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Eu não me lembro de muita coisa, mas sim de abrir a porta de casa e encontrar minha irmã deitada no sofá, com um pote de sorvete em mãos, olhos marejados e assistindo algo na televisão. Provavelmente é uma comédia romântica outra vez, ela ama esse tipo de filme. 

— Você não acha que está meio cedo para acabar com todo o sorvete da casa? — É nesse momento em que Sina percebe minha existência e joga-me uma almofada. 

— Não me incomode, Joshua. Eu estou triste e carente hoje. 

— Por que, irmãzinha?  Você não viu sua namorada? — eu me sento ao seu lado no sofá e ela arregala os olhos. Não consigo evitar e começo a rir. — Era brincadeira, Sina, a Heyoon ainda te ama. Vocês duas se viram semana passada, seja menos dramática. 

— Quem começou a falar da Heyoon? Eu não disse nada, você está inventando coisas.

— Sina, eu sou seu irmão, eu te conheço e sei quando você se apaixona. 

— Não vamos falar de mim — ela pega o controle da televisão e desliga-a. — Como foram as aulas hoje?

Penso bem antes de responder a essa pergunta. Boas? Ruins? Foram praticamente iguais a todos os outros dias. 

— Interessantes, eu acho. Me atrevi e fiz uma aventura. 

— Sério? O que você fez? Nada perigoso, né? 

— Fica tranquila. Conhece o Noah? — ela arqueia uma sobrancelha. 

— Noah Urrea? Sim, já ouvi falar. O que houve com ele?

— Eu falei com ele — Sina levanta do sofá rapidamente e pula e comemora. 

— Finalmente! Sempre soube que você gostava do Noah.

Quê?

— Quê? — praticamente grito, fazendo minha irmã parar de pular. — Eu não gosto dele. 

Admito que Noah é bonito, mas nada mais. Eu nunca gostaria dele, nós não combinamos. 

Também nunca tivemos uma conversa longa, mas Noah parece um adolescente padrão de filme; popular, se acha superior, arrogante e tem todos aos seus pés. E ele nem ao menos sabe meu nome. 

— É claro que não. — ela diz, sarcástica, e reviro os olhos. — Se não gosta dele, por que conversaram? Que eu saiba, vocês não são amigos.

— Você tem razão, mas eu ouvi Noah dizer que está mal em química e quis ajudar — Sina sorri. — E deu errado, ele não quis. — ela desfaz o sorriso. 

— Não acredito que ele perdeu a oportunidade de aprovar na matéria e de conseguir um namorado.

— Não importa. E, além disso, acho que ele é hétero. 

— Você dizia a mesma coisa sobre si dois anos atrás e sempre foi gay. 

Ok, é verdade. Mas uma coisa não tem a ver com a outra. 

Mas por que estamos falando sobre Noah? Já passou, eu tentei e não deu certo, é um tema encerrado, não tem importância. 

— Se você não se importa, eu tenho um trabalho para organizar e você precisa levantar desse sofá e fazer alguma coisa útil. — me levanto do sofá.

— Ei! Assistir filmes de romance é uma coisa útil. Você vai entender quando se apaixonar. 

— Então, você admite que eu tenho razão e está apaixonada? —me afasto de Sina o mais rápido possível porque, como eu imaginava, ela se levanta do sofá e começa a correr atrás de mim.

Momentos como esse me lembram de nossa infância, quando eu roubava chocolates de Sina e ela se irritava tanto que corria atrás de mim. Eram motivos estúpidos e pequenos, eu sei, mas creio que qualquer momento com Sina se tornava importante. Porque eu a amo muito.

Prince | NoshWhere stories live. Discover now