Capítulo 3

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Ele estava encostado na barraquinha de cachorro-quente, que ficava perto de casa, quando o celular tocou com uma nova chamada. Tirou o aparelho do bolso vendo mais uma ligação mal-educada de Yajirobe. Estava a semana toda em uma grande expectativa desde que conseguira colocar as mãos na lista com o nome das bandas que tocaram naquela noite.

– Eu não consegui achar nada dessa droga de banda, sério. "No grau". Que nome estúpido é esse? – a voz rouca e irritada dele demonstrava toda a sua impaciência diante da "missão" dada por Goku.

Goku, ao ouvir aquilo revirou os olhos e bufou. Era sempre o mesmo melodrama e preguiça.

– Você fala com todo mundo! Como não consegue achar uma bandinha boba? – ralhou com desdém.

– Você é muito abusado! – Yajirobe demonstrou ainda mais irritação – eu não faço favores assim não, ou seu sem noção! Tô gastando crédito do celular e sola de chinelo por sua culpa!

Agora foi a vez de Goku ser dramático. Frustrou-se, e, com isso, o maxilar tensionado fechou-se enquanto encarava o seu cachorro-quente.

– Olha, deixa isso pra lá – continuou Yajirobe – não tá fácil achar, já pensou se ela nem é da banda e só tava quebrando um galho? Esquece isso. – houve alguns segundos de silêncio – Ahhh eu consegui uma apresentação pra sábado à noite, no Esfera Clube, parece que uma das atrações teve que cancelar, mas já adianto que vai ser noite longa, sem direito a ticket, mas o cachê é melhorzinho do que os pão-duros de sempre nos pagam. – o silêncio do outro lado foi a resposta mais uma vez – tá me ouvindo imbecil?

– Tô! – respondeu Goku com a boca cheia, e nada concentrado, porque simplesmente seu foco era a tal garota do bar.

– Que cê tá fazendo? – perguntou indiscreto ao ouvir os sons do outro lado.

– To almoçando, oras! – respondeu dando de ombros. Ainda pensava no que deveria fazer diante da encruzilhada que Chichi causara em sua vida.

– Conhecendo você, deve ser mais uma porcaria – disse, então Goku afastou o cachorro-quente o olhando e respondeu:

– Bom, tem grãos, tem carboidrato, laticínio, proteína... É uma refeição! – ele concluiu o próprio raciocínio voltando a morder o mesmo. – Mas fala sério, você podia conseguir o contato do carinha da banda e saber dela.

– E perguntar o que, sem parecer um maníaco? Se bem que você parece um maníaco agora. Sério Goku, SUPERA! Cata alguma gostosa por aí e já é. Agora vou ali. – disse o garoto desligando a chamada.

Goku ainda olhou para o celular alguns segundos como se estivesse digerindo a fala dele, para logo em seguida balançar a cabeça. Talvez todos estivessem com razão e ele estivesse dando bola demais para algo que não rolara e nem ia rolar. Passou.

Ele nunca ficara assim por garota alguma. Nunca curtira relacionamentos, e tinha certeza que amava sua vida solteira. Era um cara e estava para as baladas, então o que ele queria indo atrás dela? Era um esforço todo em troca de que? Um beijo? Uma transa? E depois?

Era uma obsessão por causa de um fora! Era ego masculino ferido e ele tinha certeza que, definitivamente, todos os amigos tinham razão.

(...)

– Humm, mais é quinta-feira! – disse meio emburrado o senhor Cutelo, pai Chichi, ao ver a garota usando uma blusa coladinha de manga longa e gola alta, uma saia curta de couro, tudo preto em tonalidades diferentes além do sapato de salto alto. Ela havia cacheado as pontas dos cabelos e estava com uma maquiagem muito marcada com a boca vermelha. – onde vai dessa forma? Tem apresentação hoje, é?

Meu eu em vocêWhere stories live. Discover now