o bem sai vitorioso

2.2K 267 100
                                    

Pov Gwyn

Perto da hora do almoço eu já tinha montado uma barraca, estendido uma grande lona a frente dela pra termos mais espaço, recolhido lenha pra fogueira, organizado todos os nossos pertences por categoria: roupas quentes/roupas para frio/primeiros socorros/ervas/remédios/ armas etc.
No meu passeio pelo pântano consegui caçar um coelho com o arco e flexa que tínhamos.
Também encontrei algumas ervas que podiam ser úteis e uma fonte de água limpa.
Agora eu estava concentrada em fazer aquele guisado de coelho o mais gostoso possível com os tempeiros e ervas que tinha a disposição, para que Azriel comesse direito ao menos.
Quando acabei e olhei em volta e vi tudo pronto percebi que ele estava demorando.

Gwyn: seria bom você vir almoçar sabe...

Falei com o vento.
Ou menos foi o que eu achei, até ver Az se materializar na minha frente assim que fechei a boca.
Poderia facilmente ter tido um infarto.

Gwyn: como?!

Ele sorriu, e eu me esqueci na mesma hora onde estávamos e o que estávamos fazendo.

Azriel: deixei algumas sombras com você. Não achou que ia ficar totalmente sozinha aqui né?

Dei um sorriso cheio de segundas intenção, estreitando o olhar pra ele.
Pronta pra brincar e tornar aquele lugar ainda mais suportável.

Gwyn: ciúmes das árvores? Ou talvez você seja um voyeur, senhor Encantador de Sombras?

Azriel: você anda se exibindo pras árvores nesse nível?

Gargalhei, puxando ele pra perto.
Pra um abraço seguido de um beijo cheio de saudades e preocupações.
Az se soltou olhando em volta.

Azriel: Feyre pode ser boa decorando uma mansão, mas você merece um prêmio por fazer isso aqui confortável - ele deu mais uma boa olhada - e eficiente ao mesmo tempo.

Gwyn: eu disse que seria útil - mais um selinho que roubei - e assim que você comer, beber água e descansar um pouco podemos revisar o que quer que tenha visto.

Meu parceiro caminhou pra pequena área de alimentação que eu tinha improvisado e se jogou lá, mas não fez mensão de tocar na comida.

Azriel: um grande monte de nada. Ninguém entrou, ninguém saiu. Nem um suspiro de lá de dentro.

O olhar dele parecia vago, perdido.
Azriel odiava perder.
Odiava não conseguir o que queria.
Foi um feito histórico eu ter conseguido que ele tirasse um pouco mais de um mês de férias.
Mas aqui estava ele, menos de 12 horas de volta ao trabalho, e estava totalmente tenso outra vez.
Me sentei ao lado dele, preparada pra tira -lo daquele lugar escuro pra onde sua mente tinha ido.

Gwyn: levando em consideração o tamanho da casa, quanto tempo levaria para os suprimentos delas acabarem?

Vi quando ele começou a mexer e puxar nervosamente o cabelo.
Pensando.
Fingi estar distraída mexendo a panela a minha frente, enquanto pegava uma de suas mãos pra brincar com ela, fazendo ele parar.

Azriel: se todas elas estiverem lá, considerando a possibilidade de haver criados..eu diria que uns cinco dias.

Gwyn: você viu algum tipo de galpão? Onde elas poderiam estocar comida?

Sem olhar pra ele, sem dar indícios das minhas intenções, estendi um copo de água em sua direção.
Que pegou, distraído com os próprios pensamentos.

Azriel: onde quer chegar?

Gwyn: bem, se houvesse algo assim, poderíamos provocar um acidente. Algo que as forçassem a se mexer.

Azriel: preciso verificar isso com mais cuidado.

Ainda tomando cuidado pra não ser notada, servi um prato de guisado pra ele.
Mas não entreguei.

Gwyn: suas sombras não podem chegar mais perto? Tentar entrar?

Finalmente olhei em sua direção, pra que ele visse enquanto eu levava uma colher a boca e comia.
Mas me mantive totalmente concentrada nele, como se não estivesse fazendo nada demais.

Azriel: não nesse sol, talvez a noite.

Gwyn: certo, temos mais algum plano a médio e longo prazo?

Enquanto ele pensava, levei uma colher a sua boca.
Estava ficando mais difícil fingir que eu não estava fazendo nada de mais.
Que não estava nervosa com a possibilidade dele recusar.
Mas Az abriu a boca em um reflexo, totalmente envolvido com o que estava pensando.
Quase suspirei de alívio.

Azriel: acho que podemos monitorar as estradas que chegam a casa - mais uma vez levantei a colher em sua direção, que aceitou sem se dar conta - averiguar que tipo de pessoas encontramos por aqui.

Gwyn: parece um bom plano, mas me diga, o que tem achado do sétimo livro?

Azriel: aquelas sessões de cura me lembram muito alguma coisa - o tom levemente brincalhão em sua voz fez meus joelhos tremerem, o que quase me fez derrubar a próxima colher logo no seu colo - e aquela competição entre os filhos do khagan me lembra a Corte Outonal.

De novo, ele ficou tenso.
Devia estar pensando em Eris e Lucien.
Possivelmente em Beron também.

Gwyn: ajuda se eu disser que pelo menos nesse caso o bem sai vitorioso?

Azriel: ajuda sim - vi meu parceiro ficar pensativo outra vez.

Ele pegou o copo de água que eu deixei ao seu lado, bebeu e se levantou.

Azriel: preciso voltar, se precisar de mim só precisa me chamar.

Gwyn: mas...você acabou de chegar!

Az já estava de costas, mas olhou por cima do ombro pra me dar um sorriso mínimo.

Azriel: preciso que bem saía vitorioso aqui também.

E sumiu, me deixando pra trás com um prato ainda pela metade.

Corte de Sombras e Sons (concluída)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora