23. Batatinhas, as quentinhas

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Clicou no título em uma espécie de desafio a si. Já tinha ouvido falar sobre a série e, se a memória não falhava, Jungkook chegou a dizer que gostava. E Jimin andava gostando das coisas que ele gostava. Um pouco intimidado com uma responsabilidade que parecia grande demais para ele, afundou no sofá com o cereal em mãos.

Tinha medo tanto de amar quanto de odiar. E, com um suspiro, percebeu que tinha medo de sentir. Deu o play.

Como se fosse ensaiado, Taehyung apareceu na sala logo quando os créditos do primeiro episódio rolavam pela tela e encontrou Jimin chorando copiosamente, agarrado à tigela de cereal vazia. Encarou a tela, esperando encontrar algum filme melodramático, especificamente Marley & Eu, porque achava mais provável ver Jimin chorando por causa de bicho do que por humano, mas leu o título e estranhou ainda mais.

— Bom dia, bro... — Sentou-se ao lado de Jimin, ainda tentando lembrar se Sherlock era algo tão emocionante. Não que tivesse assistido, raramente tinha tempo para assistir um filme; a faculdade, o trabalho, os eventos de caridades e idas às pistas de skates ocupavam quase todo seu tempo. Não cabia uma série ali. Nem choro, nem pausas para se preocupar com o rumo da vida. — Chorando a essa hora da manhã?

— Ah... — Jimin, imerso naquela gama de sentimentos pouco familiares, aqueles que nunca deixava virem à superfície, enxugou os olhos, confuso com a aproximação de Taehyung. — Desculpa...

— Não desculpo de jeito nenhum! — Taehyung riu, puxando ele para um abraço. — Tá contra as regras da casa chorar, não vai rolar. Deu mole demais.

— A gente tem regras da casa? — A voz de Jimin era fraca. Taehyung gargalhou mais ainda.

— Não. — O tom era de obviedade. — Quer dizer que é pra chorar, sim, bro.

Jimin assentiu letárgico, perdido em pensamentos. Taehyung decidiu dar um tempo de recuperação a ele e foi até a geladeira pegar algo para comer. Como Jimin tinha matado o cereal, fez um misto. Tinham que passar no mercado.

Como forma de se recuperar do choro, Jimin foi tomar banho, fazendo Taehyung mudar os planos e ir se arrumar até poder usar o banheiro para escovar os dentes. Vestiu roupas um pouco mais sóbrias do que as de skatista, mas nada demais, e preparou um lanche, dando exatamente o tempo para que o banheiro vagasse.

— Vai para o... asilo? — Jimin perguntou timidamente ao vê-lo arrumado. Deveria ao menos saber os lugares que o amigo frequentava, certo? — Suas provas terminaram?

— Hoje não, vou prum outro evento de caridade. — Taehyung sorriu e deu um suspiro aliviado ao pensar que as provas terminaram, assentindo para a pergunta de Jimin. Pausou os afazeres por um momento, reflexivo e levemente nervoso. — Quer... ir?

O convite pegou não só Taehyung, mas também Jimin de surpresa. Ele estava pouco acostumado a ser convidado para qualquer tipo de lugar, imagine um evento de caridade. E ficou confuso, porque não sabia o que esperar. E com medo, muito.

Ao notar o próprio nervosismo, Jimin decidiu que precisava ir. Precisava enfrentar aquele incômodo. Enfrentar todos aqueles sentimentos assustadores, sem fugir. Contudo, sua expressão ao aceitar demonstrava tanto choque quanto a de Taehyung ao ver que ele aceitou.

Após analisar brevemente como Taehyung tinha se arrumado, foi se vestir de forma similar enquanto o enfermeiro incrementava o lanche para que tivesse uma porção para Jimin. Parte de Taehyung consumia-se em felicidade, mesmo, pelo interesse de Jimin em ajudar.

Logo Jimin, que sempre achou aquilo inútil. Porém, inevitavelmente, começou a ficar preocupado... Jimin saberia tratar os outros bem? Afinal, eram pessoas fragilizadas. Saberia lidar com elas da forma certa?

Empresário • jikookWhere stories live. Discover now