é esse que nós corremos? Me fala a verdade logo. - Elevo o meu tom de voz e bato na mesa. - Não vai dizer nada?

- Gente... - A Beatrice nos chama.

- Não, não precisa se retirar, eu mesmo faço isso. Perdi a fome. - Falo e os deixo. Vou para o meu quarto e bato a porta.

Já me decidi. Eu confio na Beatrice, ela vai conseguir proteger a Luna e se proteger também. E confio no Alex para reforçar a proteção das duas. Pego o celular e mando mensagem para a Danielle.

Pergunto quando vamos e como eu faço com as malas. Ela logo me responde, diz que me buscaria na semana seguinte e que iríamos para a Itália. Me disse para pegar tudo meu, tudo o que eu conseguir pôr na mala.

A Beatrice tem exposição na semana que vem, na terça feira, no horário da escola. Eles vão sair de casa bem na hora que eu acordar, então está tudo perfeito. A Danielle me busca quando todos saírem e embarcamos no mesmo dia.

Mando mensagem para a Sarah, dizendo pra ela me encontrar na biblioteca amanhã de manhã e desligo o celular. Procuro minhas malas e as deixo num local fácil de pegar. No decorrer da semana, vou arrumando tudo sem que ninguém perceba e no dia, é só colocar as malas no carro e viajar.

Tenho total certeza da minha decisão e não me arrependo. Vou manter contato com a Beatrice pra saber dela e da Luna, mas em momento algum eu vou dizer onde eu estou e com quem estou. No dia da viagem, eu terei prova, então darei usarei como desculpa para não ir à exposição.

Bom, está tudo certo, agora é só esperar.

ᴍᴀғɪᴀ 3 ✦ ᴊᴀᴄᴋ ɢɪʟɪɴsᴋʏWhere stories live. Discover now