– Bom, se não for fazer nada... – disse ela.

– Nada sério. – ele disse, displicente, e a ajudou a colocar as coisas no carro.

No caminho a musica de fundo era baixinha e eles não conversavam exatamente: nada de duplo sentido, nem uma investidinha vinda dele que estava completamente sério. Ela mordeu o lábio hesitante quando pensou em perguntar o porquê daquilo.

Goku então encostou o carro frente ao portão dela e, como da outra vez, a ajudou a tirar as coisas do carro, e dessa vez foi Chichi quem foi mais radical: quando ele ia se virar para voltar ao carro, ela levou a mão ao maxilar dele segurando e ficando na ponta dos pés quando o beijou rapidamente e molhado ao mesmo tempo e chupou os lábios dele.

Goku tinha uma face de choque, de surpresa, de incredulidade boba e Chichi riu dele igual a uma estátua e disse:

– Boa noite Goku. até sábado à noite.

Ele moveu os lábios querendo falar, mas nenhum som saía, simplesmente, até que ela abriu o portão. Ele, perdido naquele sorrisinho dela de quem conseguira o tirar do sério. E com aquilo ela conseguiu cutucar o lado animal dele novamente, porque ele se viu literalmente querendo agarrá-la bem ali, no portão e a beijar como um louco.

– Sério? Por que você é tão ruim? – ele disse com uma cara de cachorro que caiu da mudança.

– É pra ter tempero! -ela respondeu piscando e fechou o portão.

Ele agarrou os próprios cabelos e puxou-os, gritando um grito silencioso.

– Essa mulher quer me enlouquecer, é isso? – Ele bradou consigo mesmo já dentro do carro voltando.

"Vai, supera seu, trouxa! fala de novo que eu quero ouvir!" a consciência gritou.

Ele olhou para o celular que estava no porta moedas do carro. Ia ligar e tirar aquilo a limpo, ele ia perguntar qual o problema dela. mais respirou.

– Deixa isso pra lá. uma amizade colorida a essa altura não!

(...)

Eles estavam numa mesa fechada e pediram alguns combos mais leves de bebida. Goku parecia mais solto do que estava. Ele decidira, depois de muito se autoanalisar sinceramente, que ia deixar aquilo rolar. Não faria a menor diferença ele ir contra ou a favor, era como se ele estivesse sendo tragado num redemoinho de desespero no qual ele nunca estivera. A única coisa que transbordava era vontade, e para matar à vontade, ia só dando corda. Ou uma hora acontecia, ou ele ia pra um hospício de vez por isso.

Ali eles puxaram assuntos sobre a noite e riam e soltavam-se.

– Vocês ainda têm apresentação? – perguntou Goku para Chichi enquanto tomava uma caipiroska de tangerina com pimenta que fora indicada por ela.

– Imagina! – Chichi disse sorrindo e levou mais uma gole da sua caipiroska de caju com limão – Só amanhã, temos duas: uma começa as sete e a outra as onde da noite.

– Cama então, nem pensar né? – ele sorriu e ela assentiu.

– Também na segunda-feira eu sou um zumbi, com direito a ficar descabelada e com olheiras profundas.

– Aposto que vai ser a noiva cadáver mais gata! – ele piscou para ela, que gargalhou.

– Olha, me definiu muito bem!

Mais duas doses e eles estavam no palco se preparando para tocar. Seguindo a listagem de Chichi, Goku em frente ao público derramou carisma, agitando-os. Por ser um palco mais profissional, havia uma ótima iluminação e uma acústica muito boa. A primeira musica foi muito agitada, e foi impossível o publico não suar a camisa. Tinham uma resposta muito boa. Então, veio uma um pouco menos agitada e, antes de cantar, Goku falou:

Meu eu em vocêWhere stories live. Discover now