Capítulo 52. Cura

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– Meus gatilhos já estão todos apertados.

Caminhamos em silêncio pelos corredores do palácio, os sons dos nossos passos sobre o piso lustroso ecoando pelo vazio dos salões, como se convidássemos o inimigo para nos confrontar. Mas apenas silêncio nos envolveu em resposta. Parecia não haver mais ninguém no palácio inteiro, – ou no universo – e eu me perguntava se isso era verdade ou se era o que queriam que pensássemos...

– Será que o metriona fugiu? – Sussurrei para Doxy, que, com os olhos nos corredores, balançou a cabeça para os lados.

– Não... Ele teria de nos temer para fugir.

E então ouvimos os disparos às nossas costas.

Nos viramos para as paredes douradas por onde tínhamos passado, sólidas há um instante, mas agora abertas, permitindo a passagem de centenas de metrionas com suas armas, uma muralha de aurium líquido tentando nos afogar.

Os fageines voaram sobre as criaturas douradas, escudos pálidos bloqueando os projéteis. Seus corpos se moldaram em placas cheias de espículas que atravessavam o exoesqueleto dos metrionas e os arremessavam nas paredes.

– Eles vão segurar os guardas! – Korrok gritou e gesticulou para que o seguíssemos, mas, antes que pudéssemos avançar, uma parede mais próxima se rompeu e os projéteis criaram uma chuva de fagulhas ao redor das nossas cabeças. Disparamos de volta, mas mais e mais metrionas surgiam da escuridão.

A boca de uma arma se apontou para o meu peito e meus pés fizeram menção de fugir, mas, antes, Korrok avançou e desferiu um golpe no inimigo, desestabilizando-o o suficiente para tomar sua arma. O vorrampe disparou contra a armadura de aurium do metriona, tomou seu corpo e o usou de escudo para nos proteger, mas aquilo não funcionaria por muito tempo.

– CORRAM! – Korrok rugiu e todos imediatamente obedeceram.

Doxy e os demais fugiram pelo corredor, mas os passos dela pararam ao perceber que eu não os estava seguindo. Seus olhos se cravaram em mim e, abaixo dos gritos e disparos, eu confessei:

– Não podemos fugir para sempre.

Nem dos inimigos, nem dos nossos erros.

Tirei do bolso um dos cartuchos de energia e senti o peso do frasco nas minhas mãos, seu poder, sua capacidade intrínseca de criação e destruição... E então o arremessei para os metrionas com todas as minhas forças.

O cartucho se chocou na parede e se partiu em uma chuva de cacos brilhantes que libertaram uma esfera branca de energia. Ela cresceu como supernova, engolindo todos os metrionas em um tsunami de fogo que derreteu suas armaduras e iluminando o palácio na minha direção. Eu já tinha perdido as contas de quantas vezes olhei para as minhas mãos e não soube como elas ainda conseguiam se fechar ao redor do gatilho de armas, das gargantas de inimigos e das cordas que amarrei para pendurar meu pescoço... Tinha perdido as contas de quantas vezes não pulei quando devia... E, dessa vez, meus pés decidiram não fugir.

Minhas pálpebras se fecharam e a pele se preparou para o fogo, mas, antes que a explosão me alcançasse, fui puxado por Doxy para trás de uma parede.

Caímos atrás do aurium da esquina e vimos a onda de luz e calor avançar sobre onde eu estava segundos atrás, por pouco não me reduzido a pó. Quando pisquei, ela já tinha se dissipado. E Doxy socou meu ombro.

– Queremos você vivo no final dessa guerra!

E então ela correu na direção do grupo sem que eu tivesse a chance dizer o quanto eu estava tentando... Há tempo demais.

Com os resquícios das minhas forças, eu a segui.

Nos unimos aos vorrampes e fageines restantes, cheios de restos de aurium dentro dos seus corpos leitosos para que não nos esquecêssemos do que eles eram capazes de fazer. Seguimos pelos corredores vazio até um dos salões principais do palácio, onde ficava a mesa em que um dia conversamos com o metriona e fomos prometidos uma vitória que nunca chegou.

Endossimbiose | Versão Em PortuguêsWaar verhalen tot leven komen. Ontdek het nu