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Eu não me lembro de muita coisa, mas sim de ser mandado para a diretoria. 

Ok, eu não cometi um crime ou algo do tipo, só precisava responder às mensagens da minha prima, Joalin, que vai ficar na minha casa por alguns dias. Nós temos uma relação ótima e a considero minha irmã, só temos mães diferentes. Ela estava fazendo intercâmbio e a casa de minha tia está em reforma, então eu ofereci a minha. 

E, graças a ela, estou esperando a diretora me dar uma advertência estúpida. Eu já sei que o uso do telefone é proibido, mas ainda assim ela vai me dizer coisas inúteis sobre obediência e respeito aos professores. Reviro os olhos só de pensar. 

A porta se abre, e eu espero que seja a senhora Dellmey, mas não é. 

— Oi! 

É Noah. Que surpresa, não é? Parece que está me perseguindo mas, tecnicamente, eu não deveria estar aqui, e sim em uma aula qualquer. 

— Oi, Noah. 

— O que está fazendo aqui? Eu pensei que você fosse o cara que nunca quebra as regras. — Pensando bem, a minha vontade agora é de quebrar a sua cara. Dou um sorriso forçado, me controlando. 

— E eu sou, mas é uma história complicada, não se preocupe. — Não é nada complicada, mas eu estou com preguiça de explicar. — E você, o que fez agora?

— Tive uma emergência e perdi duas aulas. E, para sua informação, eu não venho para cá com frequência, tenho uma ficha limpa — arqueio uma sobrancelha. — É sério! Eu consigo ser o cara bonzinho quando quero. 

— Eu não consigo acreditar. 

— Então, me deixe te provar, Josh. — Noah estende uma de suas mãos para mim e dá um sorriso amigável, mas eu estou o encarando como se ele fosse louco. Talvez seja. 

Aperto sua mão, como se estivéssemos fazendo um acordo. Eu não quero parecer mal educado, mas ainda é estranho. Ele é estranho. 

Esse não é o Noah Urrea que eu conheço. Bem, eu não o conheço, mas não é esse o estilo de ser humano que eu ouvi falar pelos corredores do colégio ou analisei enquanto ele passava ao meu lado. Esse Noah Urrea, em minha frente, com um belo sorriso e senso de humor, é um rapaz desconhecido.

Retribuo o sorriso, sem saber o que fazer para sairmos desse silêncio. Eu espero que Noah diga alguma coisa, qualquer coisa, para eu me sentir menos desconfortável. Mas ele permanece quieto e sorridente. 

Eu não sei que tipo de coisa está acontecendo aqui, mas, observando melhor, Noah não parece tão chato assim. Na verdade, ele parece um adolescente normal do ensino médio, sem todas as minhas avaliações sobre sua personalidade.

Ainda estamos com as mãos unidas e Noah me observa, como se estivesse decorando o meu rosto detalhadamente. Isso me assusta um pouco, mas é bom ao mesmo tempo, porque me dá a oportunidade de ver seus olhos. São muito bonitos. 

Em que estou pensando? Separo nossas mãos e ele pisca, repetidas vezes. 

— Nos juntaremos amanhã para fazer o trabalho, né?

— Sim. Eu vou te mandar o endereço da minha casa por mensagem. — dou um sorriso fraco. Noah abre a boca para responder, mas a porta se abre novamente. Agora, sim, é a senhora Dellmey. 

— Bom dia, meninos. Imagino que saibam porque estão aqui. 

E lá vamos nós.    

Prince | NoshWhere stories live. Discover now