18 - butterfly

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Obs.: todo diálogo em destaque está em língua de sinais.

O relógio tocou. Não uma, não duas, mas doze vezes. Era meia-noite, talvez a pior meia-noite que Jungkook viveu em muito tempo.

Abriu os olhos, olhando para o teto. Estava acordado? Estava dormindo? Não sabia. Se levantou com cuidado, se sentando em sua cama. Ouviu um pequeno barulho, era completamente diferente dos carros, motos, e os sons cotidianos da cidade, afinal, fazia algum tempo que Jeon morava naquele prédio.

Sentia-se silencioso, sua mente falava, chorava, tentava gritar, mas ele impediu. Impediu cada som de sair de sua mente. Mexeu-se para o lado. O som novamente. Não era sua mente.

Demorou um pouco para que ele percebesse, quando colocou a mão por de baixo de sua blusa, lembrou-se do que usou no começo do dia anterior. Era o colar, o barulho se originava de suas correntes balançando em seu pescoço. Jimin havia o entregado há dezoito dias, mas somente no dia anterior teve a coragem para usá-lo. Agora, não sabia se seria capaz de olhá-lo por muito tempo.

Deitou-se novamente, ainda impedindo seus gritos de saírem. Mas as memórias eram fortes demais até mesmo para ele.

Olhou para o colar. Lembranças invadiam sua mente. Ele não conseguia impedi-las, não conseguia deixar de lembrar do dia em que o deixou para sempre. Então fechou seus olhos, deixando-as invadir sua mente por completo, e assim fizeram, o levando de volta para aquele dia, o último dia do ano de 2008, o dia em que Taeyong foi embora.

Lá estava ele de novo, em cima da pilha de livros da sua mãe. Dessa vez, seus olhos estavam vermelhos, o pequeno Jungkook havia passado a noite inteira chorando. Ele sabia o que estava prestes a acontecer.

"Toc toc" ouviu sua mãe bater na porta, virou-se, ela o olhou sorrindo, tentando acalmar sua expressão triste. Como viu que não fazia efeito, foi até ele, dando um abraço.

— Mãe...

— O que foi? Não venha me dizer que "foi tudo sua culpa" de novo. — brincou com ele, o menino deu uma pequena risada, mexendo em sua nuca, voltando a olhar triste para a janela.

— Não é isso. É que eu lembrei que o aniversário do Tae está chegando.

Ele tocou o colar por cima da sua camisa. Por acidente, quando fabricado, sua mãe esqueceu de mencionar para fazer em tamanhos pequenos e ajustáveis, então, o colar ficava grande no pequeno corpo do garoto, alcançando a metade de seu tronco.

— Como eu vou entregar o presente pra ele?

— Nós podemos enviar pelo correio, que tal?

— Você sabe pra onde eles vão se mudar? — ela suspirou, negando. — Eu queria entregar pessoalmente, mesmo que esteja adiantado. Mas eles não vão me deixar entrar, não é?

Apoiou seus braços na janela, apoiando sua cabeça deles, olhando tristemente para o quintal ao lado, onde algumas pessoas levavam caixas para dentro de um caminhão. A janela do quarto de Taeyong estava fechada.

— E se eu nunca mais ver ele? E se ele se esquecer de mim? — negou repetidas vezes, virando-se para sua mãe novamente. — Não, não dá! Eu preciso falar com ele, mãe!

— Filho, é muito perigoso. Não se lembra de tudo que os pais dele disseram ontem à noite? — olhou para a casa ao lado. — Eles não nos querem lá, Gguk. É por isso que estão se mudando, acreditam que isso vai proteger o Tae. — sua voz se enfureceu. — Mas eles não se importam com ele, nem um pouco. — voltou seu olhar para seu filho, ele estava mais uma vez encarando aquela janela.

YOUR MASK - jikookOnde as histórias ganham vida. Descobre agora